Quando Renfe anunciou a bombo e platillo que lançaria o comboio barato Avlo para poder viajar de Madri a Barcelona por sete euros, a notícia foi celebrada e os utentes se mostraram agradecidos e emocionados. O comboio, afinal de contas, pode vertebrar um país e é um meio de transporte rápido e sustentável. Mas a letra pequena destes bilhetes de comboio baratos chega com as malas.
Vários clientes de Avlo surpreenderam-se com alguns custos extra que cobra a companhia. Os viajantes denunciam cobranças de até 30 euros por uma mala grande, ao mais puro estilo Ryanair.
Até 30 euros por uma mala para viajar em Avlo
A sensação geral é que o de low cost é relativo. Só é tal se não se acrescentam certos extras que poder-se-iam considerar elementares. Assim, a companhia barata de Renfe cobra até 30 euros mais por uma mala de cabine que supere as dimensões máximas de 55x35x25 centímetros. Este custo complementar baixa aos 10 euros se reserva-se no mesmo momento de compra-a do bilhete e a 15 euros se faz-se on-line, mas com posteridad. Em mudança, no AVE de Renfe não existem estas cobranças.
Eduard Álvarez, professor de Economia e experiente em logística e transportes, explica a Consumidor Global que o facto de que este plus seja mais barato on-line tem que ver com abaratar custos: "Se um viajante selecciona a opção da mala grande através do site, Renfe agiliza as operações de embarque e poupa-se o pessoal físico na estação", argumenta.
Críticas a Renfe por falta de informação
Segundo este experiente, a cobrança de até 30 euros por uma mala que supere as dimensões estipuladas pode criar situações "realmente incómodas" porque nunca dantes a gente se tinha encontrado que tivesse que pagar por isso num comboio de Renfe.
Ao respeito, as críticas em Twitter são muito elocuentes. Marimar, por exemplo, mostra-se contundente: "Sacar um bilhete Avlo por 35 euros e ter que abonar na estação de Atocha 30 euros mais para poder viajar porque a mala era demasiado grande é uma autêntica vergonha. Desinformación total para o viajante. Tomadura de cabelo e falta de respeito", reprocha. Isto é, que a Marimar sua viagem lhe saiu, ao final, por 65 euros. Isso é baixo custo?
Problemas com a app
Por sua vez, Vladimir denunciou em Twitter que sacou seu bilhete de Avlo através da app de Renfe, na que apareciam as condições e as medidas da bagagem que podia transportar, mas, segundo descreve, ao chegar à estação lhe fizeram pagar 30 euros. "Menuda fraude", protesta este viajante.
Neste caso, o problema arraigaria no aplicativo, onde a informação não apareceria de forma suficientemente clara.
Cobranças que se efectuam ou não segundo as estações
Temos provado a sacar um bilhete de Avlo desde o computador e a janela emergente na que se informa das medidas da mala sim aparece de forma clara. Agora bem, se um utente desconhece estes extras, está acostumado ao serviço tradicional e saca seu bilhete com pressa, é perfeitamente lógico que o deixe passar.
A Valero, em mudança, ocorreu-lhe algo diferente: poupou-se o plus da mala (que desconhecia) na ida, mas não teve tanta sorte na volta: "Volto a apanhar o mesmo Avlo para voltar a Madri, mesma mochila, mesma mala, mas hoje têm decidido que deviam me cobrar 30 euros mais. Que divertido". Assim, a sensação é que esta cobrança também pode ficar ao albur da valoração dos revisores na cada controle e estação de comboio.
Se está fora do serviço básico paga-se
Desde o departamento de comunicação de Renfe asseguram que com Avlo "não há nenhum interesse em ocultar informação". Defendem que este serviço "é de baixo custo, com uns tempos de viagem muito competitivos, mas com limitações e condições".
Sobre a cobrança segundo as estações levando a mesma mala, afirmam que "se trata de um tema muito pontual", já que "as medidas estão especificadas" e deixam claro que "todo o que está para além do serviço básico" se paga.
Renfe ao puro estilo Ryanair
Com tudo, Álvarez expõe que o que faz Renfe com Avlo é "replicar o esquema das aerolíneas de baixo custo", o que implica que, "à hora da verdade, se queres voar com certos regulares, te acaba saindo igual de preço". Neste sentido, Avlo cobra oito euros por mudança ou anulação do bilhete, mesmo custo que por seleccionar assentos (algo normal se se viaja em família, com meninos).
As dimensões da mala dependem da cada companhia. Ryanair tem uns topos ainda mais restritivos que os de Avlo: 40x20x25, a medida mais exigente do mercado. Por sua vez, EasyJet fixa os máximos em 45x36x20 centímetros, enquanto Iberia é mais permisiva: 56x45x25.
Um serviço para poder competir com Ouigo
Álvarez explica que, com Avlo, Renfe pratica uma política "de tarificación variável": sacam uma percentagem de viagens baratas pela cada verdadeiro número de viagens regulares, e as diferenças do bilhete abordam-se mediante serviços complementares. Ademais, o professor acha que Avlo nasceu como uma ideia de Renfe para não ficar atrás uma vez que se anunciou a entrada de novos competidores, como Ouigo. "A ideia é que quando a gente pense no low cost ferroviário, pense primeiro em Avlo", relata.
O experiente opina que as críticas negativas fazem parte um "período de adaptação", até que a maioria da gente saiba que existe um serviço barato que também não é a panacea. "Quando isto vá calando entre a opinião pública, entender-se-á qual é a diferença entre os serviços", expõe.