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Lamentamos: não existem eco-hotéis espanhóis, ainda que tos vendam assim
Estes estabelecimentos afirmam que são mais sustentáveis que os tradicionais para subir o preço por noite
O termo ecológico perdeu um pouco o seu sentido e vemo-lo já até na sopa. Hoje, há todo o tipo de produtos e serviços "eco". De facto, também chegou ao turismo, com o denominados eco-hotéis. A forma na qual se viaja afecta o planeta e a indústria hoteleira pode pôr seu granito de areia para cuidar mais o meio ambiente, mas a que preço?
Nos últimos anos, houve um boom dos chamados alojamentos sustentáveis. No entanto, algumas vozes alertam de que este slogan não é mais que uma afirmação para vender mais. Mas, existem na verdade eco-hotéis em Espanha? Quais são os requisitos que têm que cumprir para se chamar assim?
Que é um eco-hotel?
O termo eco-hotel é tão amplo como há hotéis. Ainda que a RAE lance luz sobre o tema. Defende que "é o turismo com o qual se pretende compatibilizar a fruição da natureza e o respeito pelo equilíbrio do meio ambiente". A Sociedade Internacional de Ecoturismo, além disso, acrescenta o plus de impactar positivamente na economia da população local.
Outros portais do setor sugerem que os eco-hotéis devem apresentar uma arquitetura respeitosa com o seu meio e empregar sistemas de energia renovável. Também, no seu interior, estes estabelecimentos têm que ser ecológicos. O mobiliário, a roupa de cama e os sabonetes devem ser orgânicos.
Booking finca com os seus eco-hotéis
Se se procura eco-hotéis no Google aparecem vários portais de reservas com centenas de opções. Um é o Booking. De todas as opções que oferece, poucas são inferiores a 150 euros por noite. Um exemplo é o Hotel 1800 Casa Granada no qual uma noite custa 280 euros. "Não temos placas solares e duvido que se empregue algodão orgânico para lençois ou toalhas", explica uma das suas empregadas. E por que empregais o conceito eco-hotel?, pergunta-se-lhe. "Não tenho nem ideia", contesta.
Outro dos estabelecimentos que aparece neste portal on-line é Only You Hotel Madri. "O cliente não vem porque seja um eco-hotel, mas sim porque quer uma experiência", explica a recepcionista, que também não sabe muito bem se o hotel é sustentável ou não. Outro caso de estudo é a rede hoteleira Eco Hotéis que se chama assim por outras razões. "Muitos perguntam, não temos hotéis sustentáveis, é o nome que lhe puseram à rede há muito tempo e não o mudámos", acrescentam.
O 'greenwashing' da hotelaria
"Em Espanha não existem os eco-hotéis", afirma Arturo Crosby, especialista e professor na pós-graduação de Gestão e Inovação de Destinos Turísticos pela Universidade Complutense de Madri. Na sua opinião, a maioria dos que existem em Espanha fazem-no para atrair mais consumidores. "O sustentável está na moda e vende, de modo que muitos empregam este rótulo a modo de greenwasing ". O greenwashing é uma prática de marketing destinada a criar uma imagem falsa de responsabilidade ecológica. Muitas organizações de defesa do ambiente empregam este termo para denunciar as empresas que se fingem preocupar-se com o meio ambiente.
E ainda que a maioria dos encontrados não sejam autênticos eco-hotéis, há alguns que se salvam. É o caso do Mas Salgros, situado a 20 minutos de Barcelona. Esta herdade reacondicionada é uma casa 100 % ecológica. Aproveitam a água da chuva, incorporam um sistema fotovoltaico para dotar de energia o hotel e até têm uma estação para carregar os carros eléctricos. Também oferecem comida orgânica dasua própria horta e fazem compostagem do lixo gerado. "Levamos isto a sério, para nós não é uma rótulo e já está, senão uma forma de vida", explica um dos seus trabalhadores.
Muitos rótulos e pouco fundo
Na opinião de Crosby, o problema do falsos eco-hotéis recae em que "não há uma regulação conjunta, há vários certificados e as empresas pagam por eles". E ao não ter nenhum tipo de regulamento "não há um controle que exija o cumprimento de um mínimo de parâmetros", afirma este especialista.
Outro dos pontos que destaca Crosby é o preço destes estabelecimentos. "Entendo que sejam mais caros, mas quando muito podem ser 10% mais. Em Espanha ainda não existe um consumidor tão consciente com o meio ambiente e disposto a pagar o que pedem a maioria destes estabelecimentos, e mais nos tempos que correm", acrescenta.
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