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A fusão de Orange e MásMóvil: baixarão ou subirão as tarifas móveis?
A integração destas duas companhias é um movimento importante na galaxia da telefonia, que poderia acarretar fechamentos de pequenas marcas ou variação de preços
O ecossistema das telefónicas em Espanha enfrenta-se a profundas transformações. Orange e MásMóvil têm começado uma negociação para fundir suas companhias mediante a criação de uma joint venture controlada ao 50 % entre os dois operadores, segundo têm anunciado ambas assinaturas. Isso significa que não é uma compra de uma por outra, sina uma integração feliz.
A corporação resultante seria um gigante com uma valoração de 19.600 milhões de euros, líder no mercado das telecomunicações espanhol quanto a altas de linhas de móvel e banda larga. Com uma potência tal, subirão os preços de suas tarifas?
MasMóvil, ambição e expansão
Eduardo Delgado, director do comparador Roams, explica que MásMóvil tem certa "obsesión" por se converter na primeira marca a nível nacional. Para isso, conta, precisa um grande despliegue de meios: infra-estruturas e muito capital. E isso requer de tempo. "A outra opção para conseguí-lo é fundir-se com uma grande companhia", explica Delgado, o que permitir-lhe-á, já sem condicional, aumentar rapidamente sua capacidade comercial.
Em 2021 MásMóvil comprou Euskaltel e mostrou que seu plano de expansão continuava. Faz uns anos era a mais barata do mercado, mas agora não precisa competir nessa direcção. "Já é reconhecida", explica Delgado, que compara a situação com os restaurantes inovadores, de moda, que triunfam num momento inicial por seus baixos preços, e depois, depois de se assentar, os sobem. Aponta, ademais, que o modelo de consumo está a mudar. A dia de hoje, assegura, importa muito a conectividade, e a entidade resultante da fusão deverá prestar atenção a esta chave.
Sem subidas de preço em curto prazo
Em Consumidor Global pusemos-nos em contacto com ambas companhias, sem obter respostas precisas. Não obstante, fontes de Orange assinalam a este meio que por enquanto não há nada fechado, "de modo que é cedo ainda para falar de tarifas. Fica muita negociação para ver como afectará aos preços", assinalam.
Segundo Delgado, a companhia que nasça da união não poderá subir os preços inicialmente, porque "tem detrás" outros competidores que se estão a fazer fortes, como Digi, que já é o quinto operador nacional e oferece preços baixos. De facto, o responsável por Roams acha que é o tiburón que pode alterar as águas da telefonia. "Digi pode fazer baixar os preços ao resto", revela.
Marcas pequenas que poderiam desaparecer
"Pode que tenham aspiração de se lançar a fazer conteúdos, ao estilo de Movistar ou do próprio Orange TV, e oferecer mais coisas", detalha Delgado. Isso poderia significar oferecer séries ou partidos de futebol, dois grandes reclamos atrayentes para o consumidor. Em tal caso, o custo sim poderia incrementar-se.
Também depende de que estejam dispostas a sacrificar estas duas companhias. "Há que ter em conta que a estas empresas não se importam ter muitas marcas: MásMóvil tem Pepephone e Yoigo; e Orange tem Jazztel e Simyo. Com a cada uma delas se dirigem a um consumidor determinado, de modo que também não acho que renunciem ao low cost. Sim é possível que fechem alguma das pequenas", detalha Delgado. Neste sentido, no País Basco, onde opera Euskaltel (propriedade de MásMóvil) já se acenderam alguns alarmes. A conselheira de Desenvolvimento Económico, Sustentabilidade e Meio ambiente, Arantxa Tapia, tem tido que afirmar que não contempla "em nenhum momento a possibilidade de que a empresa basca Euskaltel desapareça" se prospera a fusão.
Riscos da concentração
Segundo Delgado, MásMóvil e Orange formarão "uma companhia a médias" na que terá que ver de que maneira ficam integrados todos os clientes. Também o crê Daniel Arnáiz, professor de Economia e Empresa da Universidade Européia: "Formarão uma empresa que controlará aproximadamente o 50 % da quota de mercado", assinala. Este experiente coincide com Delgado em que, em curto prazo, o preço das tarifas não subirá. "Agora bem, é uma redução do número de empresas competidoras", assinala, pelo que, em médio prazo, acha que sim incrementar-se-ão.
Estas subidas, precisa, poderiam chegar um ano após a fusão. "Reduzir custos e conseguir mais rentabilidade", resume o professor. Arnáiz aponta, ademais, que no âmbito da telefonia está a ocorrer algo similar ao que passa na banca: uma concentração que deixa tudo a cada vez em menos mãos. "Uma menor oferta possibilita que tenha menos opções de qualidade", sublinha.
O duplo de espectro de frequência que qualquer competidor
Em mudança, Narcis Cardona, professor da Universitat Politècnica de Valencia (UPV) e director do Institute of Telecommunications and Multimédia Applications, considera que a fusão é positiva. "Eu não o vejo como um risco, sina ao invés", assinala claramente. "Com esta integração, as companhias fazem-se mais competitivas. Compartilham seus recursos, todo o despliegue de fibra , por exemplo. Quiçá inclusive possam baixar as tarifas graças a essa melhora da eficiência", expõe a este meio.
Segundo Cardona, a concentração é a única maneira de competir com os operadores americanos e asiáticos, que são bem mais grandes. "Já passou em Reino Unido, e ali as tarifas não subiram", recorda. A questão mais delicada está, opina, em dirimir se a quantidade de frequência que terá a nova entidade poderia representar um problema para a concorrência. "Na banda média, terá o duplo de espectro de frequência que qualquer outro operador. Quiçá considera-se demasiado, e então a CNMC poderia revisá-lo", adverte.
Se há mais serviços, os preços subirão
Em Rastreator.com , experientes comparadores em diversas áreas, também não acham que as tarifas vão subir a priori. "Parece que em princípio não vão subir de forma directa os preços, salvo que a raiz da fusão lhes interesse comercializar, por exemplo, novos packs que ofereçam serviços de telefonia mais televisão, e, por tanto, implique um aumento de custos ao dar uma oferta com mais serviços", detalha a Consumidor Global o responsável pelo área de telefonia, José Loarce.
"Ademais, em MásMóvil sempre se mantiveram firmes com sua política de preços sem realizar modificações de custo desde faz anos. É provável que este movimento contribua menos pressão às marcas low cost que já tinham preços mais ajustados ao ter menos concorrência diferente, ainda que terá que estar muito pendente de como evolui o mercado", raciocina Loarce. Sobre o possível desaparecimento de algumas pequenas marcas, reconhece que a tendência é essa (recorda que Orange eliminou marcas quando comprou República Móvel), mas considera que terá que esperar a ver como evolui a fusão, "que provavelmente não vejamos efectiva até o 2023".
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