É um facto que os aplicativos móveis e os sistemas operativos recopilam uma grande quantidade de dados sobre os hábitos, as preferências e a localização dos utentes. Esta informação costuma-se utilizar para personalizar a publicidade, melhorar os serviços e analisar o comportamento dos consumidores. O mesmo ocorre com os assistentes virtuais como Alexa ou Google Assistant, desenhados para escutar as ordens que se lhes dão, o que pode gerar a sensação de que sempre estão a escutar.
Agora, esta tendência poderia chegar ao sector dos automóveis. Segundo tem informado Malwarebytes, o fabricante Ford Motor Company tem apresentado uma solicitação de patente para desenvolver um sistema capaz de oferecer anúncios no interior do veículo baseando na informação que tenha recopilado durante as conversas. Isto é que, enquanto está ao volante, ao condutor saltar-lhe-iam anúncios personalizados.
Detectar as conversas
O sistema poderia determinar as preferências do utente a partir das predições de rota ou os sinais de audio registadas dentro do veículo. De facto, segundo o citado meio, o responsável pelo tratamento desses dados poderia chegar a monitorar os diálogos para detectar quando os passageiros estão a manter uma conversa. Ademais, em ditas conversas poder-se-iam procurar palavras ou frases finque.
"Basicamente, o carro que conduzes não só espiaría tua forma de conduzir, tua localização atual e futura e as rotas que solicitas, sina que também te espiaría a escondidas. E não esqueçamos os envolvimentos de segurança que tem a visualização de anúncios enquanto conduzes", expõe, tajante, Pieter Arntz, que é o autor do artigo.
Uma medida perigosa
Com tudo, já têm surgido algumas vozes críticas contra este tipo de práticas. Por exemplo, vários senadores estadounidenses têm pedido à Comissão Federal de Comércio (FTC) que pesquise as políticas de privacidade dos fabricantes de carros.
Neste sentido, faz só uns meses a empresa de ciberseguridad ESET alertava de que o desenvolvimento de sistemas "conectados" dentro dos carros possibilita que toda a informação que se regista no interior dos veículos seja potencialmente acessível a terceiros não desejados. Por isso, é de esperar que, no futuro, esta informação se converta em objectivo dos hackers.
Cuidado com Tesla
Há companhias que respeitam mais a privacidade dos utentes e outras que o fazem menos. Assim, um relatório da Fundação Mozilla que analisou as políticas de privacidade de veículos de 25 marcas descobriu que Dacia e Renault eram os que menos espiaban, enquanto Tesla se erigía como a empresa que mais informação recopilava. E não só isso: Elon Musk ter-se-ia proposto, segundo publicaram médios americanos, utilizar as câmaras de Tesla para vigiar e controlar aos condutores.
"Tesla, provavelmente o maior expoente dos veículos inteligentes, converteu-se também na marca que propõe um maior risco para a privacidade de seus utentes, e no sinal mais claro do imprescindíveis que resultam já, neste ponto da história, fortes regulações ao respeito, que permitam que os utentes se possam beneficiar das vantagens reais que proporcionam algumas destas funções sem que isso se traduza em ter que permitir que sua privacidade seja sistematicamente pisoteada pelos fabricantes", indica MuyComputer.