Ainda que ainda há algum polvorosa em cima da mesa, as festas de Natal já ficaram longe e, no entanto, são muitos os consumidores que continuam à espera de receber os seus presentes de Reis. A empresa de transportes Paack foi sufocada pelas encomendas que ainda não entregou em nome da Decathlon, Zalando, El Corte Inglês ou PcComponentes.
Esta empresa "fantasma", como chamam alguns clientes pela dificuldade para falar com eles, acumula várias queixas nas redes sociais. Entregas atrasadas de forma reiterada e encomendas indetectáveis que se traduzem em desespero e frustração por parte dos utilizadores. Inclusive pedidos que são entregaram a terceiros que se fizeram passar pela identidade dos destinatários.
Sem presente de Reis por culpa da Paack
Rosario Castro comprou no site da Zalando no dia 28 de dezembro com data garantida de entrega a 4 de janeiro. Um pedido especial para o dia de Reis que, no entanto, ainda não recebeu. "Todos os dias vão adiado um dia a data de entrega, é desesperante", escreve Castro no Twitter.
Enquanto isso, numa captura de ecrã na qual mostra o rastreamento do seu pedido pode-se ler: "As festas aproximam-se…e o teu pedido também!". A verdade é que as festas já passaram e o pedido, se chega, já não parecerá um presente de Reis.
Uma história repetida
Como o de Castro, dezenas de casos refletem nas redes sociais o pobre serviço da Paack para as entregas destes natais. Saray L. conta à Consumidor Global como os seus presentes para Reis foram adiado até o 20 de janeiro por culpa da empresa de envios. "Vai soar-te a história repetida", reconhece ao falar com este meio.
"Tinha duas encomendas, uma da Amazon e outra da Zalando. Deveriam ter chegado no dia 5, mas a cada dia pela tarde mudavam-me a data de entrega para o dia seguinte. No final, no dia 12 mudaram-me a data de chegada para 20", conta esta utilizador.
Um incidente no armazém
A única explicação que recebeu esta cliente chegou na sexta-feira 13 de janeiro, quando da Paack lhe informaram da existência de "um incidente grande" no centro logístico de Andaluzia. "Eles dizem que os pacotes não se extraviaram. Segundo a Zalando, o seu ao menos sim", diz Saray L. a esta redacção.
Outra história parecida é a de Andrés Peña que, para receber a sua encomenda, teve que pressionar a Celeritas, a empresa que subcontrata a Paack para realizar os envios. Recorreu a esta via porque com a Paack é "totalmente impossível contactar", já que não dispõem de correio electrónico nem número de telefone de atendimento ao cliente.
Jamais com a Paack
"Mudaram o dia do trânsito até três vezes e também não deixam opção de recolhê-lo em pessoa" conta indignado. Para Peña, o serviço da Paack é "desastroso" e afirma não voltará a fazer pedidos em lojas que trabalhem com eles. "É a única empresa com a qual tive este tipo de incidentes, não dão imagem profissional", critica.
A lista de empresas que trabalham com esta empresa de entregas é ampla. PcComponentes também recebeu queixas pelo serviço desta transportadora. Como conta Cristina G., teve que reclamar à PcComponentes "porque não há forma de contactar com a Paack" e estava preocupada de que tivessem perdido o seu envio, um computador e um monitor, que no final chegou com quatro dias de atraso.
Sem notícias da Paack
A Consumidor Global tentou contactar a Paack para oferecer a sua versão sobre esta onda de envios atrasados e cancelados, mas não teve resposta por parte da empresa até ao termo da reportagem. Por sua vez, a PcComponentes afirma a este meio que a resolução de incidências que possam afectar os seus pedidos é um dos seus principais compromissos com os clientes.
"Da equipa de atendimento ao cliente recebemos, analisamos e oferecemos sempre solução para cada um dos incidentes que possam surgir durante todo o processo de compra", remarca a loja de informática.
Entregar a encomenda a um desconhecido
Com a Decathlon, a experiência foi ainda pior, chegando a entregar uma encomenda que tinha pedido um consumidor a outra pessoa. "Lamentável o serviço de envio da Paack e Decathlon. Fazes um pedido, marcam-no como entregue e ninguém sabe onde está", escrevia Ángel R. no Twitter. Ao fim de uns dias, este cliente continuava sem solução e partilhou no Twitter como o seu pedido aparecia como entregue com a assinatura de uma terceira pessoa que se tinha feito passar por ele.
A advogada e professora da UOC, Rosana Pérez Gurrea, explica à Consumidor Global que este tipo de situações dão-se quando os estafetas não pedem a identificação às pessoas a quem entregam as encomendas. A também vocal da Subcomissão sobre Direitos dos consumidores do Conselho Geral da Advocacia Espanhola recomenda reclamar na loja declarando que a identidade foi usurpada. "Também é recomendável ir à polícia e que a partir daí se resolva, sem devolver os recibos de compra, já que podem dificultar a gestão", conclui a jurista.