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"Querido, avô": a carta para felicitar o Natal aos maiores sem família nas residências
As luzes acendem-se nas ruas enquanto as sombras invadem os lares daqueles idosos que não terão companhia durante esta época, por eles um projecto trata de lutar contra esta solidão
Sebastián Nieto já não podia subir as escadas do andar. Vivia num primeiro, mas chegava sem ar apesar de seus pacientes passos e teve que reparar seu afogo deixando seu lar de tantos anos e histórias por uma residência. Sua mulher fazia-lhe uma visita a cada tarde. No entanto, o fatídico dia que ela faleceu cessaram as visitas. Não tiveram filhos e ninguém perguntou por ele. Em Espanha há mais de 360.000 pessoas como Sebastián que vivem numa residência e o 60 % não recebe nenhuma companhia.
No país, mais de dois milhões de maiores vivem sozinhos e não recebem visitas. Segundo recolhem os dados obtiveram-se da National Academies of Sciences, Engineering and Medicine, estas pessoas podem sofrer uma morte prematura, risco de demência, de doenças cardíacas, acidentes cerebrovasculares, depressão, ansiedade e suicídio. De facto, a cada dia, três pessoas maiores de 70 anos tiram-se a vida. Para combater a triste circunstância, há uma iniciativa, Adopta um avô, que convida este Natal a escrever uma carta a um avô.
Um novo neto/a
Pese a que não teve descendencia, agora Sebastián é avô de uma jovem de quem recebe um encontro a cada verdadeiro tempo e, este Natal, receberá seu emotiva carta. Não é o único, também María, Vicente, Carmen, José e uma longa fileira de avôs receberão o escrito de um novo neto ou neta. É mais, desde a iniciativa realçam que acolheram mais de 10.000 cartas, em menos de 24 horas, para maiores de residências de toda Espanha.
"O objectivo é enviar felicitaciones navideñas às pessoas maiores que vivem em residências, muitas das quais não poderão estar acompanhadas estes natais", expressam a Consumidor Global desde Adopta um avô sobre esta solidária campanha que concluirá o próximo 24 de dezembro, dia de Nochebuena. "Pode-se participar desde qualquer parte do mundo, de forma gratuita e mediante um processo muito singelo", acrescentam evitando especificar quem assume as despesas de envio.
Como enviar uma carta
É normal que ao pensar a respeito dos dados desgarradores e a comovente iniciativa a mirada se empañe e alguma lágrima se desborde pelo lagrimal. Para enviar uma carta a um solitário avô ou avó, primeiro dever-se-á aceder ao site e introduzir os dados, para a seguir aparecer a fotografia da pessoa que receberá a carta com sua informação. "Queremos que tua experiência seja mais autêntica. Por isso, escreverás directamente a uma pessoa maior que escolheremos de forma aleatória", detalham na platafoma.
Uma vez redija-se a mensagem de cariño e de ânimo, enviar-se-á a seu destinatário. "A equipa de Adopta um avô encarregar-se-á de entregar tua carta", asseguram desde a plataforma que começou em 2020 e que desde então tem recebido mais de 160.000 cartas de todo mundo. "Queremos que todas as pessoas maiores que vivem em residências recebam o amor e cariño nestas datas tão especiais. Vamos encher as residências com cartas de felicidade e alegria e conseguir que nenhum avô se senta só este Natal", declara Rebeca López, COO da start-up.
Melhora o bem-estar mental e emocional
"Adopta um avô é uma formosa iniciativa que contribui a melhorar o bem-estar mental e emocional para idosos que precisam companhia e contacto humano", destaca Imaculada Martínez Sanchis, psicóloga e membro de Doctoralia a Consumidor Global. A experiente assinala que compartilhar tempo, falar e trocar experiências supõe manter activa a memória, a atenção e o pensamento abstrato.
Para Martínez Sanchis, a interacção social melhora o estado do ânimo dos maiores, e a sensação de pertence reforça a autoestima. "O ser humano é um ser social que para ter uma boa saúde mental requer da companhia de outros. Esta associação fomenta o intercâmbio social com os voluntários, que proporcionam apoio emocional. Com os voluntários criam laços afectivos que melhoram sua qualidade de vida, ao se sentir escutados e tidos em conta", sublinha a psicóloga.
Os avôs Clemente e Pilar
"Seguramente fundar Adopta um avô não tenha sido fruto de uma coincidência. Desde muito pequeno, por circunstâncias da vida, tenho tido a grande sorte de viver com meus avôs Clemente e Pilar. Aquela oportunidade fez-me aprender e compreender o grande valor que reside na figura dos avôs", expõe o fundador do projecto, Alberto Cabanes.
Cabanes assegura que o mais destacable de seus avôs foram os valores que marcaram sua vida e que sempre lhe transmitiram com o exemplo. "Humildad, singeleza e generosidad são só alguns desses valores com os que sentir-te-ás identificado ao ler a palavra avô, porque pensarás nos teus", conclui.
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