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Nordace, as mochilas "inteligentes" e leves mais cansativas pela inundação de anúncios nas redes

A companhia goza de boas avaliações, mas publicita os seus artigos de forma insistente no Twitter e Instagram, o que provoca a irritação de alguns utilizadores

Uma pessoa com uma mochila semelhante à da Nordace / PEXELS
Uma pessoa com uma mochila semelhante à da Nordace / PEXELS

Eastpak, Fjällräven Kanken, Herschel… e Nordace. De um tempo a esta parte, as mochilas converteram-se numem mais um complemento de moda, um artigo pelo qual se pode marcar estilo e personalidade no dia a dia. As da Nordace sobressaem pelo seu aspeto quadrado, sóbrio e sofisticado, e são úteis tanto para ir de viagem como para guardar o portátil a caminho do escritório. Alguns modelos da marca, como o Siena, incorporam inclusive uma porta USB para carregar dispositivos. Por isso a empresa gaba-se de comercializar mochilas "inteligentes".

No entanto, apesar da sua capa acolchada, das suas correias ergonómicas e dos seus bolsos antirrobo, há um aspeto da Nordace que resulta incómodo: os seus anúncios. A marca publicita-se no Twitter e Instagram insistentemente, de forma que sos eus anúncios não deixam de aparecer a algumas pessoas que não seguem a conta oficial.

"Não posso mais"

"Nordace, não posso mais. No primeiro dia gostei das estúpidas mochilas. Hoje odeio-as, depois de as ver um milhão de vezes, sempre a aparecer no ecrã quando abro a minha TL. Elon, se não as tiras, vou-me embora!", escrevia no Twitter Rafael do Rosal. Outros, igualmente fartos, ironizam com o bombardeio da empresa: "Se vejo um só anuncio mais das mochilas Nordace, eu próprio disparo", exagera outro tweeter.

Las mochilas modelo Siena / NORDACE
As mochilas modelo Siena / NORDACE

E não ocorre só em Espanha: "Stop showing me the Nordace bag ad!!! I know!!!!! I clicked on it on fb and twit and yes, i like it algorithm, but i cannot buy one!!!!!", publicava em inglês uma tweeter (Pararem de mostrar-me o anúncio da mochila de Nordace! Já sei!!!!! Cliquei nele no Facebook e Twitter e sim, gosto, de algoritmo, mas não posso comprar uma!). No entanto, com outros utilizadores, a matraca funcionou: uma utilizadora norte-americana reconheceu no Twitter que tinha "cedido" e comprado uma mochila modelo Siena "após ver demasiados anúncios no Instagram".

Efeito contrário ao que deseja a marca

O professor de Marketing e codirector do Mestrado em Responsabilidade Social Corporativa na Universidade de Múrcia Pedro Jesús Cuestas conta à Consumidor Global que, quando uma marca comunica em excesso, pode chegar a "gerar o efeito contrário ao que deseja" porque a insistencia também pode provocar rejeição.

Este perito lembra que, no início, os utilizadores das redes sociais estavm relutantes em incluir publicidade neste canal, porque o consideravam um espaço para eles e os seus amigos, algo, de algum modo, restrito e íntimo. No entanto, Cuestas argumenta que para as empresas "a publicidade nas redes é muito barata" comparada com outros meios. Além disso, a maior vantagem é que são capazes de verificar a sua eficácia quase em tempo real.

"Se a Nordace o faz é porque é rentável"

"Se a Nordace o faz é porque é rentável para eles, sem nenhuma dúvida. As empresas podem monitorar se o seu investimento é rentável ou não, e se não o é, param", detalha Cuestas. O professor lembra um episódio paradigmático: uma vez, numa palestra, perguntaram a uma directora de uma importante empresa de tecnologia quanto investiam em publicidade nas redes. Ela respondeu que "tudo o que fizesse falta". Significava exactamente isso: se percebiam que não estava a ser eficaz, fechava-se a torneira.

O professor Cuestas precisa além disso que, no comércio on-line, "o que ocorre é que a compra não se faz a primeira vez que o utilizador vê um anúncio". Assim, às vezes, aquela picareta e paz é eficaz. Os números que Cuestas usa indicam que os rácios de conversão num site estão à volta do 1%, enquanto, numa loja física, é mais provável que o cliente acabe a comprar algo.

Aumento dos anúncios

Além disso, não é simples conseguir que o anúncio da Nordace desapareça de todo. "Dar-lhe 'não gosto' não faz com que desapareça", explica o perito da UM. O que provoca é um aumento do mesmo: se o anúncio colocado por uma marca resulta problemático para a rede social na qual aparece porque as pessoas o recusam, à empresa custar-lhe-á mais colocá-lo. "É como um leilão, como se te penalizasse", explica Cuesta.

No entanto, apesar da insistencia da marca, a maioria dos seus clientes estão muito satisfeitos. Assim se desprende da avaliação no Trustpilot: das mais de 5.000 avaliações, 69% outorgam-lhe 5 estrelas, a máxima pontuação. "Mochilas muito polivalentes", descreve um cliente, enquanto vários clientes fazem referência à sua leveza e comodidade.

Sem detalhes sobre o lugar de fabrico

"Têm o preço de umas mochilas do nível da Thule, que é uma marca de prestígio, de modo que suponho que terão boa qualidade", concede Cuestas. No seu site, a Nordace (cujos modelos custam entre 109 e 160 euros) fala das vantagens, do tecido, da sua filosofia… mas não especifica onde as fabricam.

"Só trabalhamos com fabricantes acreditados com a BSCI [uma certificação internacional de boas práticas laborais, sociais e meio ambientais] e selecionados com grande dedicação. Cada produto é fabricado com dedicação e utilizando os melhores materiais. Só após rigorosas análises e múltiplos controlos de qualidade, tanto durante o fabrico como no armazenamento, as nossas mochilas e malas são enviadas diretamente a viajantes de todo mundo", detalham. Este meio tentou contactar com a Nordace para perguntar pelos seus anúncios e onde fabricam as mochilas, mas, até ao termo desta reportagem, não obteve resposta.

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