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Por que os espanhóis se resistem a pagar com o móvel, segundo os experientes

Um 60% dos cidadãos ainda utiliza o efectivo como principal método de pagamento

Teo Camino

Una consumidora realiza un pago con el móvil PEXELS

Os espanhóis resistem-se a pagar com o móvel. Esta é a principal conclusão à que tem chegado o Banco de Espanha num estudo recente onde estabelece que o dinheiro em numerário segue sendo o principal meio de pagamento para um 60% dos espanhóis.

Em termos de uso do pagamento digital, "há muita diferença entre os países nórdicos (em Suécia, o uso de efectivo está por embaixo do 10%, segundo uma encuesta de Riksbank) e Canadá, Espanha e inclusive Estados Unidos, onde não tem plataformas como Bizum", explica Elisabet Ruiz Dotras, professora dos Estudos de Economia e Empresa da Universitat Oberta de Cataluña (UOC). Mas por que os espanhóis se resistem a pagar com o móvel?

Por que os espanhóis se resistem a pagar com o móvel

Ainda que a pandemia disparou o uso do pagamento digital pela recomendação de evitar o dinheiro em numerário, as moedas e os bilhetes têm voltado a ganhar terreno. Ademais, a experiente mantém que Espanha não mudará ao pagamento digital até que se crê o euro digital, algo que sucederá em longo prazo.

Uma pessoa saca dinheiro em numerário para pagar / PEXELS

"A facilidade que supõe pagar com cartão ou móvel faz que seja mais difícil ser consciente da quantidade de dinheiro que gastamos. A conduta de pagar virtualmente é automática, quase instintiva, e isto pode ser um factor de risco importante para acabar fazendo compras compulsivas, que são um excelente ansiolítico", explica Enric Costumar, professor colaborador dos Estudos de Psicologia e Ciências da Educação da UOC.

A idade marca a forma de pagamento

Ainda que 6 em cada 10 espanhóis optam por pagar em numerário, as cifras variam, e muito, em função do perfil do pagador. Para 76% dos maiores de 65 anos, é o meio de pagamento habitual; em mudança, esta cifra desce até o 36% entre os jovens de 25 a 34 anos. "Agora bem, quando o custo a pagar é elevado, a gente maior sim opta pelo cartão", especifica a professora da UOC.

Uma pessoa paga com seu relógio / PEXELS

Também o nível de estudos determina como se paga: o 74% dos espanhóis com estudos de primária utiliza de forma predominante o efectivo e esta percentagem baixa até o 44% no caso das pessoas com estudos superiores. "Os que têm um nível de estudos mais baixo optam por bilhetes e moedas por desconfiança das novas tecnologias", explica Ruiz Dotras.

Gasta-se mais pagando com cartão ou com o móvel?

Em mudança, quando pagamos em numerário "tomamos muita mais consciência do dinheiro gastado porque o tocamos, o contamos e vemos como se vai das mãos", aponta Costumar. Neste sentido, o especialista propõe realizar um experimento: pagar todo digitalmente durante um mês e depois pagar todo com moedas e bilhetes ao mês seguinte. "Qual dos dois meses vamos gastar mais?", pergunta-se.

Ruiz Dotras também aponta que ocorre exactamente o mesmo quando se faz a compra on-line, por exemplo, num supermercado. "Não só não recordamos o custo exacto que gastamos, também não sabemos a quantidade de coisas que acrescentamos à lista".

As vantagens do pagamento digital

Agora bem, o pagamento digital também tem vantagens com respeito ao físico, pois todas as compras ficam registadas.

"Se pagamos com bilhetes e moedas, a não ser que guardemos todos os tickets, não sabemos a quantidade que gastamos durante um mês. Em mudança, se pagamos digitalmente, sim. E, ademais, vemos em que temos gastado o dinheiro na cada âmbito" , afirma a professora dos Estudos de Economia e Empresa da UOC.