Um filho em apuros. Uma mensagem alarmante. Sensação de urgência, preocupação ou inclusive ansiedade. Esses são os pilares sobre os que se sustenta o engano do falso filho em apuros, um tipo de ciberestafa que, por desgraça, a cada vez é mais comum. Por isso, a Polícia tem voltado a recordar em sua conta de X (dantes Twitter) que, se uma pessoa recebe uma mensagem estranha (que pode chegar por WhatsApp ou directamente por SMS ) no que alguém que diz ser seu filho lhe solicita que guarde seu número para falar, o melhor é não responder.
Este tipo de mensagens converteram-se em habituais. Os estafadores costumam recorrer a armadilhas um tanto burdas, mas muita gente morde o anzol. Quanto à estrutura, muitos estafadores começam sua mensagem com a frase "Olá mamãe" ou "Olá papai". A seguir, indicam que seu móvel está rompido ou que tem sido roubado, e asseguram que o novo, desde o que falam, é temporário. Por último, pedem aos destinatários que lhes enviem um WhatsApp.
As técnicas dos estafadores
Se os receptores da mensagem (isto é, o pai ou a mãe que o receberam) respondem, têm muitas mais probabilidades de se converter em vítimas. E é que, uma vez decididos a falar com a pessoa que crêem erroneamente que é seu filho, o estafador que realmente está por trás desse número porá toda a carne no asador para tentar lhes convencer de que precisa dinheiro. Os argumentos são variados, mas sempre se trata de um problema sobrevindo e apremiante.
Com frequência, estes estafadores conseguem ganhar-se a confiança das vítimas, às que enviam um número de conta bancária ou de Bizum . Para assegurar-se de que não há erros, os criminosos dão instruções claras e específicas que facilitam a transferência imediata de fundos. Trata-se, afinal de contas, de engenharia social, já que os delinquentes estudam previamente o perfil das potenciais vítimas (que sempre têm um filho que nesse momento não reside com seus pais) e as manipulam. Para isso, muitas vezes estudam a fundo as redes sociais dos afectados.
Mais de 850.000 euros
No final de abril, a Policia civil informou da detenção de 102 pessoas em diferentes províncias de Espanha que praticavam este tipo de fraude. Ao todo, aos detentos atribui-se-lhes a fraude a mais de 850.000 euros a 238 vítimas, que teriam realizado transferências dentre 800 e os 55.000 euros.
Em sua investigação, a Policia civil localizou mais de 500 contas bancárias de diferentes entidades utilizadas pelos estafadores para transferir o dinheiro. As primeiras denúncias, explicou a entidade, apresentaram-se no final de 2022 na província de Alicante. Nelas, as vítimas relatavam que os autores tinham conseguido lhes defraudar grandes quantidades de dinheiro se fazendo passar por algum familiar que dizia precisar dinheiro de forma imediata.
Organização da fraude
Não é a primeira vez que as autoridades actuam contra este tipo de fraudes e conseguem desarticular uma banda. Já em janeiro, a Polícia informou da detenção de um grupo de estafadores que também praticava a fraude do filho em apuros.
"Dentro da organização tinha uma estrutura bem definida, contando com integrantes que se dedicavam a analisar as redes sociais dos possíveis filhos das vítimas. Quando encontravam a jovens que se encontravam fora de sua localidade de residência, geralmente por estar cursando estudos fora de Espanha, obtinham todos os dados possíveis para fazer mais creíble a conversa que teriam com eles com o propósito de levar a cabo a fraude", explicou então o corpo.
Como evitar a fraude
A Polícia Nacional tem recalcado que, para combater este tipo de delitos, a atitude dos cidadãos é chave. Por isso, lume a extremar a precaução. E, se uma potencial vítima recebe um destas mensagens, aconselha tentar contactar com o filho por outra via que não seja WhatsApp. Se não é possível, a Polícia recomenda perguntar a algum familiar ou amigo.
Assim mesmo, também convém suspeitar da ortografia ou das expressões da pessoa que escreve. "Em caso de ter sido vítima da fraude, ir às dependências da Polícia Nacional ou chamar ao 091", indicam os agentes.