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Medo do regresso às aulas: pagar o dobro por um pacote de fólios e mais 2 euros por um arquivador
As agendas e cadernos serão até 30% mais caros neste ano, e algumas papelarias recomendam adiantar as compra face à possibilidade de que subam de preço em setembro
Uma página em branco é sempre uma possibilidade. Por isso, o regresso às aulas, ainda que não seja a Hogwarts, tem uma qualidade mágica, ou pelo menos esperançosa. Pode interpretar-se como um tostón após as férias, mas também como um novo começo. As agendas escolares que se compram em setembro sintetizam esse pequeno prodígio do não estreado, com dezenas de páginas por rechear com tarefas pendentes, mas também com histórias, aniversários e confidencias. No entanto, neste ano custará mais o regresso às aulas e fazer com uma agenda. Haerá quem pague o dobro por um pacote de fólios e até mais dois euros por um arquivador.
A responsável é a protagonista dos últimos meses, uma inflação que, unida à escassez de papel, desenha um setembro 2022 complicado após um dos verões mais caros dos últimos anos.
Em setembro, o material escolar será ainda mais caro
José Manuel Cantos é o dono da Papelaria Arjona, em Sevilha, e mostra-se preocupado pelo aumento dos preços. "Nota-se bastante, tem havido aumentos contínuos. Nós não podemos manter os preços", conta à Consumidor Global. A onda já se começou a formar, e não está claro quais serão as suas dimensões finais. "Todo o material que compramos nós aos fabricantes sobe a cada semana 30 ou 40 céntimos. O preço do cartão ou dos fólios aumentou muito, e os vendedores dizem-nos que agora está caro, mas que em setembro será ainda pior", revela Cantos, sem ocultar a sua inquietação.
Por causa da escalada do papel, os artigos que mais aumentam de preço são os pacotes de fólios, as agendas e os cadernos, mas os marcadores, canetas não ficam atrás. Um simples lápis subiu dois céntimos, e, como explica Cantos, uma agenda escoar é agora 10% mais cara. "Posso garantir que, em setembro, estes produtos serão mais caros", vaticina, pelo que aconselha aos pais que façam os deveres, sejam previsores e realizem já as compras para os seus filhos.
"Nunca tínhamos visto um aumento como o deste ano"
Anna Pla é a directora de marketing para Espanha e Portugal do grupo Hamelin, uma multinacional que possui na sua carteira a marca de cadernos e agendas Oxford, protagonista por excelência do regresso às au8las juntamente com outros ícones como Bic ou Stabilo. "Nunca tínhamos visto um aumento como o deste ano", reconhece esta perita. No general, Pla afirma que as subidas de preço em material escolar podem oscilar entre 10% e 25%. "Inclusive, nalgum conocrrente, temos visto que ultrapassa 30%", admite.
O problema com o papel, segundo diz, é duplo: de fornecimento e de preços. Ainda que alguns fabricantes se tenham abastecido, o encerramento de fábricas (que por sua vez se deve aos preços da energia) provoca uma escassez que já sucedia antes da guerra da Ucrânia, mas agora se agravou. "Neste ano tem havido subidas recorrentes. Tivemos que transferir custos para o consumidor, não a 100%, claro, mas tivemos que o fazer", explica Pla.
As escolas ditam o caderno a comprar
Tal como Pla e Cantos, Antonio Jesús considera que "o papel é onde mais se nota a subida". Trabalha na Livraria Papelaria Maribel, localizada em Córdoba, onde antes a caixa de 500 fólios custava cerca de 4 euros e agora vale quase 8. O dobro. E as agendas agora são 40 céntimos mais caras. "Não estou seguro de quanto seria a poupança se os pais adiantassem as compras porque não posso saber quanto vai subir tudo em setembro, mas sim é possível que se poupe algo", expressa Jesús. Também depende do stock que tenha cada papelaria: se fizeram-se com um bom número de reservas, as subidas de setembro não afectarão tanto.
"O papel é proibitivo", corrobora Mayte Mora da Papelaria Marsón, em Móstoles, que também põe o foco no o arquivador: se no ano passado custavam 6,95 euros, agora têm atingido os 8,50 euros. "E isso que nós somos uma loja pequena, imagina o que pode ter subido na Fnac, por exemplo", diz Mora. Mesmo assim, ela não vê a vantagem de adiantar as compras do regresso às aulas. "As pessoas sempre vêm a partir de 7 de setembro, porque as escolas não dão a listagem das coisas que precisarão as crianças até então; e existiria o risco de comprar um caderno e que depois te digam que precisa outro", argumenta.
As mochilas, necessárias para o regresso às aulas, também aumentam de preço
Há também alguns no sector que tentam minimizar a questão. "Sim, subiu, claro, mas não mais que a gasolina, por exemplo", diz Cristina Guerreiro, dona da Papelaria Guerreiro, em Valladolid. "O papel tem os seus próprios preços, nos últimos meses subiu várias vezes e em setembro voltará a subir", narra. Pelo contrário, acha que o aumento do preço das canetas "não é nada irrazoável". Enquanto, da Papelaria Alcazaba, em Málaga, reconhecem que as mochilas se aumentaram de preço aproximadamente 10% pelo aumento dos custos do transporte marítimo e que "muitas vêm de fora".
Luis López Guevara, da Livraria Cydonia,em Madrid, também tenta relativizar as subidas. "A inflação tem afectado, sim, mas 7% face a um caderno que custa 1,50 euros, quanto representa?", argumenta. "Há outros luxos dos quais não nos privamos, e aqui falamos de cultura e de educação", acrescenta.
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