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Podem-te proibir sentar-te só num restaurante? Os experientes aclaram-no

São muitas as queixas de pessoas que denunciam as dificuldades às que têm que fazer frente para conseguir uma mesa num bar na que poder comer sem nenhum acompanhante

Ana Siles

Una mujer sentada sola en la terraza de un bar PEXELS

As férias são o mais esperado em todo o ano. Em família, com amigos ou sozinho. Há muitas formas de viajar e desligar da rotina. Mas não todas as alternativas apresentam as mesmas facilidades. Aqueles aos que gostam de mover-se sozinhos têm mais dificuldades para tudo. Inclusive o alojamento costuma ser mais caro.

Mas quando lhes toca procurar algum restaurante no que comer, começa um autêntico repto. A cada vez é mais difícil conseguir que os bares atendam aos clientes que desejam almoçar ou cenar sem companhia. Dá igual se são turistas ou não. Têm prioridade os grupos grandes e os estrangeiros, especialmente nos terraços. Mas, podem proibir os estabelecimentos a entrada aos solitários?

As cidades turísticas no foco

Javier F. é um dos muitos afectados. Seu caso localiza-se num restaurante de Madri. "Pedi um quarto de frango com batatas para comer eu só numa mesa. Disseram-me que só me podiam vender médio frango", conta a Consumidor Global. Este utente assegura que faz um ano sim lhe serviam essa quantidade sem nenhum problema. "É incrível que não possamos comer sozinhos", conclui. A múltiplos estabelecimentos de Barcelona lhe llueven as críticas por isto mesmo.

Vários clientes tomam cerveja local num terraço / CG

Lorena M. relata que o experimentou até em três terraços diferentes localizadas por trás da estação de Sants. "Tinha mesas vazias mas, quando lhes dizia que era para mim sozinha, me diziam que tinha que ir dentro", expõe. "Que frustración!", limpa. Esta rejeição aos solitários também se produz em Málaga. Agus denuncia que não têm querido lhe dar mesa porque ia sozinha. "E não só me passou um dia e num lugar determinado. Senti-me fatal", assinala.

Uma questão de espaço?

Clara Estrems, directora de comunicação de Guruwalk, explica a Consumidor Global que pode ter por trás desta rejeição. A directora da plataforma de free tours tem-o claro: trata-se de uma questão de espaço. Ver mesas pequenas nas que se apinham grupos para comer é algo frequente em segundo que lugares.

"Se nos mesmos dois metros quadrados metes a quatro pessoas, multiplicas por quatro a facturação que se só metes a um ou a duas", expõe a experiente. Um trato que ao final vai em prejuízo da qualidade do serviço, segundo considera Estrems.

Um pensamento muito "cortoplacista"

O primeiro que há que ter em conta é que a rejeição aos clientes solitários não é algo que se dê em todos os restaurantes e bares. Influi mais bem naqueles que "querem fazer o agosto", tal e como recalca a experiente. Isto é, estabelecimentos aos que só lhes interessa o turista e centra sua caixa nos meses de verão. "Acho que é um pensamento muito cortoplacista. Quero sacar proveito agora, mas não me preocupo na qualidade que vou oferecer ou de se a gente vai voltar", reflexiona a experiente.

Várias pessoas no interior de um bar / PEXELS

No entanto, aqueles locais que pensam mais em longo prazo, procurarão um espaço mais cómodo para seus comensales. Os grandes grupos de turistas também sofrem pressão. Muitos deles encontram dificuldades para tomar algo nos terraços. Assim o demonstra a experiência de um utente em Sevilla. "Íamos um grupo dentre 8 e 10 pessoas e disseram-nos que só para cenar, nada de cerveja e finco".

Soluções a estas práticas

Quiçá o principal problema é que em Espanha não há tanto costume de sair a comer sem acompanhantes. Não ocorre o mesmo em outros países de Europa, especialmente na parte do Leste. Ali compartilhar mesa voltou-se quase o pão da cada dia. Uma forma de evitar a rejeição para comer sozinhos. A experiente propõe mais soluções para regular esta situação.

Várias pessoas no terraço de um bar / UNSPLASH

Uma delas passa por diversificar a oferta turística. Trata-se de sacar aos turistas dos centros das cidades. Ensinar-lhes a realidade em outras zonas das urbes para que não se concentre toda a oferta gastronómica numa única zona. "Assim não só se criam franquias orientadas aos turistas". Outra alternativa pode ser habilitar as barras para as pessoas que queiram comer sozinhas ou habilitar zonas para as mesas mais pequenas. "Não denegar selvagemmente a todo mundo que vá comer só", defende a directora.

É legal?

Seja como for, há uns claros afectados: os solitários. São eles os que têm que fazer frente às desculpas dos estabelecimentos. Agora bem, é legal? "Por lei, os bares têm direito de admissão", explica Clara Estrems. Este é o motivo pelo que sim podem negar a mesa a uma pessoa com qualquer desculpa. Uma política de empresa que à longa pode jogar uma má passada. "Quando não te vingam grupos grandes, podes correr o risco de ter que fechar", manifesta a experiente.

Várias pessoas pedindo menu do dia num bar de Espanha / PIXABAY

Para a directora de Guruwalk a solução passa por fazer uma busca de consciência social. Evitar que os centros das cidades se convertam em "parques de atrações que acabem expulsando à gente que vive aí". A experiente sustenta que muitos destes centros são fotocopias uns de outros: "Restaurantes franquias, lojas para comprar souvenirs e alugueres de férias".