Uma vez arrumada a mesa, Francisco deixou-se cair no sofá e acendeu a televisão para ver a qualificação da Fórmula 1. As altas temperaturas que se faziam sentir no exterior não sufocavam o homem, graças ao ar condicionado que comprou no passado 10 de junho na Leroy Merlin, e que tinha instalado na sala desde 24 de junho. Ademais, tinha investido noutro aparelho para o ajudar a enfrentar as noites quentes no seu quarto.
“Desde a instalação, só utilizei o ar condicionado da sala de estar, mas nesse sábado, 29 de junho, o calor era quase insuportável. Coloquei o ar na sala para a refrescar no final da qualificação”, conta Francisco de Borja Andrés, vulgarmente conhecido por Fran. ‘No entanto, quando a corrida terminou, a temperatura na sala não tinha baixado nem meio grau’, diz.
Um investimento de mais de 1.600 euros
Fran procurou imediatamente o número do serviço de apoio ao cliente da Leroy Merlin para comunicar o problema, especialmente preocupada com os dias mais quentes, que já estavam a chegar. “Não responderam. Depois de lhes escrever um e-mail, só recebi uma notificação automática de que me contactariam dentro de 24 a 48 horas”, conta Fran.
O investimento do lesado não é de somenos, pois o cliente pagou um total de mais de 1.600 euros, incluindo as instalações no valor de 247,11 euros e a taxa de 322 euros do RITE (Regulamento das Instalações Térmicas em Edifícios). “A Leroy Merlin não se importou com o que eu tinha pago, demorou três semanas a telefonar-me e a dizer-me que no dia 18 de julho viriam a minha casa verificar o problema”, conta.
Leroy Merlin volta a enganar-se
Da multinacional francesa comunicaram a Fran que dois instaladores apresentar-se-iam às 17.30 horas do 18 de julho, segundo assegura o cliente à Consumidor Global. "Eu saio às 16.30 horas do trabalho, de modo que não pedi o dia livre ao meu chefe e confirmei à Leroy Merlin que estaria em casa no momento indicado", relata o afectado.
“No entanto, nesse mesmo dia, por volta das 12 horas da manhã, os instaladores telefonaram-me para me dizer que já estavam em minha casa. Obviamente, não consegui sair do trabalho para chegar a tempo e disse-lhes que não era a hora que me tinham dito”, conta Fran. ‘Nem sequer pediram desculpa pelo erro, disseram-me apenas que devíamos negociar outro dia’, acrescenta.
Reclamações e denúncias
Até aqui. O rosto avermelhado de Fran não era só por causa do calor, mas também pelo atrevimento da multinacional. “Naquele momento, explodi e, no dia seguinte, ainda estava zangada e impotente em relação ao assunto, por isso decidi fazer uma reclamação à empresa por e-mail, dizendo tudo o que tinha acontecido”, conta a pessoa afetada, que sublinha que, se o ar acondicionado não estivesse a funcionar na sexta-feira, 26 de julho, ‘as reclamações iriam chover’.
“Para além disso, voltei a ligar para o serviço de apoio ao cliente para explicar a minha experiência e o funcionário que me atendeu aumentou o caso para urgente”, diz Fran. ”Quer dizer, em vez de gastar 1600 euros, teria sido melhor comprar umas ventoinhas normais, colocar um saco de gelo e ter ar frio. Isso ter-me-ia poupado tanto dinheiro e tanto trabalho”, exaspera o homem lesado.
33 dias e 32 noites depois
"Chegou 26 de julho e até às oito da tarde não me ligaram para perguntar se também estaria disponível no dia seguinte para que os instaladores passassem. Pareceu-me grotesco dadas as horas e a condição que eu lhes pus, mas acedi a que fossem no sábado 27 de julho", explica o cliente.
Finalmente, os empregados da Leroy Merlin foram a 27 de julho a casa de Fran para solucionar o problema com o ar condicionado que está instalado na sua habitação. "Tiveram de fazer uma instalação totalmente nova, pois disseram-me que estava tão mal feita que tinha fugas em dois sítios diferentes. Por isso, não estava a funcionar. Após 33 dias e 32 noites, o ar condicionado já está a funcionar”, conta.
A empresa guarda silêncio
A Consumidor Global tentou pôr-se em contacto com a Leroy Merlin através de vários canais. No entanto, até ao fecho desta reportagem não obteve resposta alguma da multinacional.
Ademais, convém destacar que Fran, até aos dias de hoje, não recebeu nenhum tipo de compensação depois de ter passado mais de um mês sem ar condicionado em plena onda de calor.