O Congresso dos Deputados tem admitido a trâmite este 21 de novembro uma proposição de lei do PSOE que procura reforçar os direitos dos consumidores em matéria energética.
A norma obriga às empresas comercializadoras de electricidade e gás a incluir em suas páginas site, contratos, facturas e informação clara sobre entidades de resolução alternativa de litigios (ADR), uma ferramenta essencial para resolver conflitos de forma ágil e económica.
Qual é o objectivo
A deputada socialista Emilia Almodóvar Sánchez, defensora da iniciativa, explicou que o objectivo é harmonizar a informação que as comercializadoras devem proporcionar sobre as ADR, entidades que oferecem uma alternativa ao sistema judicial para resolver reclamações. "Os consumidores devem saber que podem ir a um lugar diferente ao judicial quando têm problemas com suas facturas, contratos ou fornecimentos", assinalou.
Ainda que as elétricas já estão obrigadas a oferecer a seus clientes a possibilidade de recorrer a estas entidades, as ADR são amplamente desconhecidas pela cidadania. A proposta procura dar visibilidade a este recurso, conceituado crucial em casos de baixo custo ou que requerem solução rápida.
Amplo apoio, mas com divisões
A proposição de lei recebeu o respaldo da maioria do hemiciclo, incluindo Somar, BNG e PNV. No entanto, o PP absteve-se e Vox votou na contramão. Desde Somar, Félix Alonso destacou que o uso das ADR em outros âmbitos, como o trabalhista, tem demonstrado sua eficácia, e sublinhou que sua implementação no sector energético "aliviará o ónus dos tribunais".
O PNV, representado por Idoia Sagastizabal, recordou que a proposta coincide com recomendações da Comissão Nacional dos Mercados e a Concorrência (CNMC) emitidas em 2022. Por sua vez, Junts adiantou que apresentará uma emenda de totalidade por considerar que a lei poderia invadir concorrências autonómicas.
Críticas de Vox e Pg
Desde Vox, Tomás Fernández Rios qualificou a proposta como uma "nimiedad" que o PSOE utiliza para aparentar actividade legislativa. Segundo ele, o texto, de mal "folio e meio", não contribui avanços significativos.
Por sua vez, o deputado do PP Guillermo Marechal questionou que se tenha optado por uma proposição de lei em lugar de incluir a medida em iniciativas legislativas já em curso. Apesar destas críticas, Marechal coincidiu na necessidade de ampliar os mecanismos de resolução de conflitos no sector.
Mudanças legais no horizonte
A iniciativa do PSOE propõe reformar a Lei 24/2013 do Sector Elétrico e a Lei 34/1998 do Sector de Hidrocarburos para detalhar que a informação sobre resolução de litigios deve estar disponível em páginas site, contratos e facturas. Ademais, as comercializadoras terão que identificar claramente às ADR, proporcionando seus dados de contacto e página site, e garantir que sua resolução seja vinculante tanto para a empresa como para o consumidor.
O prazo estabelecido para que as empresas implementem estas mudanças é de três meses desde a aprovação da lei. Com esta medida, o PSOE espera melhorar o acesso dos consumidores a mecanismos justos e económicos de resolução de conflitos, fomentando a transparência e a confiança no sector energético.