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Nuud culpa aos utentes do mau uso do desodorante promovido por influencers que gera quistes
Este produto tem sido retirado no França pelas autoridades sanitárias por favorecer "a obstrucción dos poros das axilas", mas segue disponível em Espanha
O 7 de setembro, as autoridades francesas retiraram um desodorante da marca Nuud depois de receber as denúncias de vários utentes aos que lhes tinham saído quistes nas axilas depois do usar. A Agência Nacional de Medicamentos (ANSM) gala acrescentava que este produto de higiene pessoal estava fabricado com produtos naturais que por si sozinhos não eram os causantes dos quistes, mas sim reconhecia que o usar favorecia "a obstrucción dos poros das axilas".
Com tudo, a ANSM reconheceu que, na maioria dos casos reportados, "os quistes desapareceram após suspender o uso do produto ou tomar os tratamentos prescritos". No entanto, em Espanha segue-se vendo, e é um desodorante que goza de verdadeiro prestígio depois de ser publicitado por diferentes influencers.
"Sem problemas para a população geral"
A retirada do desodorante causou certo alarme, de modo que a marca, Nuud Care, decidiu mover ficha: publicou um comunicado em Instagram no que destacava que os ingredientes de seu produto estavam dermatológicamente declarados e sublinhava que a segurança era uma prioridade. "Funciona sem problemas para a população geral", acrescentavam, e defendiam que a maioria de seus utentes franceses estavam satisfeitos.
"Os possíveis efeitos secundários ocorrem só em casos extremamente raros, especialmente quando o produto se usa incorrectamente. Recordamos que é fundamental utilizar nosso produto correctamente, com moderación e não com demasiada frequência. Temos incluído um folleto adicional em todas nossas embalagens desde junho para enfatizar isto", insistia Nuud. Isto é, que, conquanto a assinatura não se tirava responsabilidade, culpava dos problemas aos utentes.
Segue disponível em Espanha
Para acalmar os ânimos, Nuud também tem anunciado que desenvolverá uma nova fórmula menos gordura, já que a actual contém muitos azeites (de coco , de ricino e de almendra) que são os responsáveis pela obstrucción dos poros. Apesar das boas intenções, uma pessoa que aceda desde Espanha ao site de Nuud para encontrar o produto não encontrará nenhuma referência clara à retirada no França. Por isso, já se registaram petições para que se proíba sua venda em Espanha.
"Dei não aos componentes químicos, resíduos, reacções alérgicas, sais (de alumínio) e à baixa eficácia dos desodorantes tradicionais e dei sim ao creme Nuud. O anti-odorante completamente natural cuja embalagem é um cano bioplástico facto a base de cana de açúcar. Funciona como por arte de magia entre 3 e 7 dias!", proclamam.
Promoção de influencers
Não obstante, mais que magia, para algumas pessoas tem sido uma maldição. "Comprei-o fará coisa de dois anos porque levava tempo vendo-o a diferentes influencers que o anunciavam (Verdeliss, Teresa Sanz, Laura Escanes…) e diziam que funcionava muito bem e durava muito, de modo que decidi o comprar", conta Paula Loiro a Consumidor Global.
"Estive ao usar uns dois/três meses até que comecei a ter problemas. Usava-o dois dias por semana, porque costumava durar o efeito uns três dias aproximadamente. Ao cabo desses meses comecei a ter muitíssima dor embaixo da axila, mas não lhe joguei conta porque pensei que seria algo hormonal. No entanto, assustei-me um pouco quando, além da dor, também começaram a me sair alguns bultos na zona onde me doía", relata Loiro, que descreve os bultos como "umas canicas pequenas".
Os bultos desaparecem
Ela não foi ao médico, afirma, porque supôs que os bultos tê-los-ia causado o desodorante, de modo que deixou do utilizar. "Após umas semanas sem usá-lo deixou de doer-me e desapareceram os bultos", revela. Algo similar lhe ocorreu a Cristina Ferrándiz, que também o empregava com a frequência que indicavam as instruções, 1 ou 2 vezes à semana. "São como quistes, mas se tiram. Passei-o muito mau", reconhece.
"Eu levo para perto de dois anos o usando e é o que melhor me vai", dizia em redes sociais uma internauta que reconhece que ao princípio sim lhe saíram pequenos bultos, mas não lhe deu demasiada importância. A chave, realçava, "está em que não se pode utilizar todos os dias (coisa que eles advertem)".
A postura das infuencers
Este argumento, o de que são os utentes os que o empregam incorrectamente, é o que têm deixado cair algumas influencers que promovem Nuud. Outras, como Aretha Fusté (497.000 seguidores em Instagram), têm preferido não se molhar demasiado e têm destacado que "não porque seja natural quer dizer que lhe vai ir bem a todo mundo" e que a ela sim lhe funcionava. E aqui paz e depois glória. Pelo silêncio tem optado, por enquanto, Rocío Flores, outra das criadoras de conteúdo que tem ganhado dinheiro com a promoção do artigo.
Em mudança, Sindy Takanashi (323.000 followers), que também publicitó o produto, indicou que já não o ia fazer mais e que tinha que consultar com sua equipa legal como podia "fazer um comunicado para vos dizer que não consumais mais a marca". Na mesma linha, Teresa Sanz (218 mil seguidores) redigiu um pequeno pós no que assumia "toda a responsabilidade que se tenha podido derivar de alguma compra feita por minha recomendação". Apesar de que afirmava não saber se era um caso isolado de uma atirada concreta, pedia desculpas e argumentava que o facto de que a ela lhe funcionasse bem "não quer exculpar à gente que se viu afectada por uma publicidade".
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