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A MediaMarkt vende produto usado como se fosse novo: assim o demonstrou este consumidor
O cliente recebeu um jogo de vídeo com um componente em falta e a empresa mostrou-se relutante em aprovar um reembolso.
A MediaMarkt é, segundo uma análise de Statista, uma das dez empresas que mais vendeu pela internet em Espanha no ano 2023. Junto a ela aparecem titãs do comércio electrónico, como AliExpress ou Amazon, e também gigantes da moda como Zara. Para todas estas empresas, contar com uma forte equipa de atendimento ao cliente é fundamental, mas são muitos os compradores que, por uma ou outra razão, não conseguem que os seus problemas se resolvam nos termos que seriam desejáveis. Agora, um caso trascende a simples incidência e prova que a MediaMarkt vendeu a um cliente um produto usado como se fosse novo.
Em novembro de 2023, Arturo Aranda comprou um videojogo para a PS4 (mais especificamente, o Diabo IV) durante um Dia sem IVA da MediaMarkt. Fê-lo pela internet, e incluiu no pedido uns auriculares que não lhe deram nenhum problema. Mas o jogo, descreve, guardava "uma desagradável surpresa". "Quando o vi selado, quando o peguei, achei que não precisava de o examinar de perto e, obviamente, nunca teria pensado na burla que estava para vir", diz.
O jogo da MediaMarkt vinha sem cartão de códigos
Abriu o jogo um par de semanas após comprá-lo, e descobriu que não tinha o cartão de códigos DLC que deveria trazer, algo que aparecia claramente indicado na capa. A sua teoria, "sendo um mau pensador", explica, é que alguém devolveu o jogo reembalado e usado.
"Ou é possível que a burla tenha sido perpetrada diretamente pela MediaMarkt e seja um hábito deles", diz Aranda, que chegou a considerar esta possibilidade porque encontrou um post de um utilizador no Forocoches a relatar uma situação semelhante.
Problema com o selo
"O selo que leva para fingir que é novo/original não é da Sony. É um vulgar plástico, que terão posto eles na logística para colocar as devoluções", diz.
Para Aranda, o processo de reclamação foi tortuoso. "Por telefone dizem uma coisa, em loja negam-se a processar a devolução", recorda. Depois de uma série de telefonemas, conseguiu que a empresa reconhecesse que tinha direito à devolução e ao pagamento do custo. "Horas mais tarde escrevem-me para que devolva o artigo falso em loja", assegura este comprador.
Demora no reembolso
Mas, ainda que lhe tenham indicado que teria direito à devolução, continuava a receber atrasos por correio, com mensagens vagas da MediaMarkt a dizer que estavam a "tratar da sua queixa".
No final de dezembro, Aranda ainda não tinha conseguido obter o seu dinheiro. Assim, farto, decidiu fazer uma denúncia no Instituto Basco de Consumo, "por uma questão de honra". Estava preparado para levar o problema à comissão de arbitragem ou mesmo a um julgamento verbal, mas acabou por não ser necessário. O organismo basco analisou a queixa, interrogou as partes e comunicou que a MediaMarkt tinha aceite o reembolso e o pagamento.
Reconhecer o erro
Aranda não oculta a satisfação que sentiu ao conseguir que a MediaMarkt se visse obrigada a cumprir a lei. O facto de que o Instituto Basco de Consumo forçasse à empresa a reconhecer o seu erro (se é que foi um erro) significa que existem fortes indícios de que a empresa tentou vender algo usado como novo.
Nas redes sociais existem muitos depoimentos de compradores que acusam à rede de ter comercializado artigos reacondicionados sem especificar esta condição, mas não dão provas tão contundentes como a de Aranda.
Televisor usado com chaves de outras pessoas
Entre os mais chamativos encontra-se o caso de um consumidor que denunciou no X (antigo Twitter) que tinha comprado (também num dia sem IVA, como fez Aranda) um televisor novo que resultou estar usado, como atesta o facto de que tivesse registadas as contas de Netflix, Prime Video e YouTube de uma família.
"Depois de verificar com a família acima mencionada e confirmar, venderam-nos um produto usado como se fosse novo", disse este cliente. "Encomendei online e a câmara usada chega com areia e sem bateria, ligo para reclamar e mais um dia sem solução...", critica outro comprador. "Comprei um Apple Watch novo na MediaMarkt. É usado, está riscado e, pior ainda, está associado a outro ID Apple. Neste momento, é um pisa-papéis de 450 euros, riscado e gasto. E comprei-o hoje", concordou um terceiro.
A defesa da MediaMarkt
Este meio pôs-se em contacto com a MediaMarkt para perguntar por este caso. Fontes da companhia asseguram que a empresa põe o cliente "no centro de todas as nossas decisões, razão pela qual o acompanhamos de mãos dadas com os nossos especialistas durante todo o processo de compra".
"Deste modo, quando se produz algum tipo de inconveniente durante este processo, trabalhamos para ser ágeis na hora de lhes dar uma solução e poder a gerir correctamente através dos nossos departamentos correspondentes", acrescentam. Evitam assim responder com precisão à pergunta se é normal que um produto reacondicionado se venda como novo.
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