Custa-a de janeiro tem mais fama, mas a de setembro pode ser igual de dura. Entre as razões, as tarifas das matrículas universitárias, que podem ascender a milhares de euros, e, por suposto, os preços dos livros de texto. A polémica sobre estes materiais escolares reverdece a cada ano entre julho e setembro, e depois seca-se até o curso seguinte. Conquanto as concorrências de Educação estão transferidas às comunidades autónomas e há enormes diferenças entre zonas e centros educativos, os manuais supõem um desembolso de centos de euros para certas famílias. Alguns estudantes têm a sorte de herdar de um irmão ou do Príncipe Mestizo, mas não sempre é assim.
Com a implantação da nova lei educativa, a LOMLOE, terá novos currículos, o que significa novos livros. Enquanto, os velhos inundam Wallapop, já que as novidades não chegarão de forma imediata a todos os territórios. Por sua vez, as livrarias especializadas em livros de texto de segunda mão arquean a sobrancelha e acham que, dantes de que os estudantes forren seus manuais, as que se forran são as editoriais.
Até mais dois terços baratos
O Giralibro é um negócio de livros de texto de segunda mão localizado em Santander que regenta Elena Colvé. Esta livreira conta a Consumidor Global que sempre que há crise há busca de poupança, pelo que prevê que este verão terá mais compras em livrarias de segunda mão. Não obstante, considera que já é algo bastante instaurado. "Nós levamos 10 anos e, desde o princípio, a iniciativa teve muito sucesso. A poupança é muitíssima, e ademais já ninguém atira os livros e os meninos se acostumam a não os pintar", declara.
Colvé critica sem tapujos às grandes editoriais de livros de texto, que são as que têm a sartén pelo cabo. "Há livros da edição anterior que custaram 36 euros, e agora se devem substituir por uma nova versão que é praticamente igual, só mudam umas poucas linhas. Pode-se demonstrar que alguns são fincados a anos anteriores, e é uma autêntica vergonha", proclama a livreira. Um livro de bachillerato novo ronda os 40 euros, e esse custo pode baixar, se é de segunda mão, à metade ou inclusive a um terço. Mas se os centros instam a usar os novos, não há alternativa.
Uma mudança confusa
Os pais também não compreendem bem esta despesa em volumes que chega quase por lei. María Capellán é a presidenta da Confederação Espanhola de Associações de Mães e Pais do Alumnado (Ceapa) e indica a este meio que, conquanto os preços variam muito em função da cada comunidade e da cada centro, não todas as classes dever-se-iam basear nos livros. A seu julgamento são uma ajuda, não a coluna vertebral. "Agora, com a mudança de lei, se têm que voltar a mudar, e não temos muito claro por que, porque os conteúdos das matérias são muito similares", expressa Capellán.
Ademais, afirma que há muitos centros educativos que ainda não têm publicado os livros que precisarão os alunos o próximo curso, o que dificulta às famílias planificar sua despesa. Ainda que ainda não há cifras para 2022-2023, Capellán estima que, em media, o curso passado o desembolso em livros de texto foi de 200 euros por aluno. A presidenta de Ceapa também não tem claro o papel que jogará a digitalização, se significará ou não um abaratamiento. "Vemos que em algumas salas há tanto portáteis ou tablets como livros, e não lhe vemos o sentido a que tenha ambas coisas", indica. Em general, gostaria que tivesse mais de previsão e justificativa das novidades.
"Livros exactamente iguais"
"A cada editorial pertence a um lobby", expressa, sem restrições, Colvé. "E o livro de texto é o best-seller de qualquer editorial". A lei diz que em Espanha um livro tem que durar 4 anos, mas, segundo indica a dona do Giralibro, com a nova lei de Educação há muitos que se vão aposentar com mal um ano de circulação. A Colvé parece-lhe lógico que tenha que mudar de manual se mudam as matérias, mas não que seja uma imposição geral. "Têm sacado livros exactamente iguais em Matemáticas ou Língua", recalca. "E nem sequer põem-lhes uma tampa dura", acrescenta.
