EVO Banco é um banco digital propriedade do Bankinter que aspira a "reinventar as finanças para fazer a vida mais fácil às pessoas" apostando na inovação, na transparência e na simplicidade. Em maio, o banco tinha um investimento em crédito (concessão de empréstimos) de 3.106 milhões de euros, depois de ter gerado novas hipotecas por valor de 472 milhões nos primeiros cinco meses de 2023. Não obstante, nem tudo são boas notícias. Há clientes que denunciam encerramentos misteriosos de contas e cobranças irregulares.
"No passado dia 30 de maio bloquearam-me a conta, sem dar-me um aviso nem nada, que é o que estabelece o Banco Central Europeu que se tem que fazer nestes casos. Uns dias depois dei-me conta do bloqueio, liguei para o departamento de informações e a rapariga que me atendeu só me pôde dizer que tinha sido bloqueada a 30 de maio", conta a este meio Óscar González.
Encerramento sem explicação
Passaram um par de dias e, como não obteve resposta e a sua conta continuava encerrada, González voltou a ligar. De novo, sem sucesso. "Mandei mails, voltei a ligar quase todos os dias… E só me diziam que estavam a passar o caso para a secção correspondente", lamenta. Este afectado acrescenta que tem gravações das suas conversas com o departamento de atendimento ao cliente nas quais fica patente a passividade do banco.
Só após avisar a EVO Banco de que difundiria a gravação se não lhe solucionavam o seu problema, conta González, desbloquearam a sua conta. Até então, detalha, decorreram três semanas numa situação quase angustiante, porque não podia aceder ao seu dinheiro, nem podia pagar as suas facturas. Também precisava o dinheiro para pagar o aluguer. "A imobiliária que aluga o meu apartamento já me tinha dito que, se eu não resolvesse o problema até ao fim do mês, teria de sair ou eles processar-me-iam", conta.
Um crédito concedido sem o pedir
A González fecharam a sua conta sem nenhuma explicação, de modo que poderia tratar de um erro interno de EVO Banco, tal como lhe sucedeu a Julio Plaza. "Desde há aproximadamente sete meses tenho tentado falar com eles para reparar o que eu acreditava ser um erro: um dia, quando estava a levantar dinheiro de uma caixa multibanco, deram-me dinheiro de um crédito que nunca pedi, e alegam que esse crédito foi aberto automaticamente pelo cartão", relata este cliente.
Para fechá-lo, este afectado "tinha que meter dinheiro (quantidades de 2 euros, não mais, porque não usava esse cartão para nada excepto a devolução da declaração da renda)" e depois deixar a zero. Para esse último passo, devia fazer uma compra. "Tive que fazer malabarismos para a deixar a zero sem que abrissem, outra vez sem minha permissão, o dito crédito. Nem uma vez atenderam o telefone em todo o processo. Consegui fechar a conta e passados dois meses ou assim chegou-me uma carta dizendo que pela abertura do crédito tinha com eles uma dívida de 0,04 € ou assim", lembra Plaza.
Dificuldades em estabelecer contacto
"Ligava à EVO Banco para solicitar informação e já não podia aceder, porque a conta estava fechada", indica. Para resolver o problema "ligar mil vezes, ir ao escritório de Madrdi (e ser informado de que não me podiam ajudar em nada, que isso era feito através da aplicação, à qual já não tinha acesso) ou por telefone", conta.
Finalmente, conseguiu a atenção de EVO Banco ao exigir soluções pelas redes sociais. "Depois demoraram um dia a confirmar que todo era um erro, e que eu já não tenho conta ali nem devo nada nem me devem nada", limpa Plaza.
Pagamento de 8 euros para encerrar a conta
Víctor Rey também teve problemas para encerrar a sua conta. Neste caso, por uma cobrança injustificada. Ao informar a EVO Banco de o que queria fazer, recebeu um email onde a entidade alegava que, para proceder ao cancelamento solicitado, era necessário "regularizar" o seu cartão. Isto requereria "um rendimento na conta de 8 euros". Rey explica que não lhe diziam porque devia pagar o dito custo, de modo que, surpreso, num primeiro momento chegou a pensar que podia tratar-se de uma fraude através do mail.
Mas resultou ser verdade, de modo que esteve "mais de um mês" tratando de fechar a conta da EVO Banco sem ter que pagar esses 8 euros. Rey inclusive ameaçou com uma denunciar, reconhece, por reclamaren-lhe essa cobrança injusta. E finalmente conseguiu-o. "Ainda que não me voltaram a exigir o pagamento de 8 euros, jamais me enviaram um justificativo do dito custo. O que me cobraram foram os 3,92 euros de juros de mora e recusaram-se a devolver esse montante", explica. Estes 3,92 euros correspondem à utilização de um cartão que usou quando foi obrigado a deixar a conta a zero.
Problemas nas redes
Nas redes sociais há depoimentos de pessoas que também tiveram problemas para fechar as suas contas. "Que feches uma conta da EVO Banco há 10 anos e agora te digam que não a fecharam bem e reclamem-te dinheiro para poder fechá-la, quando o erro foi deles, é realmente vergonhoso. Que vergonha de banco!", indicava uma internauta.
Outra afirma que está há"um mês à espera de reembolso", e um terceiro denunciava o "péssimo atendimento ao cliente e capacidade de resolução de incidentes". Tanto no Google Play como nas avaliações do Google as classificações sobre o EVO Banco são muito positivas. O mesmo não acontece no fórum de avaliação Trustpilot, onde, das mais de 600 opiniões, a metade lhe dão a pior pontuação possível. Este meio pôs-se em contacto com o EVO Banco para perguntar por estas incidências e saber em que circunstâncias cobram pelo encerramento de uma conta, mas, até ao termo desta reportagem, não obteve resposta.