G. vive num país estrangeiro e tem voltado a casa por Natal. É de uma cidade da Mancha de cujo nome não quer se lembrar, uma cidade que abandonará na próxima segunda-feira 3 de janeiro para reincorporar ao trabalho em seu país de residência. No entanto, depois de percatarse das constantes e renovadas dificuldades que entranha viajar nos tempos do Covid-19, não as tem todas consigo. Precisa um teste de antígenos negativo para voar, mas "os laboratórios privados de minha cidade não abrem esse fim de semana devido às festividades, Aena vai mudar de laboratório em seus aeroportos e, pelo momento, não se pode pedir cita", lamenta este viajante que prefere manter o anonimato.
Numa das épocas do ano com mais trânsito nos aeroportos, com os contágios e as restrições ao alça, as aerolíneas, que seguem os ditames da cada país, mudam de critério um dia sim e outro também, e o desconcerto se apodera dos viajantes. Para cúmulo, este 31 de dezembro o centro médico que realiza os teste de antígenos em 15 aeroportos espanhóis termina contrato, e Aena, que gere ditos aeródromos, ainda não tem dado a conhecer que empresa encarregar-se-á de fazer este trabalho a partir de 1 de janeiro.
Quando pedir cita é missão impossível
"Seguem-se fazendo teste Covid no aeroporto de Alvedro?", pergunta a Aena o utente de Twitter Alberto Casal. "Quem estará a cargo dos testes PCR em Madri-Baralhas a partir de 1 de janeiro de 2022?", pergunta outro internauta. "No próximo ano não terá mais teste de Covid nos aeroportos de Espanha, a diferença do resto de Europa . Por que? Algum plano de voltar a pôr no futuro? Não facilita o viajar", se queixa um utente pondo de manifesto o desconcerto que impera entre os viajantes ao não poder pedir cita em Travel Covid Teste Center nem através de Eurofins Megalab, os encarregados de realizar ditas provas nos principais aeroportos espanhóis.
Parece ser que "Aena vai pôr a outro laboratório, mas não se sabe quando nem como poder-se-á pedir cita, o que é um problema para os que voamos nos primeiros dias de janeiro", insiste G., quem, resignado, assume que terá que se deslocar a Madri um dia dantes, se fazer um teste num dos poucos centros que estão abertos em domingo e aceitam cita prévia, passar a noite num hotel, e ir a Baralhas a primeira hora.
O silêncio de Aena
"Tenho chamado ao aeroporto e disseram-me que a partir de 1 de janeiro será uma nova empresa a que faça as PCR para viajar. Poderiam indicar-me qual é para pedir cita, faz favor?", queixa-se outro internauta. Neste sentido, Aena sublinha aos afectados que nos próximos dias a nova empresa adjudicataria do concurso informará de como e quando solicitar a cita.
Ao pôr-se em contacto com a empresa pública, este meio também não tem tido muita mais sorte: "tem tido uma mudança de empresa e a nova dará a informação nos próximos dias sobrei quando e como marcar cita", expõem fontes da companhia a Consumidor Global.
Uma grande pifia com os teste
Nestes casos, trata-se de centros médicos de última hora que "se usam muito", aponta o epidemiólogo de ISGlobal, Quique Bassat, quem assegura que se trata uma "grande pifia" por parte de Aena. Que a estas alturas um passageiro não possa se fazer um teste de antígenos num aeroporto "é um mau planejamento e uma falta de previsão total por parte de Aena", critica o director do mestrado em Comércio e Finanças da Universidade de Barcelona (UB), Emili Vizuete, quem explica que todos os serviços que se explodem no aeroporto são concessões.
"Se tens um laboratório que tem explodido a concessão durante um ano e o fez bem, segundo teus parâmetros e condições, não se entende que não renove seu contrato a não ser que os novos adjudicatarios paguem mais", acrescenta este experiente.
Os mais afectados
Esta falta de planejamento, sobretudo, afecta aos viajantes internacionais. "Se voo a Itália, entre outros muitos países, tenho que apresentar o passaporte Covid e um teste negativo", recorda Bassat em referência à necessidade de poder dispor de um ponto para isso nos aeroportos nacionais.
É um problema "para todos os espanhóis que voltam a seu país de residência após os Natais, que somos muitíssimos", aponta G., quem explica que há inclusive grupos de Facebook de espanhóis no estrangeiro que se "estão a voltar loucos" com o mesmo problema.
A responsabilidade última
Os pontos de teste de antígenos nos aeroportos "são úteis", aponta Bassat, mas, ao final, se não estão habilitados ou não se pode pedir cita prévia, é responsabilidade do viajante procurar alternativas para se fazer a prova.
"Que conste que eu estou a favor de se fazer uma prova dantes de voar, mas se está a fazer um péssimo negócio com isso. Deveria de ser bem mais barato e mais acessível", sentencia G. ao respeito.