O tropeção do Nude Project com um rótulo que viraliza no TikTok: "Estão a roubar-vos"

Nude Project é uma marca de moda espanhola criada há 4 anos por dois jovens que atualmente vendem a sua roupa frouxa, atrevida e urbana pela internet e em três lojas físicas: uma rua Fuencarral em Madrid, outra em Valência e outra recém-inaugurada em Barcelona, na rua Canuda. Esta novíssima abertura, no entanto, coincidiu com a publicação de um vídeo no TikTok de uma rapariga que acusa a marca de criar confusão com a etiqueta de uma peça de roupa. Algo que, na sua opinião, compromete a qualidade que Nude defende oferecer.

No vídeo, esta jovem (que conta com uns 800 seguidores na rede social) mostra a caixa na qual lhe chegou uma peça de roupa que tinha pedido online. Na dita caixa figura a etiqueta onde se especifica a composição do produto, mas o chocante é que a mesma parece ter debaixo outra na qual as percentagens variam: passa de 95% de algodão para 55%. Também muda a percentagem de elastano, que aumenta. Contudo, na etiqueta da roupa ficaria demonstrado que a primeira quantidade (95% de algodão) é a real, mas esta alteração de valores provocou uma cascata de comentários e especulações ans redes sociais.

Debate sobre o preço e a qualidade da roupa

Palmer (que é o nome que utiliza a rapariga, cujo user no TikTok é @usermwfivwz00k) publicou vários vídeos a criticar a Nude Project na última semana. No primeiro diz que os preços lhe parecem excessivos (por exemplo, o custo das camisolas ronda os 70 euros e um gorro vende-se por 32). No segundo mostra um top que custa 30 euros (em teoria, um presente para uma amiga) e, conquanto reconhece que lhe parece "muito bonito" e que o tecido é de "boa qualidade", depois indica que a fivela de plástico "acaba por se partir", o que reduz a durabilidade a um artigo que, pelo seu custo, deveria contar com melhores materiais.

Para além destas avaliações subjetivas, o realmente polémico vem com o seu terceiro vídeo, no qual Palmer sobe o tom e decide decide intitulá-lo "Nude Project está a roubar-te". Aqui, a rapariga mostra a caixa do citado top e a sua correspondente etiqueta, um simples autocolante de cor branca no qual se pode ler "95% cotton" e "5% elastane". No entanto, numa inspecção mais atenta, verifica-se que sob este autocolante existe pode-se vislumbrar que sob este autocolante aparecem outras percentagens: 37% modal (outro material têxtil), 8% elastano e 55% de algodão. São valores de outra peça de roupa? É um erro ou uma caixa 'mal colocada' destinada a outro artigo?

Uma crítica viral

O assunto viralizou rapidamente. O vídeo conta com mais de 700.000 visualizações e ultrapassa os 1.000 comentários, entre os quais se alternam críticas e defesas: há quem suba à carroça de Palmer e atacam a Nude ("comprei-me uma camisola preta e agora é cinza", diz um utilizador) e quem relate a sua boa experiência pessoal: "Eu tenho uma camisola e uma t-shirt e a qualidade de ambas é top", diz outro cliente satisfeito com a marca de roupa urbana, que tem verdadeiros apologistas que se identificam com os valores que o Nude afirma representar.

Também há quem se coloque num meio-termo e alegue que simplesmente se "paga pelo nome da marca, tal como a Nike", conquanto é verdade que, para além da distância entre a marca americana e Nude e do que lhe possam parecer a alguém os seus desenhos e as suas colaborações com Kidd Keo ou Rauw Alejandro, a Nude fabrica maioritariamente em Portugal e na Turquia, não na China ou Bangladesh. Outra tiktokera aponta que na Inditex os tops têm esse mesmo preço. "Por outro lado, talvez tenham mudado a composição e reutilizado as caixas antigas para não as deitar fora", avança ela.

Erro do fornecedor

A Consumidor Global contactou com a Nude Project para perguntar por este deslize de packaging, e da marca explicam que se trata de uma falha de um fornecedor com uma caixa. "Um erro do fornecedor e portanto nosso", relatam, sem evitar a sua parte da responsabilidade. Acrescentam que é algo "que saiu mal", mas não especificam quantas caixas poderiam ser afectadas por esta sorte de dupla rotulagem.

Artículo relacionado

Um casaco da Zara com uma etiqueta da Shein: 'fake' ou descuido da Inditex?

Núria Messeguer

Por outro lado, no passado mês de setembro este meio dedicou uma reportagem à Nude na qual pôde falar com responsáveis pela marca, que expunham o seu anseio de não ser só uma empresa de roupa, "mas sim um movimento que cada vez gera uma comunidade maior" capaz de "inspirar" outras pessoas. Assim mesmo, da Nude defenderam a sua vontade de apostar numa "moda sustentável desenvolvendo peças de roupa de alta qualidade e que sejam para toda a vida".