O mundo é a cada vez mais tecnológico. Já é possível fazer praticamente qualquer gestão só com ter conexão a internet e inclusive existe uma versão digital de nós mesmos. Trata-se do RG electrónico.
O baptizado como DNIe é um documento que acredita a identidade de uma pessoa de forma física, por médio do bilhete de identidade, e também de maneira digital, através de certificados. Tem um aspecto similar ao de um cartão de crédito por seu tamanho e conta com um chip que contém todos os dados pessoais. Além de identificar ao cidadão, o RG electrónico dá garantias de que a informação que contém não tem sido alterada.
Como funciona?
Se não tens claro se contas com o RG electrónico, a resposta mais provável é que sim. O DNIe criou-se em 2006 ao integrar um chip no bilhete de identidade, convertendo num documento electrónico. Depois, em 2015, actualizou-se ao RG 3.0, que incorpora tecnologia NFC para o intercâmbio de dados sem contacto. Ademais, a Polícia Nacional anunciou que em 2021 chegará outra renovação do documento de identidade: o RG 4.0. Este modelo incorporará um microchip mais avançado com maior quantidade de informação e poder-se-á levar no móvel através de uma app específica. Também se espera uma melhora no processo de obtenção e renovação do documento, que incluirá a possibilidade de pagamento com cartão.
Enquanto, o conteúdo do chip actual inclui todos os dados pessoais do cidadão e dois certificados. "Incorpora o certificado de autentificación, que garante a identidade electrónica do indivíduo, isto é, que a pessoa é quem diz ser; e o certificado de assinatura electrónica, que permite tramitar procedimentos nas administrações públicas, ou inclusive, com outros cidadãos", explica Alejandro Castelhano, CMO de Billin, uma plataforma que facilita gestões a PMEs e autónomos. No entanto, é importante destacar que, ainda que já se tenha o DNIe, será necessário activar ditos certificados numa delegacia de expedição da Polícia de forma presencial.
Que trâmites posso realizar?
Uma vez que os certificados estão activos, já se podem usar. A Declaração de Práticas de Certificação do RG reconhece quatro usos para este documento electrónico, pensados em agilizar diferentes trâmites. Pode-se utilizar como médio de autenticação da identidade do indivíduo; como documento de viagem nos países que o aceitem como tal; para a assinatura electrónica; e como médio de certificação de integridade de um documento, pois permite comprovar que o mesmo não tem sido modificado por nenhum agente externo.
É possível, também, solicitar o relatório de vida trabalhista ou o certificado de nascimento, consultar os pontos da carta de condução ou renovar o desemprego.
Vantagens
Além de facilitar gestões, há outras vantagens para os utentes do DNIe. "Podem-se fazer trâmites de relações contratuais ou a rescisão destas de uma maneira ágil, sem perder tempo e com garantias legais", destaca Pau Mestre, legal manager de Signaturit, empresa que oferece soluções de assinatura electrónica para negócios. "Os cidadãos não temos muita relação directa com a administração ao longo do ano, para além da declaração da renda, mas para as empresas é uma poupança enorme de tempo", assegura este experiente.
Ainda que o uso do DNIe em seus inícios não foi o esperado, nos últimos anos tem existido um incremento, sobretudo a raiz do Covid-19. "Mas há muitas empresas que ainda estão a valorizar soluções ou não sabem se lhes é realmente útil pelo tipo de negócio que têm", reconhece Mestre.
Um uso a cada vez mais estendido
No entanto, a percepção de outros sectores é que este documento se utiliza a cada vez mais. Na actualidade, a crise derivada do coronavirus tem mudado vários aspectos da vida, incluída a forma em que se fazem as gestões. "O período de confinamiento tem posto de relevo a importância de dispor de ferramentas que permitam realizar a grande maioria de trâmites on-line. O DNIe e o certificado digital têm sido chaves para que muitas pessoas e empresas pudessem seguir realizando gestões quando os escritórios das administrações têm estado fechadas", asevera Castelhano, de Billin .
Coincide com esta visão a Polícia Nacional. "Estamos em contacto com os cidadãos através das redes sociais e a cada vez há mais consultas relacionadas com o RG e os certificados electrónicos", concluem fontes da instituição.