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Rede 5G: a desculpa de operadores e fabricantes para subir preços por um serviço que segue igual

Ainda que vendeu-se como um grande salto tecnológico, as vantagens da quinta geração de rede móvel seguem longe para a maioria de utentes em Espanha por falta de despliegue técnico

Alberto Rosa

5g pexels

A tecnologia móvel é um palco constante de busca de inovação e mudanças, a cada vez mais rápidos, que melhorem a experiência do utente. Com o lançamento da conectividade 5G, a indústria das telecomunicações prometeu grandes avanços que a dia de hoje não se cumpriram, enquanto fabricantes e operadoras o aproveitam como reclamo de marketing para revalorizar tarifas e móveis com esta tecnologia.

Mais potente, mais rápida e com menor latencia. São as três vantagens principais com as que em fevereiro de 2019 várias empresas do sector apresentaram no Mobile World Congress de Barcelona seus dispositivos com 5G. Mas o verdadeiro é que esta tecnologia que se vendeu como a panacea oferece hoje muito poucas mudanças com respeito ao 4G.

A promessa do 5G

"Quando se começou a falar das redes móveis de quinta geração, nos diziam que ia supor um salto tecnológico com uma maior velocidade para fazer descargas, menos latencia ou que inclusive íamos ter todos os carros conectados. Nada disso tem passado", expõe a Consumidor Global Javier Pastor, informático e jornalista tecnológico.

Uma antena de telefonia / PEXELS

Apesar do investimento e o despliegue de antenas para aceder a esta melhora de velocidade, "a maioria de operadores utilizam o espectro que já tinha a 4G e não oferecem mais capacidades das que já se tinham. Esse grande salto tecnológico que se vendeu se está a dar pouco", aponta José Francisco Montserrat, catedrático de comunicações móveis da Universitat Politécnica de Valencia.

Mesmas prestações

Segundo detalha o professor, as possíveis melhoras de serviço só se estão a dar nas grandes capitais e em zonas com muita cobertura. "As operadoras têm apostado por que todo mundo veja 5G em seu móvel, ainda que na realidade não temos uma melhora de prestações como o que potencialmente poder-nos-ia oferecer", sublinha.

Fontes do sector assinalam a Consumidor Global que, ainda que a tecnologia do 5G e seus objectivos estão bem propostos, seu aplicativo "não é rentável" e terá que esperar muito tempo para desfrutar desses serviços, "quando o despliegue técnico necessário esteja completado"

Um argumento para subir preços

Enquanto esse despliegue continua instalando-se de forma progressiva, as operadoras já têm aproveitado e encontrado em 5G provisório um reclamo de márketing com o que encarecer suas tarifas sem nenhuma melhora notável na experiência dos utentes.

Um móvel com 5G / UNSPLASH

"Não acho que essas subidas de preço acompanhem a experiencia real do utente. A gente em seus dispositivos não vê que a 5G contribua uma maior velocidade porque agora mesmo só estamos a ver em torno de um 23 % de melhora na rede", destaca o catedrático de comunicações móveis José Francisco Montserrat.

Que móvel me compro?

Uma das perguntas mais recorrentes que se faz um utente que deseja renovar seu telefone móvel é se o novo terminal deve contar com tecnologia 4G ou, pelo contrário, escalar ao 5G. O verdadeiro é que influem vários factores como a cidade na que vive o utente, já que o acesso às redes móveis pode mudar segundo a zona, ou o orçamento disponível.

Fontes do sector reconhecem a este meio que, a dia de hoje, comprar um telefone 5G só vai supor gastar mais dinheiro "porque as prestações vão ser praticamente as mesmas que num 4G". Num futuro poder-se-ão analisar possíveis melhoras das redes móveis de quinta geração conforme avança sua despliegue técnico, ainda que os experientes adiantam que "não serão o que um dia se prometeu".