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Lee bem as condições dantes de perguntar em JustAnswer: "Cobram-te uma membresía não autorizada"
Esta plataforma diz oferecer respostas de experientes contrastados às dúvidas que o cliente propõe sobre saúde ou direitos, mas realizar uma sozinha destas consultas implica atar a uma assinatura
Alguns teóricos da comunicação consideram que a informação disponível a dia de hoje (milhões de resultados a golpe de clique ) é abrumadora, mas não de qualidade. "Quando há uma inundação, o primeiro que se acaba é a água potável", tem afirmado alguma vez Iñaki Gabilondo. Quem não tem procurado em Google os sintomas que cria ter para saber se estava doente? Quem não tem tratado de encontrar conselhos úteis sobre cozinha, bricolaje ou matemáticas e tem terminado vendo uma sucessão de tutoriais inservibles? JustAnswer nasceu para acabar com estes pequenos dramas.
Fundada em 2003, define-se como uma plataforma on-line de perguntas e respostas de experientes, e seu funcionamento é muito singelo: o internauta escreve sua pergunta e JustAnswer liga-lhe com um especialista que responde, normalmente, em minutos. "As credenciais dos profissionais têm sido confirmadas previamente", explica a companhia em seu site. Assim, podem se fazer consultas a médicos , advogados, mecânicos, veterinários…
As tarifas de JustAnswer
"JustAnswer quer ajudar-te a agilizar o processo de busca e brindar respostas seguras, confiáveis e dignas de confiança a todas tuas consultas urgentes", descrevia o jornal britânico The Independent. Quanto ao preço, este meio detalhava que a plataforma "tem como objectivo proporcionar respostas rápidas e efectivas a uma tarifa mensal que poderia lhe poupar milhares de dólares em visitas ao médico, assessoramento legal, viagens desnecessárias ao veterinário e mais". Não obstante, são muitos os clientes que pensam justamente o contrário: que a plataforma cobra pela cara sem oferecer ajudas reais.
"Olho com esta página. Se fazes-lhes uma pergunta ao módico preço de cinco euros, depois quiçá fazem-te membro, e receberás um recebo de 49 €. Há que vigiar os extractos. A mim me passou, por isso o conto. Não tenho constancia que solicitassem pagar 49€ para ser membro", alertava um utente em X (dantes Twitter). "Subscrevestes-me sem meu consentimento. É impossível contactar com Atenção ao cliente. Sois uma fraude em toda a regra. Tenho tido que descadastrar meu cartão", denunciava outro, na mesma linha. Um terceiro descrevia-lhes directamente como "ladrões".
O lío da assinatura
À luz destas críticas, que se replicam em outros idiomas, poder-se-ia deduzir que a estratégia de JustAnswer é a de outras muitas empresas cujas práticas já tem denunciado Consumidor Global em outras ocasiões: oferecer um produto atrayente ou barato a modo de isca que em realidade nunca vem só, sina que implica a contratação de uma assinatura que não está suficientemente bem explicada.
"Por que passais cargos de membresía mensal quando não se solicitaram? Resulta que há quem acha que paga por UMA consulta, 5€, para o que dá seu cartão de crédito, e vocês aproveitais para carregar um custo mensal não solicitado. Soa a FRAUDE" resumia outro consumidor em redes sociais.
"Cobram-te uma membresía não autorizada"
"São uns estafadores de pescoço branco. Não obtenham os serviços desta companhia. Cobram-te cinco euros por uma consulta, tu lhe aprovas o pagamento, obtêm tu cartão e depois te cobram uma membresía (não autorizada) e se despachan de teu cartão 49 euros ao mês", aconselhava uma cliente em X.
Em definitiva, a sensação de muitos clientes é que esta empresa (que em 2016 superou a cifra de 10 milhões de utentes a nível mundial) não actua com a suficiente transparência.
Mau diagnóstico de uma experiente
Que a um utente lhe cobrem por uma assinatura que não lhe consta ter autorizado é um incomodo maiúsculo, mas os problemas com JustAnswer podem ser bem mais graves. "Tinha o resultado de uns teste cardiológicos e como não os entendia, procurei resposta nesta página. Pois bem, a 'cardióloga' que me atendeu, que nem sequer era cardióloga, me disse literalmente que em meu caso ficava confirmada uma doença cardíaca, sem estudar estes resultados nem absolutamente nada mais, só por um achado casual", começava dizendo uma afectada em Trustpilot.
"Quando por fim pude ver a meu cardiólogo, este descartou esta doença rapidamente explicando que não reunia as condições para a padecer. O estrés e o pânico que me provocou a resposta da 'experiente' nunca teria que o ter sofrido. Uma nova lição da vida para não confiar nunca em experientes falsos on-line", relatava.
Que diz a empresa
Este meio tem contactado com JustAnswer para perguntar se consideram que suas condições estão especificadas de forma suficientemente clara, mas ao termo desta reportagem não tem obtido resposta.
Com tudo, na página sim se detalha que a primeira quota mensal de membresía carregar-se-á após que termine o período de prova. "Posteriormente, a quota mensal carregar-se-á a cada 30 dias de maneira automática, ainda que o cargo pode demorar uns dias em aparecer em sua conta", advertem. Isto é, que, ao realizar uma sozinha pergunta, o cliente aceita esse período de prova que depois se torna de pagamento.
Reembolso do dinheiro
Apesar de que o descontentamento está relativamente estendido, é justo apontar que, em algumas ocasiões, JustAnswer se mostrou comprensivo com os clientes que têm picado e se pôs de seu lado.
"Tenho de reconhecer que depois da queixa sobre 29 euros que cobraram a minha mulher sem autorizar lhe devolveram o dinheiro. Não obstante, deveriam deixar claramente escrito o da membresía, a pessoa que entra procurando o solução a seu problema, não se percata para nada desta. Reitero-me que devolveram o dinheiro com celeridade. Graças", escreveu um cliente no foro de valorações Trustpilot. "Depois de telefonemas de telefone e diferentes correios disseram-me que realizar-me-ão o reembolso. Em qualquer caso, não pode ser que por aceitar os termos ou o que fosse quando te comprometes a 5 euros por uma resposta façam uso de tua conta e fiques exposto a que te vingam recibos", coincidia outro.
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