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A queda da Phone House: ir por um telemóvel novo e sair com outra companhia da luz

Vários clientes da rede queixam-se da falta de 'stock' de telefones, de ofertas que não correspondem com a realidade e de que os tentem "ligar" a outros serviços

Teo Camino

Uma loja de telemóveis Phone House com as luzes apagadas e os estores desligados e cheia de graffitis / CG

Parece uma loja fantasma. É sexta-feira. Cinco da tarde. A estrada circular Sant Antoni de Barcelona está cheia de gente. Mas na penumbra da loja Phone House do número 62 não há ninguém. Nem o funcionário. Ao tocar a campainha, uma pessoa sai do armazém e abre-te a porta. "iPhone não temos nenhum aqui, mas podemos pedi-lo", explica o empregado. Têm dois telemóveis Samsung --o Galaxy A33 5G e o Galaxy A12--, algum Oppo, algum Xiaomi solto, algum outro ZTE e pouco mais. Dos 23 que há expostos, nenhum tem o preço à vista. Muitos estão bloqueados, e, ao tocá-los, em vez de acender-se, soa um alarme. "Não têm os telemóveis em stock  nem no site nem nas lojas", critica Raúl em Google . Vais comprar um telefone ou outra coisa e "tentam-te ligar o contrato da luz", queixa-se outro utilizador sobre a Phone House de Baricentro, em Badalona.

Uma loja fantasma da rede às 5 da tarde da sexta-feira / CG

Em 2017, a empresa basca Dominion comprou a Phone House, e dois anos depois "mudou por completo a filosofia das lojas. Passaram de ser os melhor avaliados em telefonia, a uns dos piores", expõe a este meio um ex-trabalhador que deixou a Phone House em 2021 e prefere permanecer no anonimato. "Antes tinhas de tudo, e agora só há uma cor de modelos contados", acrescenta este técnico.

Ir por um telemóvel e sair com um contrato da luz

"Poupa em luz e gás e leva-te um smartphone ao melhor preço só na Phone House", reza uma promoção recente da rede. Uma campanha que não convence os clientes. "Agora querem que contrates a luz para aplicar os descontos que oferecem em telemóveis…", queixa-se A. em Google. "Tentam vender-te produtos que não queres", concorda Pedro.

"Começamos a vender luz e gás por conta própria, sem formação", revela uma ex-trabalhadora da Phone House --que abandonou o barco para se juntar à Orange --, quem assegura que tinham que vender o contrato de luz e gás com Alternada "como fosse" porque cobravam mais por isso que pela venda de móveis. Os clientes "entram a comprar um telemóvel e tentam-lhe vnder uma companhia de electricidade", coincide o outro ex-trabalhador da casa, quem lembra que, antes desta diversificação de negócio, o que mais vendiam eram telemóveis Samsung e Apple.

"Publicidade enganosa"

O passado 5 de julho de 2022, Miguel Ángel foi a uma loja para contratar fibra e móvel. "Com a oferta, segundo o folleto, davam o Galaxy A52", aponta este internauta no Trustpilot. No entanto, "após entregar a documentação, dizem-me que não têm este telefone e que não dão nenhum no seu lugar. Vamos, que a publicidade é enganosa. Era a primeira vez que ia à Phone House, e será a última", lamenta este consumidor.

Como ele, outros utilizadores criticam este tipo de propaganda: "Oferta, 3 dias sem IVA igual a 3 dias sem stock", alerta Raúl emnoGoogle, que explica que lhe asseguraram por telefone que tinham disponibilidade de um telemóvel em concreto, mas, ao chegar, a realidade era outra. "É vergonhoso e um claro exemplo de publicidade enganosa", protesta.

Uma loja de telemóveis quase sem dispositivos

Segundo a citada ex-trabalhadora da Phone House, as queixas pela falta de stocks vêm de longe e eram a tónica habitual. Os consumidores "vinham comprar um telefone, e não há. E este? Lamento, não tenho. Faziam promoções de produtos que não tínhamos, e claro, as pessoas vinham à loja comprar algo que era impossível de vender", diz o antigo empregado da cadeia. Uma informação que também confirma outro ex-trabalhador: "fazem ofertas a knock-down de móveis que não têm para gerar tráfico".

Todos os 'smartphones' que têm na loja da rede / CG

Às vezes, comprar através do website da rede também não é sinônimo de sucesso. "Comprei um telemóvel pelo site e no dia que tinha que chegar enviam-me uma mensagem dizendo que o meu pedido sofrerá um 'leve' atraso porque não tinham unidades. E eu sem o dinheiro na minha conta e sem o equipamento…", expõe Sergio no Trustpilot. Na mesma página de avaliações, entre outros utilizadores, Damián explica que lhe aconteceu exactamente o mesmo. "15 dias após a compra, continuo sem receber o produto nem o reembolso", lamenta.

Horários cruzados

Tanto no website da empresa como no Google pode-se ler que o horário da loja Phone House de Travessera de Gràcia é das 10 às 20:30 horas. Algo que este meio verificou que também não corresponde com a realidade, pois ao meio dia, da semana, a loja há dias que está fechada. Um facto que os consumidores sofreram em primeira pessoa.

Uma loja da rede fechada na primeira hora da tarde / CG

"Tinha que recolher um pedido na loja Phone House do shopping Carrefour de Castellón e esta tarde não abriram. Tenho estado à espera das 17:00 às 18:20 horas", protestou Fernanda. Alguém imagina uma loja da Mediamarkt, Tecnomari, Worten ou qualquer marca de telemóveis fechada sem motivo?