0 comentários
O paddle surf evita a inflação e os clubes mantêm os preços apesar do aumento da procura
As escolas de desportos náuticos celebram a ascensão de uma actividade que junta cada dia mais adeptos, em especial em verão e alertam de que as tarifas subirão na próxima temporada
O paddle surf ainda está na moda. Assim o confirmam clubes e escolas de desportos náuticos de toda Espanha que, apesar da inflação, mantêm de forma geral as tarifas dos seus serviços "porque subir os preços pode ser um prejuízo para nós", segundo indica Pedro Jiménez, fundador da Cool Hot Water Sports, uma escola de Málaga.
É que os desportos náuticos se convertem numa opção muito procurada durante todo o ano, mas de forma especial no verão , quando o bom tempo convida a apanhar a tabela e o remo e lançar-se a viajar sobre as ondas. Em Espanha há uma lista extensa de clubes e escolas que se dedicam a alugar materiais náuticos como pranchas, kayaks e canoas, além de oferecer aulas com monitores, tanto de iniciação como de aperfeiçoamento.
Entre 15 e 20 euros a hora
O aluguer de material é o serviço mais procurado destes clubes, que se localizam na maioria dos casos na costa, ainda que também existem numerosas escolas que trabalham no interior, em lagos e rios. Os preços para alugar uma prancha de paddle surf oscilam entre os 15 e 20 euros por hora. As travesías e rotas guiadas com monitores, além das aulas de iniciação, estão em torno dos 25 ou 30 euros a hora.
Estas tarifas mantiveram-se face ao ano passado na maior parte de clubes e escolas, apesar da inflação generalizada que tem aumentado a maioria de produtos e serviços, em especial os vinculados às viagens de férias. Para Jiménez, subir os preços tanto de aluguer como das aulas significa um risco que prefere não assumir e mantém as mesmas tarifas que a temporada passada.
Último verão sem subida de preços
No entanto, alguns clubes já começam a fazer contas face à próxima temporada. Maite Rodríguez, responsável por administração do Ocean Republik de Valencia, reconhece que, ainda que neste ano mantenham as tarifas, "o próximo verão teremos que subir porque temos novas actividades como o wing foil, cujo material é muito caro e há que pôr tudo conforme o mercado e cobrir a manutenção".
No Surf Vigo também mantêm os preços e, ainda que tenham muitas reservas de turistas que os visitam em férias "trabalhamos principalmente com público local". De igual forma que a procura começa a notar-se já nas principais cidades de praia, alguns clubes como o da Rijana em Motril, Granada, têm que esperar um pouco, já que "aqui arranca um pouco mais tarde", explica Alejandro González.
O desporto do "boca a boca"
José Rodríguez Ferra é monitor de paddle surf na Associação Marinha de Cope para o Turismo Activo e Sustentável, em Múrcia. "Aqui oferecemos aluguer de kayak e paddle surf, mas sempre tento convencer as pessoas para que optem pelo paddle", afirma à Consumidor Global. O monitor conta que o kayak é de aluguer livre, enquanto o paddle surf consiste em fazer uma travesía em grupo guiada por um monitor "para que as pessoas aprendam bem e desfrutem do desporto".
Neste clube os preços funcionam de forma diferente. As reservas fazem-se por meio dia e não por horas, como na maioria dos casos. "São 25 euros por pessoa toda a manhã ou toda a tarde, até que se cansem", explica. Para Rodríguez, o paddle surf é um desporto que se tornou muito na moda nos últimos anos graças ao "boca a boca e termos levado as nossas pranchas pelas praias para que as pessoas sentissem curiosidade", conclui.
Pranchas insufláveis, um perigo para os principiantes?
Outro factor que tem promovido a visibilidade deste tipo de desportos náuticos são as grandes superfícies como Decathlon com sa ua venda de pranchas. Há de todos os preços e tipos, desde as insufláveis, cujos preços oscilam entre os 199 euros e 349 euros; e as rígidas, a mais de 600 euros.
Francisco Jiménez leva no mar mais de 40 anos. Agora acaba de fechar um clube de paddle surf que geriu durante 12 anos em Cambrils (Tarragona). Considera que este é um desporto que parece fácil ao princípio, "mas para o qual há que conhecer muito o mar antes de subir a uma prancha". Jiménez reivindica o papel das escolas e critica que a comercialização de pranchas baratas ao estilo Decathlon "faz dano porque as pessoas entram no mar sem ter um mínimo de formação. Teria que ser obrigatório receber formação antes de subir na prancha e remar".
Novos desportos que se juntam ao 'boom' náutico
Maite Rodríguez, da Ocean Republik, afirma que após rever as comparações mensais observou um aumento notável nas reservas face ao ano passado pelas mesmas datas, "em especial em desportos novos como o wing foil", uma actividade que começa a estar na moda nos clubes mais especializados e que esperam que cale entre o público de kayak e paddle surf.
"O wing foil é um prolongamento do windsurf. À típica prancha com vela acrescenta-se uma espécie de barbatana que permite navegar com menos vento", explica Rodríguez. Ao ser um desporto mais técnico, a maioria dos clientes que optam por praticá-lo são locais ou habituais durante todo o ano, "ainda que haja cada vez mais turistas que se animam a eperimentar", explica a responsável pela administração de Ocean Republik.
A pandemia, impulsora destes desportos
Mas, por que estão tão na moda os desportos náuticos? Maite Rodríguez considera que a pandemia foi em parte a principal responsável, já que as pessoas se habituaram a fazer actividades ao ar livre: "Tal comoenchem os terraços, também se pede mais desporto ao ar livre. Além disso, os desportos náuticos dão muito jogo a ir com amigos, manter a distância e desfrutar, que é o mais importante".
Ainda fica um longo verão para observar a evolução destes desportos, mas as escolas já antecipam uma boa temporada. Terá que observar com atenção esses preços que sobem na maioria de serviços e que, já têm advertido, também afectarão aos bolsos dos aficionados à prancha e o remo.
Desbloquear para comentar