Avatel é uma empresa de telecomunicações que se define como o quinto operador nacional de fibra e líder no sector local. Conta mais de 10 anos de história, ainda que ultimamente as coisas não lhe estão a ir muito bem: a companhia registou umas perdas netas de 26,35 milhões de euros em 2023, isto é, umas quatro vezes e meia mais (+354%) que os números vermelhos que contabilizou no exercício precedente.
A empresa, que neste ano executou um despedimento coletivo para 674 empregados, facturar 269,45 milhões de euros em 2023, o que supõe um 1,36% mais que os 265,81 milhões de euros que ingressou no curso anterior.
Telefonema de um comercial
O core de seu negócio são os planos de fibra e móvel, mas existe a possibilidade de que Avatel também tenha sacado tajada, em certas ocasiões, da venda de produtos físicos incluídos em promoções. Faz aproximadamente três semanas, Ana Laranjeira recebeu o telefonema de um comercial que dizia ser de Avatel.
"Não desconfiei porque era um garoto com acento francês. Faz uns meses Avatel comprou Telecable, que tinha sido minha companhia de sempre, e nesse momento me chamou alguém de Avatel para me dizer que nos iam mudar os cartões SIM dos móveis, e também tinha acento francês. Acto seguido chamei a Telecable para confirmá-lo e disseram-me que sim, que era correto", conta esta consumidora a este meio.
Descontos em produtos eletrónicos
Com este precedente em mente, Laranjeira atendeu este segundo telefonema. "Sabia meus dados. Ofereceu-me, por assinar uma permanência e pelo facto de ser 'boa cliente', descontos dentre um 20% e um 50% por compra-a de uma série de aparelhos eletrónicos: móveis, tablets, portáteis… Ao final lembrei compra-a de um portátil e ofereceu-me financiá-lo", relata.
O acordo contemplava o pagamento de uma primeira quota inicial de 200 euros, à que seguiriam 6 pagamentos menores durante 6 meses. O problema é que tudo se lembrou verbalmente, e Laranjeira não recebeu nenhum contrato no que as condições ficassem negro sobre alvo. "Ficou comigo de todas todas", lamenta: o comercial solicitou os números de seu cartão e realizou 4 cargos através de MoneyGram por valor total de uns 200 euros. Fazer várias vezes porque "dizia que o banco lhe recusava a transacção".
Sem dinheiro de volta
Quando Laranjeira se deu conta de que tinha gato encerrado, este comercial "alegou que se tinha equivocado e que retornar-me-iam o dinheiro". Por desgraça, até agora não tem sido assim, de modo que esta cliente tem reclamado a seu banco, também sem sucesso.
Contactou assim mesmo com Avatel e assegura que à trabalhadora de atenção ao cliente com a que falou "só lhe faltou me dizer boba. Dizia que quem ter-me-ia que resolver isto era Telecable, mas os de Telecable dizem que Avatel", expõe.
Telefone alocado
O suposto comercial de Avatel chamou a Laranjeira desde o telefone 613807512. Este telefone, tal e como reflete o buscador da CNCM, pertence actualmente ao operador XFera Móveis S.A, que é o nome da razão social de Yoigo. E parece pouco provável que um comercial de Telecable opere através de um móvel vinculado a outra teleco.
Por isso, tudo aponta a que Avatel não foi directamente responsável pelo telefonema. A origem da suposta fraude poderia estar numa filtragem de dados, um problema que tende a ocorrer com maior frequência quando duas entidades se fundem.
Importância da ciberseguridad
"Conquanto a importância da ciberseguridad nos processos de fusões e aquisições é amplamente reconhecida, as inumeráveis violações de dados de alto nível que rodeiam as fusões e aquisições deixam muito claro que a ciberseguridad passa por alto com frequência", argumentam, ao respeito, em Ciberseguridad.com.
"Os ciberdelincuentes encontram atraente o meio que rodeia às fusões e aquisições devido à quantidade de empresas e indivíduos envolvidos, o que significa que aumenta o potencial de erro humano", agregam. No ano 2023, Avatel investiu 85 milhões de euros em compra-a de 25 novos operadores, de modo que, por desgraça, não seria raro que algum ficheiro tivesse dançado.
Resposta de Avatel
Este meio tem contactado com Avatel para tratar de esclarecer o assunto. Depois de realizar uma investigação interna, explicam que nada têm tido que ver, e que ademais nunca vendem terminais por telefone. "As contratações desse tipo fazem-se sempre em loja", afirmam. Por isso, acham que se trata, "lamentavelmente", de um caso de vishing, mas não precisam como obteve o estafador todos os dados da vítima.
Sim é verdadeiro que em 2023 a companhia advertiu que algo raro estava a ocorrer e decidiu pulsar o botão de alarme. "Nos últimos meses, temos detectado um incremento de diversas práticas fraudulentas que põem em risco a informação de nossos clientes e lhes afectam de maneira direta. Os falsos telefonemas e mensagens maliciosos converteram-se numa prática recorrente, pelo que desde Avatel temos posto em marcha uma campanha para ajudar a nossos clientes a se proteger e as identificar. Lançamos uma mensagem rotundo 'Nanai! Esses que te contactam não somos nós'", publicaram em redes sociais.