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Bitdefender: "O grande problema é o roubo da identidade porque acedem a toda tua vida digital"

Consumidor Global entrevista a Luis Fisas, diretor regional do sul de Europa da empresa especializada em ciberseguridad, quem explica como nos proteger dos ciberataques

Ana Siles

S 8

As fraudes digitais estão à ordem do dia e, o pior, é que a cada vez são fraudes mais sofisticadas. A inteligência artificial é um arma de duplo fio que os hackers usam para lançar ciberataques mais creíbles e personalizados. Bitdefender é uma empresa européia dedicada ao desenvolvimento de softwares de ciberseguridad. Em definitiva, proteger os dados das companhias e, portanto, de seus clientes.

Consumidor Global tem tido a oportunidade de falar com Luis Fisar, diretor regional do sul de Europa de Bitdefender. Uma entrevista onde o experiente explica quais são as chaves para nos proteger dos hackers bem como os perigos aos que nos expomos em internet.

--Como funciona a indústria das fraudes digitais?

--Os hackers que se dedicam à extorsión e ao roubo de dados o fazem por dinheiro e não há objectivo despreciable. É uma indústria muito profesionalizada. Uns se dedicam a fabricar o vírus, outros a atacar e a penetrar, outros à distribuição e outros a cobrar. E tudo vai com umas comissões que paga o fabricante, como se fosse uma rede de distribuição de droga. São informáticos que embaixo da cama têm um Kalashnikov. Há mais dinheiro movendo neste lado escuro que no tráfico de armas ou a trata de pessoas porque o mercado é enorme. Todo mundo tem um PC e um dado, dois ou vários a proteger.

Luis Fisar (Bitdefender) / SIMÓN SÁNCHEZ

--Quais são os dados que mais valorizam os hackers?

--Evidentemente, os dados das empresas têm mais valor que os dados pessoais. Temos visto como ao longo dos anos têm evoluído os ataques. Se eu ataco a sua mãe, a volta do investimento é pequeno. Mas se ataco à empresa na que trabalha, me permite extorsionar e sacar um rendimento.

--A que se refere com isso?

--Há duas vias claras, o roubo de dados e o roubo de identidades. O roubo de dados tem passado de 'entro a seu computador, encripto-lho e te extorsiono' a entro a seu PC, estou três semanas dentro, roubo todos os dados que posso, depois te extorsiono e, se não me paga, público os dados na Dark Site. O grande problema do utente é o roubo de identidade. Se a ti te roubam a identidade podem aceder a teu banco, podem aceder a teus relatórios médicos, podem aceder a toda tua vida digital.

Luis Fisar, Bitdefender / SIMÓN SÁNCHEZ

--Tomar medidas de segurança no âmbito digital não sempre é fácil. Muitas vezes requerem-se conhecimentos muito técnicos. Algum conselho para o dia a dia?

--Há que ter em conta que a segurança e a comodidade estão reñidas. Seria muito melhor não ter chave na casa e entrar directamente mas há uma série de elementos que temos de incorporar a nossa vida. No mundo da tecnologia, a informática, internet, os móveis ocorre o mesmo. Seguimos usando senhas muito básicas, pelo que devemos usar combinações mais longas, por exemplo frases e que sejam diferentes. Converte-se num engorro e é muito difícil, por isso há que utilizar gestores de senha. É uma maneira de reduzir o leque de risco. São medidas muito elementares, mas que vão reñidas com a comodidade.

--Muitas empresas, sobretudo bancos, incluem o factor de dupla autenticação. É uma medida eficaz para proteger ao consumidor?

--É muito eficaz. Se roubam-lhe a você, lhe roubam seu e-mail, sua senha e tentam suplantarle a identidade. Mas esta ferramenta pode parar muitos ataques porque o utente se percata de que não tem entrado em segundo que lugares. O problema não é que lhe roubem a você, sina que roubem a sua agência de viagens ou a sua corrente de hotéis e os dados de todos seus clientes, entre os que está você, seu mail, RG…

--Quais são os ataques nos que costumamos cair com mais facilidade?

--O phishing costuma ser a via primeiramente mais eficaz porque enviam uma mensagem que se faz passar pelo banco, Correios, Amazon ou qualquer outra com o objectivo de que o utente clique e aceda a um site maliciosa. Podem injectar um pequeno software para vigiar que está a digitar e captar a senha.

--Estamos realmente concienciados do perigo que supõe expor nossos dados em internet?

--É difícil identificar estes ataques se não estás muito posto. Eu entendo que determinados coletivos não têm a educação suficiente ou são já maiores, tudo isto lhes vem muito grande. Eu acho que todo mundo é consciente que há perigo, mas não sabem muito bem como o enfrentar. Às vezes as medidas são muito básicas, são senhas mais longas, não usar sempre a mesma senha, não fiar de alguns correios… Utilizam muito a psicologia, metem pressas, etcétera.

Luis Fisar, Bitdefender / SIMÓN SÁNCHEZ

--A inteligência artificial é um arma de duplo fio em ciberseguridad?

--Sim, claro, porque é uma ferramenta que permite aumentar a produtividade. Nós faz muitos anos que utilizamos isto mas agora a inteligência artificial se tem democratizado Os hackers geram mais linhas de código que depois depuram, com o qual criam maior número de ataques. Claro, é um arma de duplo fio, é como os carros, podes atropellar a alguém.

--Com uma inteligência artificial que a cada vez vai sendo mais sofisticada, como podemos nos proteger dela?

--O hacker o que procura é entrar no sistema, roubar a identidade, dá igual que utilize uma inteligência artificial ou não. O problema é que isto vai muito depressa, então coisas que dantes eram seguras, já não o são e ao final a inteligência artificial está a ser utilizada por estes malvados para nos enganar mais facilmente. A verdade é que fazem coisas muito sofisticadas.

--Um exemplo?

--Esqueçamos-nos do hacker num sótano comendo pizza. Isto não é assim, são autênticos profissionais. Investem o 70% do que arrecadam em comprar computadores, em comprar ferramentas e se especializaram. Uns se especializam em fazer o vírus que se faz passar pela empresa, outros em phishing, outros se especializam em negociar contigo para cobrar… Um ataque muito típico é quando entram no computador, na câmara e pillan a alguém tendo relações com um colega no escritório. Podes pensar que isto é muito tonto, mas eles atiram um milhão de mails e igual há um 2% que picam. E já está. Jogam com a psicologia e conhecem a natureza humana, a pressa, o medo, a vergonha e utilizam-no.