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Repelentes anti-mosquitos: as pistas para evitar as fraudes

Alguns dos remédios mais populares para combater os insetos voadores, como os ultra-sons e as pulseiras aromáticas, revelaram-se ineficazes

mosquito

O verão costuma ir acompanhado por algo mais que as altas temperaturas e as férias, também é o momento no que diversos insetos e aracnídeos que se alimentam do nosso sangue aparecem, para nossa desgraça. Entre os chupópteros mais destacados, encontram-se os mosquitos por estar presentes em muitos meios diferentes. Em Espanha, as três espécies de mosquitos mais frequentes são o mosquito comum (Culex pipiens), o mosquito tigre (Aedes albopictus) e os mosquitos do género Anopheles. Cada um deles apresenta características diferentes, mas têm em comum que podem ser vetores de diversas doenças infeciosas que variam segundo a zona na qual nos encontremos.

Para evitar as incómodas picadas dos mosquitos fêmea (pois são elas as que picam para se alimentar do sangue), existem no mercado inúmeros produtos repelentes. No entanto, há que ir com cuidado: podemos encontrar tanto artigos de grande eficácia como outros que não servem para nada. Por esta razão, é importante conhecer uma série de pistas para que não nos dêem gato por lebre nem soframos o ataque imensurável dos mosquitos porque pensávamos com ingenuidade que estávamos a salvo graças à nossa recente aquisição anti-mosquitos.

Os repelentes mais eficazes

Se quisermos jogar pelo seguro quanto a repelentes cutáneos, os mais bem estudados e eficazes são o DEET e a picaridina para adultos. O seu tempo de proteção varia segundo a concentração à qual se encontrem. Por isso, é importante ler o rótulo que indicar-nos-á o tempo durante o qual se mantém o efeito repelente e assim calcular qquando tempo teremos antes de voltar a aplicar para que se mantenha a sua eficácia. Devemos ter em conta que o súor pode acelerar a eliminação dos repelentes, em cujo caso terá que encurtar o tempo para a próxima aplicação. Ambos os repelentes são recomendados por várias instituições sanitárias, como os CDC. Por questões de segurança, não se aconselha utilizar DEET em crianças com menos de 2 anos. Para crianças entre 2 e 12 anos, recomenda-se um máximo de uma ou dois aplicações por dia de DEET regular. Outra opção mais segura para as crianças é o IR3535. Ainda que a sua eficácia seja menor que a do DEET, pode se usar com tranquilidade em crianças com mais de 2 anos com uma concentração de 20%.

Quanto aos repelentes para a roupa ou outros objetos (como mosquiteiras), a melhor opção é a permetrina. Como é tóxico para a pele em altas concentrações, nunca se deve usar diretamente sobre ela, mas sim sozinha sobre a superfície das peças e outros objetos onde a queiramos aplicar. A combinação de repelentes cutáneos e da roupa garantirá uma proteção muito elevada face  às picadas de mosquitos, algo especialmente recomendável se viajamos para zonas onde os mosquitos são vetores de doenças como a malária, o dengue ou a febre chikungunya.

Remédios ineficazes

O engano dos consumidores está na ordem do dia no terreno dos anti-mosquitos. Apesar da sua nula ou escassa eficácia, existem diferentes produtos que se comercializam como supostos repelentes face a mosquitos e inclusive alguns deles podem-se encontrar nas farmácias. As administrações rara vez atuam retirando estes artigos, de modo que depende do consumidor estar informado para não perder o seu dinheiro e assegurar uma proteção real contra os mosquitos.

Repelentes mediante ultra-sons: é muito fácil encontrar em muitos lugares repelentes electrónicos por ultra-sons. Inclusive a grande marca Chicco vende um destes dispositivos para bebés e crianças. No entanto, diversos estudos científicos têm analisado se os ultra-sons poderiam ter algum efeito repelente contra os mosquitos e todos eles chegaram à mesma conclusão: estes sons de altas frequências não possuem nenhuma eficácia para espantar os mosquitos. São absolutamente inúteis. Apesar desta realidade, diversas empresas tratam de justificar o seu efeito por meio de várias explicações que vão além da imaginação, mas carecem de de suporte científico.

Pulseiras aromáticas: estas pulseiras costumam estar desenhadas para crianças e contêm óleos essenciais como a citronela. O seu único efeito demonstrado é desprender um ligeiro cheiro a óleo essencial, para além disso não têm nenhuma eficácia face frnte aos mosquitos: os óleos essenciais de plantas não os repelem ou a proteção desaparece em matéria de minutos pela rápida evaporação. Como não contam com estudos que demonstrem efeito, não podem mostrar no seu rótulo em nenhum momento que tenham um efeito "repelente" nem também não o podem dar a entender. No entanto, feita a lei, feita a armadilha. Nas descrições dos websites de diversos comércios (incluindo farmácias e parafarmacias) sim afirmam que são repelentes contra os mosquitos, enganando assim os consumidores e violando a lei.

Adesivos anti-mosquitos: Nos últimos anos têm-se popularizado os adesivos para a pele com supostos efeitos repelentes contra os mosquitos. Estes costumam conter óleos essenciais de plantas como a citronela ou o eucalipto. Tal como as pulseiras aromáticas, não são eficazes para evitar as picadas destes insetos pelas mesmas razões.

Pulseiras anti-mosquitos: Existem outro tipo de pulseiras que, ao contrário das pulseiras aromáticas, tiveram de ser avaliadas em provas que avaliam a sua segurança e eficácia e contam com número de registro. Estes produtos contêm substâncias biocidas como geraniol, óleo de lavandina ou citriodiol e estão sujeitos à avaliação prévia da AEMPS ou da Direcção Geral de Saúde Pública (DGSP). No entanto, isto também não garante a sua eficácia, já que não há provas regular definidas para provar estes produtos e a lei não lhes exige uma eficácia repelente mínima. Na prática, laboratórios e cientistas têm avaliado em repetidas ocasiões estas pulseiras com resultados decepcionantes: não só são totalmente incapazes de proteger todo o corpo do utilizador, como também o seu efeito repelente é mínimo ou nulo na zona na qual se coloca a pulseira, dependendo do produto. Por esta razão, as autoridades sanitárias não aconselham a utilização em exclusivo destas pulseiras em zonas onde os mosquitos são transmissores de doenças.