A Justiça está a pesquisar a Ocasionplus e Autofesa, duas das principais plataformas de venda de carros de segunda manou, por um suposto delito de fraude. Vários julgados da localidade de Navalcarnero (Madri) têm admitido a trâmite denuncias contra ambas companhias por comercializar automóveis em mau estado e se negar depois a assumir o custo de reparo dos veículos ou os substituir por outros de similares características.
Segundo informa O Confidencial, as denúncias dirigem-se contra as próprias mercantis e seus administradores, os irmãos Daniel e Fernando Rodríguez Santos. Ainda que Ocasionplus e Autofesa prometem em seus escritórios e abundante publicidade "transparência total" e garantem que todos seus automóveis têm sido submetidos a um exhaustivo exame em "mais de 200 pontos de controle", numerosos exemplos põem em dúvida essa afirmação.
Falhas após comprar os veículos
Um dos casos aos que tem tido acesso o jornal digital é o de E.C.C., que comprou em Autofesa um carro por 6.600 euros o 22 de junho de 2022. Só sete semanas depois, o automóvel se parou de repente no meio da estrada. Na oficina, disseram-lhe que se tinha produzido uma perfuração e rompimento da junta da culata, bem como da própria culata. O carro ficou inservible e E.C.C. arrasta um suposto prejuízo de 12.000 euros.
J.M.P. demorou menos tempo em dar-se conta de que tinha um problema. Pagou a Ocasionplus 26.150 euros por um carro o 29 de outubro de 2021. Nesse mesmo dia, justo após abandonar o concesionario, acendeu-se-lhe a testemunha de "falha do motor". Levou-o ao concesionario oficial da marca e ali averiguó que o automóvel que acabava de adquirir tinha "defeitos nas correntes de distribuição e eixos, rompimento do filtro de partículas e discos de travão estragados". Os danos económicos rondam os 28.000 euros.
A treta para saltar-se no ano de garantia
Segundo estes relatos, tanto Ocasionplus como Autosfera se desentienden de de os defeitos que encontram os clientes, apesar de que a lei impõe aos vendedores dos veículos seminuevos um ano de garantia. No entanto, ambas companhias costumam introduzir subrepticiamente nos contratos uma cláusula pela que forçam a seus clientes a declarar que os automóveis vão ser utilizados para uma actividade empresarial.
Com esta estratégia, Ocasionplus e Autosfera podem eludir no ano de garantia obrigatório, ao não reconhecer ao comprador a condição de consumidor , sina de empresário, ainda que a maioria de afectados são particulares e alguns nem sequer trabalham por conta alheia.