Em toda sua ampla faixa de detergentes , desde as cápsulas com fragancia floral ao gel anti cheiros, Wipp Express promete limpeza profunda. No entanto, a marca tem lançado recentemente um anúncio (tanto em televisão como no canal on-line) que não é do todo pulcro e transparente. Em dito spot, o narrador assegura que com as cápsulas de detergente Power Caps se podem eliminar as manchas mais difíceis, e depois agrega: "E lavando em água fria, poderás poupar até oito meses de luz ".
Se nesse momento um consumidor não tem os olhos fixos na televisão e só escuta o audio do anúncio, não poderá apreciar que em ecrã parece um asterisco cujo objeto é dimensionar essa poupança descomunal e especificar, em letra pequena: "Poupança anual do consumo de luz DE TUA LAVADORA ao baixar a temperatura de um programa de lavagem de 60 a 30º". Isto é, que não estamos ante um produto revolucionário nem ante um dispositivo portentoso que faça descer o custo total da factura. A poupança vem, ademais, através de uma mudança de programa.
O anúncio de Wipp, mesma estratégia que Ariel
Por se fosse pouco, não é um anúncio original. O spot de Wipp segue a estela de outro difundido faz uns meses por Ariel , no que a marca prometia "até sete meses" de poupança na factura da luz ao lavar em frio seus Pods. Quase o mesmo modus operandi, só que algo menos de lucimiento (sete meses em frente a oito). Agora bem, a palavra "até" pode funcionar como curinga, uma sorte de barra livre: é um máximo impreciso, não uma garantia. Vários experientes em consumo eléctrico explicaram a este meio que a poupança do que falava Ariel era exagerado, e com Wipp Express sucede algo similar.
Juan Carlos Gázquez Abad é professor do departamento de Economia e Empresa na Universidade de Almería e experiente em comercialização e Investigação de Mercados. Conta a Consumidor Global que o anúncio, conquanto não se salta nenhuma lei, pode desorientar ao consumidor médio. Não crê Gázquez que a de Wipp se possa qualificar de publicidade enganosa ("provavelmente, se o fosse, já tivesse sido denunciada e Wipp Express já teria retirado ou reformulado o anúncio", afirma) mas sim suficientemente ambigua.
Baixada de temperatura
"Outra coisa é que se jogue com argumentos que possam induzir ao consumidor a pensar que a poupança de luz se deve ao uso deste produto, e não ao facto de baixar a temperatura de lavagem. Não obstante, o anúncio sempre fala de teu lavadora e nunca faz menção à própria marca como a causante da poupança", argumenta o professor da UA.
A seu julgamento, ainda sendo legal, não é demasiado ético fazer pensar que um produto assim, por si só, "pode conseguir certos benefícios que, realmente, dependem de outra circunstância (neste caso, a baixada da temperatura do água)". Não obstante, considera lógico que as marcas utilizem o gancho da poupança no preço da luz, dado o custo da mesma a dia de hoje. "Provavelmente, se a situação económica que vivemos em Espanha não fosse a que é, também é verdadeiro que as marcas e o marketing não aproveitar-se-iam tanto disso, e encontrar-nos-íamos muitas menos campanhas deste tipo", expõe Gázquez.
Falta de argumentos técnicos
Se no terreno do marketing Wipp aperta o acelerador quase até o limite, no dos dados mostra carências. J. Torres tem sido professor de matemáticas durante 30 anos, além de empresário no sector de Instalações de Climatización, Electricidade, Gás e Energias renováveis. Conta com o título de Auditor Energético por ATECYR e na actualidade divulga contidos em seu canal de YouTube J. Torres - Tua Sastre Matemático. Este experiente também acha que a estimativa de Wipp resulta exagerada, sobretudo, "porque não contribuem nenhum argumento técnico" que justifique essa suposta poupança.
Em frente a estas lagoas, Torres tem elaborado uma simulação sobre o consumo energético de uma lavadora doméstica em função da temperatura de lavagem. Esta matemático parte de uma lavadora com 7 kg de capacidade e um volume de água aquecida de 46 litros, com uma tarifa da luz 0,2300 euros/kWh. Assim, Torres calcula que, num ciclo de lavadora de 180 minutos onde o água sai da tomada a 12ºC e sobe até 30ºC, o custo total da lavagem será de 0,4568 euros.
Subida gradual em função da temperatura
Em mudança, se a temperatura sobe a 40ªC, o custo da mesma lavagem ascenderia a 0,5358 euros, e se lava-se a 60ºC, a 0,6969 euros. Em mudança, se lava-se em frio (isto é, se o água da tomada não se aquece, que é o processo que mais energia requer), o custo da colada seria de 0,3127 euros. Por tanto, há uma diferença de uns 38 céntimos entre a lavagem mais cara (e quente) e o mais barato (e frio). "A diferença está na energia que consumas aquecendo mais ou menos o água. O resto de elementos da lavadora, como o centrifugado, consome exactamente o mesmo", analisa Torres.
Assim, seguindo os cálculos deste experiente, se se estima que uma pessoa põe uma lavadora a cada sete dias e a cada ano conta com 52 semanas, um consumidor médio gastaria aproximadamente 36,24 euros anuais em lavar sua roupa a 60ºC. Em mudança, se fizesse-o a 30ºC, sua despesa na colada rondaria os 23,92 euros. E, se fizesse-o com o programa mais frio possível, uns 16,26 euros.
Poupança de 20 euros todo o ano
Destes dados desprende-se que a poupança total num ano ao lavar em frio respeito o fazer em quente seria de 20 euros. Se tem-se em conta que, durante o passado mês de fevereiro, a factura da luz para um lar médio com tarifa PVPC foi de 77 euros mensais, o milagre de Wipp palidece.
Este meio tem perguntado a Henkel , a proprietária de Wipp, sobre este assunto. Fontes da companhia argumentam que seu anúncio sim é claro "já que em 15 segundos consegue explicar que com o produto "se podem tirar manchas difíceis lavando em água fria e fazendo isso, se pode poupar energia". Não contribuem, não obstante, cifras mais concretas ao respeito.
"Toda a informação relevante"
Nesta campanha de comunicação, acrescentam desde Henkel, preparam "diferentes criatividades adaptadas ao meio onde se emitem", já que não é o mesmo o fazer para TV, ou rádio, ou redes sociais. "Neste caso, trata-se de um spot para canais digitais, que como é habitual neste tipo de meios, se expõe toda a informação relevante para os consumidores tanto através da voz em off como com as sobreimpresiones no ecrã", explicam.
Estas fontes agregam também que a sustentabilidade faz parte do DNA de Henkel e que levam "muitas décadas trabalhando para desenvolver produtos e tecnologias que contribuam mais valor ao mercado enquanto reduzimos o impacto na impressão de carbono das operações que geramos". Seus produtos e tecnologias, alegam, têm "um potencial imenso neste contexto, já que utilizam-se diariamente em milhões de lares e processos industriais".