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Moonai, a aplicação que promete aliviar as dores do período com um som que os ginecologistas duvidam
A aplicação criada em Barcelona aspira melhorar a qualidade de vida das mulheres sem necessidade de tomar medicação
Elisenda Silva sofre da síndrome do ovário policístico, uma doença em que a mulher produz um nível muito elevado de hormonas. Por outro lado, ainda sem um diagnóstico oficial, a ginecologista da jovem comunicou-lhe que cumpre todos os sintomas de endometriose, uma doença na qual as células semelhantes ao revestimento do útero (endométrio) crescem no exterior, o que gera períodos muito dolorosos, sangrado entre períodos ou dor no abdómen ou zona pélvica.
A cada 28 dias, o mundo de Elisenda para de girar. Mas, para poder continuar a respirar recorre aos medicamentos que lhe foram receitados: Enantyum e Nolotil. No entanto, muitas vezes não é suficiente e precisa de outros métodos como aplicar calor na zona graças a um cinto da marca MyObi, específico para este tipo de dor. Agora, outro sistema surge para facilitar e melhorar a qualidade de vida das mulheres sem a necessidade de tomar medicação.
O que é a Moonai?
O seu nome é Moonai e trata-se de uma nova aplicação criada em Barcelona que pretende reduzir "a dor do período (PMS e angústia emocional incluídos) com sons relaxantes personalizados e conteúdo educativo para aliviar, descansar e se concentrar, tudo sincronizado com a fase do seu ciclo menstrual", tal como se especifica no seu website.
"Escutar música aumenta a atividade em partes do centro de recompensa do cérebro, alguns estudos sugerem que a música pode interferir com os sinais que o cérebro interpreta como dor", explicam da marca. A aplicação conta com um amplo catálogo feito por produtores musicais especialmente para este projecto criado por Laura-June Clarke.
Como funciona
Para começar a usar a Moonai, primeiro há que preencher um formulário no qual se pergunta pelo tipo e a intensidade da dor, o momento do ciclo no qual se encontra e so eu estado emocional, bem como pelo objectivo com o que se usa a Moonai, seja para relaxar ou centrar nalguma tarefa. Com estas respostas, a aplicação procura um som conforme com a pessoa. Depois disso, aloja-se a informação sobre se ajudou a melhorar a dor com o fim de continuar a recomendar o mais adequado.
Quanto às subscrições, existem várias opções, começando pela gratuita, que oferece alguns dos serviços da Moonai, mas com limitações. A versão premium custa 4,99 euros por mês ou 49,99 por ano e inclui um acesso ilimitado a todos os sons, conteúdo exclusivo e, se se opta pela subscrição anual, 1% do pagamento é doado a projectos de investigação em saúde feminina.
10.000 descargas
Elisenda ainda não experimentou o método da Moonai, mas afirma à Consumidor Global que gostaria de testá-lo. "Parece-me bastante interessante, sobretudo, ao ser um recurso que não implica medicação ou terapia hormonal, que são basicamente as soluções que nos proporcionam normalmente", diz a jovem de 24 anos, que costuma também realizar actividade física moderada, "porque conheço os benefícios para a dor, mas também me limita ao me deixar muito cansada".
Algumas utilizadoras contam ao meio que muitas vezes usam o "poder curativo" da música para suportar a dor do período. É o caso de Paloma B., que afirma que a sua medicina é ficar na cama e escutar música. Na mesma linha, Noelia L. revela que quando não pode suportar a dor menstrual, escuta música clássica em posição fetal sobre a sua cama. "Mais de 10.000 pessoas descarregaram a aplicação e temos um feedback muito positivo", diz Clarke.
Os ginecólogos duvidam
No en tanto, outras mulheres manifestam as suas dúvidas sobre esta nova aplicação. "Pode ser que escutar música faça com que te distraias um pouco da dor, mas não é tão eficaz como um comprimido", comenta Marina González. Esta desconfiança também se entrevê nalguns ginecologistas. De facto, da Associação Espanhola de Ginecologia e Obstetrícia, (AEGO), não consideram que o método de Moonai tenha "valor científico".
A associação lembra que as dores fortes costumam estar associadas a alguma patologia, como a endometriose ou outras afecções do aparelho reprodutor, como as DST que são equivalentes à doença inflamatória pélvica. Por conseguinte, o que se deve fazer é localizar a causa e, depois, a solução mais adequada.
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