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O sablazo do IBI que pode subir teu aluguer mais de 100 euros ao mês

Alguns proprietários, sobretudo fundos de investimento, repercutem este imposto aos inquilinos

Juan Manuel Del Olmo

firma contrato px

Falar de Ibi é falar de uma enorme tradição juguetera ou de indústria heladera. Ou também de impostos : IBI é o acrónimo de Imposto de Bens Inmuebles, uma taxa que não tem nada de soleado, de férias ou lúdico. Trata-se de um imposto que arrecada a cada prefeitura e pagam a cada ano os proprietários de moradias ou locais. Até aqui a teoria. A prática é mais enrevesada: alguns inquilinos têm visto como o IBI, que a priori pagava o caseiro, chega a seus contratos de aluguer. Este imposto pode supor um incremento a mais de 100 euros ao mês na factura.

Sobre os impostos está todo escrito e o dicionário esgotado: justos, excessivos, absurdos, brutos, cegos, sordomudos… Agora bem, é completamente legal que um proprietário te repercuta o IBI no aluguer?

A lei permite aos proprietários cobrar o IBI ao inquilino

Pagar o IBI é uma lida, mas não pode ser uma surpresa. María Lucila Rodríguez é advogada de Legálitas e explica a Consumidor Global que o arrendador tem a possibilidade de repercutir estes custos, tal e como recolhe o artigo 20 da Lei de Arrendamentos Urbanos. Isto é, que o fazer é legal. Agora bem, deve aparecer expressamente no contrato que se assina com o inquilino. Deste modo, não seria legal que, de repente, um proprietário exigisse que seus ocupantes lhe ingressassem o IBI. "Alguns proprietários tentam-no", reconhece Rodríguez. Neste suposto, acrescenta a experiente, o arrendatario teria direito a negar-se.

Duas pessoas sellan um acordo e dão-se a mão / PEXELS

Até agora, expressa a letrada, "os que costumavam cobrar o IBI eram os grandes proprietários", mas sua sensação é que, no contexto actual, esta prática se estende entre outros caseiros. "Os proprietários querem subir o preço do aluguer e esta é uma maneira do fazer", narra Rodríguez. "A inflação está a afectar muito a todos, de modo que alguns proprietários cobram a comunidade ou o IBI como uma sorte de compensação", detalha a letrada.

"Teria que o pagar o proprietário"

Por sua vez, o advogado Borja Pérez, do despacho BJ Advogado, mostra-se contestatario e vai um pouco para além. "Dantes de tudo, deveríamos nos perguntar que é o IBI. É um Imposto sobre Bens Inmuebles, que grava sobre uma propriedade que em nenhum caso pertence ao inquilino. Deste modo, se seguimos o estabelecido na Lei Reguladora das Fazendas Locais, sempre teria que o pagar o proprietário", raciocina. Baixo o ponto de vista deste letrado, é uma argucia que se faz, mas "teria que ir ao fundo da questão para analisar que implica".

Rosa M. Feliz é porta-voz do Sindicato de Inquilinas e Inquilinos de Madri, uma entidade que vela pelos direitos dos mesmos, e arguye que cobrar o IBI é uma prática habitual, sobretudo dos grandes fundos de investimento. "Os que são fundos buitre, como Blackstone, o fazem de forma habitual. Agora mesmo temos mais de 100 famílias em conflito com diferentes entidades por estes motivos. Aos inquilinos repercute-se-lhes o IBI em seus recibos com total naturalidad", argumenta Feliz.

Um andar de aluguer / PEXELS

Resquicios legais

A situação é incerta, mas, poderia este trasvase ter data de caducidad? "Os proprietários tentam-no, mas pode-se fazer até que se deixe de poder fazer", vaticina Pérez, quem sugere que, se se senta jurisprudencia, cobrar o IBI aos inquilinos deixaria de estar permitido. "Ao final, o proprietário procura os resquicios legais para encontrar o que melhor lhe vinga", sintetiza. Quanto ao preço, Pérez acha que resulta muito difícil de estimar, porque depende dos metros quadrados da cada inmueble e da zona na que se localize, mas admite que pode supor um rompido de uns 100 euros ao mês. Por isso, anima aos inquilinos a ler bem o contrato e, se aparece o IBI (ainda que seja numa renovação de contrato), acender os alarmes e contactar com um advogado.

Em mudança, desde o Sindicato de Inquilinas encurtam a cifra, e assinalam que, segundo seus dados, a média pode se situar nuns 50 euros. "Tudo é mais caro e os caseiros querem seguir subindo os preços, porque podem o fazer, a lei lho permite; mas não existe nenhum motivo pelo que devessem subir uns preços que já estão inflados", expõe Feliz.

Um experiente revisa um contrato / PEXELS

Casos minoritários?

Ricard Bom procurava uma casa para mudar-se de aluguer, e surpreendeu-lhe dar com muitos anúncios de moradias nas que se pagava o IBI. "Nunca jamais aceitaria algo bem como inquilino", conta, contundente. O verdadeiro é que em Idealista se pode encontrar alguma que outra casa na que quem paga esta taxa é o ocupante.

Não obstante, desde a companhia restam-lhe importância: "Não é algo que tenhamos detectado nem achamos que seja nenhuma tendência. Terá alguns proprietários que sim que o façam, mas dentro de Idealista é algo minoritário. Ademais, quando não é algo ilegal, nós não intervimos", indicam fontes da assinatura.