Claudio Valera é professor de História num instituto de Toledo. "Há que manter os livros que elejam os departamentos durante quatro cursos, mas com a LOMLOE terá que eleger novos volumes, corresponde o fazer. Ainda que é verdadeiro que em algumas matérias poder-nos-íamos apañar com os mesmos, os conteúdos são mais ou menos iguais. O que ocorre é que às editoriais lhes vem muito bem ter que sacar e vender instâncias novas para que se comprem, claro", argumenta. Não obstante, assinala que os institutos nunca mudam um volume sem justificativa. "Há que dar razões muito contundentes para que to aprovem", aponta. Os renglones do Ministério não estão torcidos.
Um sector que facturar 765 milhões
Além de professor, Valera é pai, e reconhece que comprar livros novos "é um pau para as famílias". Desde a Associação Nacional de Editores de Livros e Material de Ensino (Anele) defendem-se. Fontes da entidade recordam, em primeiro lugar, que "aproximadamente o 50 % das famílias espanholas não pagam nada pelos livros de texto". Isto sucede, por exemplo, em Andaluzia. Ademais, estas fontes arguyen que o modelo de negócio depende da cada editorial, e que os novos tomos são bastante diferentes com respeito aos do ano anterior, pelo que os mudar sim é necessário.
Mas os dados de Anele diferem dos de Ceapa. Segundo o relatório O livro e os conteúdos educativos em Espanha. Curso 2021-2022, a cada aluno gastou, em media, 92,28 euros em livros de texto em 2020. Nesse ano, o sector facturar 765,47 milhões de euros. À pergunta de se os manuais são caros, esta fonte responde que "depende de com que o compares" e que "teria que ver a cada caso concreto", mas recorda que são "instrumentos que se usam durante todo um ano".
Leis acomodadas às editoriais
Luis López Guerra é o dono de Cydonia , uma grande livraria de Móstoles na que há, entre novos e de segunda mão, uns 75.000 instâncias. Este experiente, com anos de experiência no sector, mostra-se conciliador entre a perspectiva dos pais e a das editoriais. López narra que começou com os livros de texto de segunda mão em 2008, num momento de crise. "Não é nada indigno usar segunda mão, ao invés. Funcionou de fábula, e para mim, o sorriso de um pai que nesse momento não podia pagar os livros novos era uma gratificación imensa", relata.
Com tudo, acha que estes contêiners do conhecimento "não são nem tão caros nem tão baratos, tudo depende do prisma com o que se olhe", indica, e faz referência a outros produtos cujo preço não se questiona tanto, como os smartphones. "Um livro custa 35 ou 38 euros, quiçá os mais caros de bachiller cheguem aos 50. Isso é caro?", inquiere. Ademais, sublinha que as editoriais são empresas privadas que contribuem à economia, que pagam a formação e os direitos de autor e que, tal e como especifica a lei, não mudam os volumes dantes de tempo. E, quando o fazem, é porque se adecúan ao que opina o Ministério de Educação. A este respeito, Calvé saca a artilharia e aponta que "o Ministério faz as leis para as editoriais".
"Não há teoremas matemáticos novos"
Com tudo, López Guerra destaca que ao final são os professores os que determinam se o livro se vai usar ou não, pelo que entende certas posturas dos pais. Por exemplo, considera que um livro de 2015 não tem por que estar forçadamente defasado em 2023 a não ser que a matéria seja recém estreada, porque "não há regras ortográficas novas nem teoremas matemáticos novos".
Fontes da Federação de Associações de Mães e Pais de Alunos da Escola Pública de Aragón (Fapar) indicam que a mudança de livros não teria que se produzir neste ano, e que, de facto, tem tido recomendações profissionais para que as mudanças sejam "os mínimos possíveis", já que os reais decretos se publicaram tarde. Em Aragón, tal e como recorda Fapar, os bancos de livros permitem abaratar o preço, e também existe um programa de bolsas de material curricular do que se beneficiam 17.000 famílias. "O que não entendemos é que o livro seja a única ferramenta para os docentes, e não algo complementar, que ajude. Achamos que há que libertar desta atadura", sublinham.