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Perde 4.585 euros depois de cancelar involuntariamente uma viagem com a Lufthansa

Um erro no síte da companhia aérea alemã fez com que o passageiro carregasse num botão que anulou a sua reserva, mas a empresa não se mostrou sensível ao acidente.

Um avião da Lufthansa / EFE - RONALD WITTEK
Um avião da Lufthansa / EFE - RONALD WITTEK

A história é longa e complicada, mas bastou um clique num botão para que tudo se desmoronasse irremediavelmente. Rodrigo Andrade, a sua esposa e o seu filho de 9 anos tinham planeado meticulosamente cada detalhe. As reservas dos hotéis em Tóquio, Quioto e Osaka, entre 20 de julho e 6 de agosto, estavam confirmadas. Desde 8 de maio, Andrade tinha adquirido três bilhetes de avião com a Lufthansa por um total de 4.585,37 euros. Tudo estava preparado. A antecipação de explorar o destino asiático levou Andrade a assegurar-se de que não ficava nenhum detalhe sem resolver.

"Duas semanas depois, a 22 de maio, decidi procurar informação sobre possíveis custos de cancelamento por precaução. Ao tentar aceder aos detalhes da reserva, o site mostrava erros e funcionava lentamente. Carregei no botão de cancelar para obter a informação, e recebi de imediato um email da companhia aérea notificando que a reserva tinha sido cancelada". Assim, a família perdeu a sua viagem.

A insensibilidade da Lufthansa face ao acidente

Um suor frio e um nervosismo assalador invadiu Rodrigo nesse instante, enquanto ainda processava o que acabava de ocorrer. Levou a mão à cabeça, removendo o seu cabelo, e rapidamente pôs-se em contacto com o serviço de atendimento ao cliente da Lufthansa para tentar reverter o cancelamento. No entanto, a companhia aérea alemã mostrou-se insensível face ao acidente e informou-lhe de que os bilhetes apareciam como cancelados no seu sistema, pelo que não era possível recuperá-los.

La página de Lufthansa cuando le dio error a Andrade CEDIDA
O site da Lufthansa quando deu um erro a Andrade / CEDIDA

Face a esta negativa, o prejudicado iniciou um intercâmbio de mails com a Lufthansa, enviando provas de que o erro se tinha originado no seu site e solicitando a reactivação dos seus bilhetes ou o reembolso completo do custo pago. Mas, nem os esforços nem as evidência apresentadas conseguiram minar a firmeza da Lufthansa, que só se ofereceu a fazer um reembolso parcial de 224,57 euros, correspondente às taxas aeroportuárias.

Uma reclamação à OCU

Com desespero, Andrade apresentou reclamações a vários organismos e associações de protecção do consumidor como o Ministério de Direitos Sociais, a Agência Catalã do Consumo e a OCU. No entanto, apesar de ter seguido todos os procedimentos recomendados, até à data, nenhuma destas acções conseguiu que a companhia aérea devolva o custo total ou restitua os bilhetes.

Un avión de Lufthansa Silas Stein EP
Um avião da Lufthansa / Silas Stein - EP
A 4 de junho de 2024, Lufthansa enviou uma comunicação definitiva ao cliente: "A nossa decisão foi tomada após uma avaliação cuidadosa da responsabilidade jurídica, juntamente com considerações de boa vontade. Pedimos-lhe que compreenda que optámos por defender a nossa decisão e considerar o caso encerrado. Caso pretenda recorrer a um sistema alternativo de resolução de litígios (ADR), queira notar que a Schlichtungsstelle Reise & Verkehr e.V. é competente para tratar da sua reclamação e que a Lufthansa está disposta a submeter-se a um procedimento ADR gerido por este organismo de arbitragem”, comunicou a companhia ao cliente.

 

Uma retenção desproporcionada

Face a tal situação, Rosana Pérez Gurrea, advogada e professora de Direito Civil na Universitat Oberta de Cataluña (UOC), recomenda ler as condições gerais que tem cada companhia para conhecer a política de cancelamento. "Neste sentido, há que ter em conta que, face a um cancelamento, a companhia aérea pode penalizar o cliente com 20% do preço no caso de voos nacionais ou 25% se se trata de um voo internacional", detalha.

A advogada declara que quando se trate de uma causa de força maior, sempre que se justifique devidamente, a companhia aérea está obrigada a devolver o total do custo do bilhete. "Aí está a questão, o cliente não pode justificar que se trata de uma causa maior. Isso sim, é uma injustiça já que a retenção total do custo pago é desproporcionada", realça Pérez, que recomenda a Andrade ir à arbitragem de consumo, apresentando todos os documentos disponíveis que evidenciem que o cancelamento se tratou de um erro involuntário.

A chave: evidenciar que foi um erro

Enquanto Andrade continua a sua luta face a perda de 4.585, 37 euros e da sua viagem ao Japão, a Lufthansa mostra-se inflexível. Não obstante, a Consumidor Global pôs-se em contacto com a companhia aérea para conhecer a sua postura oficial e as razões pelas quais recusa oferecer o custo completo dos bilhetes.

Un policía detrás de las puertas de salida del aeropuerto de Tokio, Japón Karl Josef Hildenbrand
Um polícia por trás das portas de saída do aeroporto de Tóquio, Japão / Karl Josef Hildenbrand - EP

Depois de várias tentativas, a companhia aérea conclui que "não há nada que indique que este cancelamento se tenha realizado de forma involuntária. Em caso de cancelamento involuntário, reembolsar-lhe-emos o custo íntegro. No entanto, podemos ver que o cliente solicitou um cancelamento voluntário, pelo que só se lhe reembolsaram os impostos e taxas não utilizados de acordo com as condições da tarifa. Se tem alguma prova de que isto foi involuntário e se deveu a um mau funcionamento do nosso site, aconselharia ao cliente que solicite o reembolso através do atendimento ao cliente". A esta resposta, Andrade é claro: “Tenho provas que demonstram que o cancelamento foi involuntário e ocorreu devido a um erro no vosso site.

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