O dinheiro que ganham os trabalhadores espanhóis lhes serve para realizar menos operações que dantes: os rendimentos reais per capita dos lares espanhóis registaram no terceiro trimestre de 2023 um recorte do 2,09 % respeito dos três meses anteriores.
O dado difere muito do descenso de 0,2% para o conjunto da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) e que situou a nosso país à cabeça das quedas, segundo tem informado o think tank das economias avançadas.
Interrupção do crescimento
Esta redução da renda real disponível por cabeça em Espanha supõe uma interrupção da sequência de três trechos consecutivos de aumentos após o crescimento do 5,11 % no quarto trimestre de 2022, e do 1,95 % e o 0,59 % do primeiro e segundo trimestre de 2023, respectivamente.
No conjunto da OCDE os rendimentos reais disponíveis dos lares caíram um 0,2 % no terceiro trimestre, acabando assim com quatro trimestres consecutivos em positivo.
Quedas e subidas
Apesar do dado a nível geral, o panorama foi heterogéneo entre os países da OCDE, já que dos 21 países dos que há dados disponíveis, onze registaram um aumento no terceiro trimestre, enquanto dez se anotaram baixadas, com Espanha à cabeça.
O maior aumento da renda real disponível por cabeça observou-se no Hungria (5,47 %) ante o alívio das pressões inflacionistas, por adiante de Polónia (2,91 %) e de Itália (1,45 %), ao mesmo tempo em que as quedas mais profundas registaram-se em Espanha (-2,09 %), Áustria (-1,31 %) e Irlanda (-0,95 %).
Razões da baixada
A renda real dos espanhóis baixa, entre outros motivos, pela inflação: se os preços aumentam mais rapidamente que os salários e os rendimentos, a renda real disponível se reduz.
Isto é, que, apesar dos esforços de uma parte do Governo por subir o salário mínimo, os incrementos podem não ser suficientes se produtos como o azeite de oliva não freiam sua escalada. Ao longo de 2023, os alimentos que mais se encarecieron foram o azeite de oliva, o açúcar, o arroz, os produtos de confitería ou as batatas, todos eles a duplo dígito.
Esforços para comprar uma casa ou pagar a cesta de compra-a
Um indicador do delicado momento que vivem muitas famílias espanholas o revela o Banco de Espanha: as famílias espanholas precisam agora 7 anos e meio de salário bruto para adquirir uma moradia e têm que destinar para isso no primeiro ano mais do 39 % de seus rendimentos brutos anuais disponíveis, o maior esforço que se regista desde finais de 2011.
Igualmente, o Índice de Preços de Consumo (IPC) subiu um 0,1% em janeiro de 2024 em relação com o mês anterior, e elevou assim três décimas sua taxa interanual, até o 3,4 %, devido ao encarecimiento da electricidade.