Mercadona tem seu próprio exército de seguidores nas redes sociais. Estão atentos à cada lançamento que realiza a empresa de Juan Roig e, sobretudo, são exigentes. Assim, o novo desinfectante de frutas e verduras fabricado por Bosque Verde, que começou a distribuir em alguns estabelecimentos da corrente, não tem passado desapercibido e tem acordado todo o tipo de comentários. Alguns perguntam desesperados em que secção da loja podem o encontrar, enquanto outros protestam porque em sua cidade ainda não está disponível e bastantees questionam a utilidade do produto.
Para além do revuelo gerado, o verdadeiro é que Mercadona já distribui uma lixívia (Lixívia Normal Bosque Verde) que custa entre 0,31 e 0,24 céntimos o litro --segundo o tamanho da garrafa-- e é apta para a desinfecção de frutas e verduras. Isto é, a corrente conta com outro produto em seus lineares que cumpre com o mesmo propósito e que, se se compara o preço do litro, é 10 vezes mais barato que seu recente lançamento, que se vende a dois euros e em formato de médio litro. De facto, Bosque Verde explica em seu site como utilizar esta lixívia para desinfectar frutas e verduras e a recomenda para dita tarefa.
A concorrência real do novo produto de Mercadona
Ainda que a alguns lhes possa resultar raro, a própria Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição (AESAN) indica que para a desinfecção da fruta ou verdura crua com pele se pode usar lixívia etiquetada como "apta para a desinfecção de água de bebida". Segundo explica o organismo, basta com submergir estes alimentos durante cinco minutos numa mistura de água potável e lixívia apta para sua desinfecção. Mais especificamente, recomenda-se uma relação de 4,5 mililitros de lixívia pela cada três litros de água. Depois há que aclarar a comida com abundante água e a secar.
Enquanto, o formato de médio litro do novo desinfectante de frutas e verduras de Mercadona é o mesmo utilizado pelo que, ao menos até agora, era um dos produtos mais populares para a lavagem deste tipo de alimentos: Amukina, produzido pela farmacêutica de origem italiana Angelini. Para competir com os transalpinos, a corrente valenciana tem optado por preços de derrubo. Assim, enquanto o produto de Angelini se move numa forquilha dentre 3,84 e 4,25 euros --em função do revendedor--, a versão de Bosque Verde custa a metade. Mas ambos desinfectantes incluem o mesmo: hipoclorito de sodio, cuja dissolução em água é conhecida como lixívia. No entanto, a concorrência não fica aí dado que a imensa maioria dos supermercados espanhóis oferecem já lixívias aptas para a desinfecção do água e também produtos específicos para frutas e verduras. Assim, por exemplo, outra alternativa dentro do mercado é Lejisana, que tem um preço dentre 6 e 7 euros em seu formato de 1 litro e está disponível em superfícies como Alcampo e O Corte Inglês.
A facilidade de aplicativo, o gancho da novidade de Bosque Verde
O modo de emprego do novo Lava Frutas e Verduras de Bosque Verde é idêntico ao que recomenda a AESAN e aplicável a qualquer outra lixívia apta para desinfectar água. Mais especificamente, o etiquetado do novo lançamento de Mercadona indica que há que acrescentar três tampas do líquido --12 mililitros-- num litro de água. Uma vez feito isto, há que submergir na mistura as frutas e as verduras --com pele e sem trocear-- durante cinco minutos, ainda que se se prefere uma "desinfecção exhaustiva" o fabricante recomenda as deixar até 15 minutos. Depois deste processo só há que aclarar com abundante água.
Nesse sentido, a principal vantagem deste produto que se comercializa de forma específica para a comida é a facilidade de aplicativo devido ao dosificador que apresenta. Isto permite ao utente atinar melhor com a dose necessária, algo que resulta mais engorroso nas típicas garrafas de lixívia, que não costumam dispor deste elemento. No entanto, entre as desvantagens do novo produto de Mercadona em frente a outras lixívias é que se precisa utilizar mais quantidade para conseguir o mesmo objectivo. Isto se deve às diferenças nas concentrações de hipoclorito de sodio, que são maiores nas lixívias aptas para desinfecção de águas e outros usos. Assim, enquanto do novo Lava Frutas e Verduras fazem falta 12 mililitros por litro de água, com a Lixívia Normal de Bosque Verde faz falta menos de um mililitro --20 gotas-- para desinfectar 10 litros de água. A todo isso há que lhe somar que esta última também é mais versátil e se pode usar na limpeza de solos ou na desinfecção de lavabos.
O vinagre não serve para desinfectar
Lavar a fruta e a verdura com lixívia é recomendável para "mulheres grávidas, pessoas inmunodeprimidas, idosos e meninos muito pequenos", assegura a Consumidor Global Miguel Ángel Lurueña, doutor em Ciência e Tecnologia dos Alimentos e divulgador científico. Em mudança, para alguém são basta com as lavar e as esfregar baixo o grifo, ainda que todo depende do apreensivo que seja a cada um e das cautelas que decida tomar. Quanto aos riscos que supõe uma má limpeza destes alimentos, figura a possibilidade de contrair difteria ou se topar com bactérias como a Escherichia coli --a famosa E.coli--, que causa diferentes tipos de doenças. Ademais, ainda que não há nenhum caso documentado em Espanha, também é possível contrair o coronavirus se alguém infectado tem estornudado, por exemplo, nas maçãs da loja.
Nesse sentido, alguns utentes nas redes sociais que questionam a utilidade do novo produto de Mercadona apontam que o vinagre também pode servir para desinfectar frutas e verduras, mas andam desencaminados. "A lixívia dá muito medo, mas se utiliza-se uma apta e se diluye de forma adequada não têm nenhum perigo. A gente utiliza vinagre porque acha que é mais natural, mas não tem nenhum efeito para matar bactérias", assegura o experiente, quem recorda a necessidade de prestar mais atenção à lavagem da fruta que se apanha de forma directa de um huerto porque, ainda que tem melhor fama por ser mais natural, o verdadeiro é que a que se compra no supermercado já está submetida a um tratamento mais exhaustivo de limpeza.