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Pedir um táxi pela app Free Now pode-te sair 50% mais caro que parar um com a mão
A aplicação com tarifa fechada utiliza o truque de introduzir a rota mais longa no seu navegador, o que aumenta o preço
Eram as duas da manhã, o metro estava fechado, o autocarro demorava em meia hora a passar e Raquel Navarro queria chegar a casa. A melhor opção era apanhar um táxi, mas, justo nesse momento, não passava nenhum, de modo que abriu a aplicação Free Now para solicitar um. Segundo conta a jovem de 24 anos, dava-lhe tranquilidade saber que não pagaria nem um euro mais, ainda que se prolongasse o trajecto, já que se lhe oferecia uma tarifa fechada de 10 euros. No entanto, apenas uns segundos antes de aprovar a viagem, viu um táxi livre perto. Sem duvidá-lo, Navarro levantou a mão para pará-lo. Ao chegar ao seu destino, o taxista disse-lhe para sua surpresa: "São seis euros". Quase metade do que teria pago com a app.
Tito Álvarez, o porta-voz da associação Elite Táxi queixa-se à Consumidor Global de que "roubam as pessoas. É uma vergonha. Se decides viajar com eles –Free Now– pode chegar a sair-te até o dobro mais caro que parar um táxi pela rua". De facto, ao fazer a prova de uma rota desde a rua da Dàlia à rua do Cadí, em Barcelona, o preço pela app é 37,50 euros, enquanto, realizando o trajecto à mesma hora, mediante a aplicação Táxi Ecològic, sem um preço fixo, sai a 18,95 euros, e com tarifa fechada a 20,60 euros. Isto é, 49% mais barato. "São uns ladrões, sempre procuram o buraco para sacar dinheiro", arremata Álvarez.
Free Now utiliza a rota mais longa
A aplicação da Free Now permite cobrar directamente o custo da viagem no cartão de crédito associado. O pagamento realiza-se por adiantado, de modo que o cliente conhece o que lhe vai custar a viagem antes de contratar o serviço. No entanto, Álvarez avisa a este meio que "o navegador da aplicação da Free Now, que calcula o preço antecipado tendo em conta a distância e o tempo em chegar ao destino, escolhe sempre a rota mais longa, o que aumenta o preço".
"Fazem-no mal ao ter essa falha nos seus navegadores", destaca. Np entanto, da Free Now asseguram que, à hora de realizar o trajecto, usam a app do Google Maps. Assim mesmo, acrescentam que "na hora de atribuir as viagens aos passageiros usamos inteligência artificial, tendo em conta a distância do condutor ao passageiro, o tempo de percurso, etc. De forma que as viagens sejam o mais eficientes possíveis".
Diferentes tarifas para Madrid e Barcelona
Este fornecedor de táxis utiliza a tarifa 3 dentro da área metropolitana de Barcelona, regulada pelo Instituto Metropolitano do Táxi (IMET), que estabelece um preço fixo para serviços contratados através de aplicações. Esta tarifa calcula-se somando o custo da baixada de bandeira, mais o preço por quilómetro (segundo a longitude da carreira) desde o ponto de origem ao ponto de destino, mais os suplementos que se possa acrescentar.
Por outro lado, dentro de Madrid, a tarifa é a 9. Mais especificamente, através dela, o cliente poderá abonar a menor das duas seguintes quantidades: o preço marcado pelo taxímetro ou o preço oferecido no momento da solicitação.
Assim se defende a empresa
"A principal diferença entre pedir um táxi através de uma app ou na rua é a tecnologia móvel utilizada. Desde que aterramos em 2009 em Espanha, a Free Now centrou-se na digitalização do sector do táxi para torná-lo mais competitivo, moderno e adaptar às necessidades do consumidor actual", comunicam da companhia. "Através do telemóvel, e em menos de três passos, um utilizador pode solicitar ou reservar um táxi, conhecer a rota mais rápida, escolher o condutor, personalizar o tipo de veículo ou pagar a partir do telemóvel", enfatizam.
No entanto, ao perguntar sobre o aumento dos preços que realiza a app em comparação com os que oferece um táxi sem um preço fechado, da Free Now limitam-se a responder que "todos os preços são conformes às tarifas reguladas pelas autoridades locais nas cidades que opera. Sempre operámos com transparência e conforme os regulamentos que aplicam ao sector do táxi de todas aquelas cidades nas quais operamos", concluem sem especificar se utilizam a rota mais longa, aumentando assim a despesa ao cliente.
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