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Maquilhagem 'low cost': vale a pena pagar menos pela saúde da nossa pele?
No domínio da cosmética, existem inúmeras marcas que oferecem as suas bases de maquilhagem a preços mais acessíveis do que outras, diferenças que são apreciadas pelo bolso do consumidor, mas não tanto pela sua derme.
A primeira base de maquilhagem foi inventada no século XVII pela mão de Dai Chun Lin, um popular cosmetologista chinês da época. Desde então, este produto converteu-se em imprescindível. Atualmente, o mercado cosmético oferece tal quantidade de marcas que conhecê-las todas é impossível. O que sim está claro é que se dividem em duas categorias: as low cost e as de gama média e alta.
As diferenças de preços entre todas as marcas é mais que notável. Uma base de maquilhagem da Essence ou Catrice nem sequer chega a cinco euros. Pelo contrário, outras da Dior ou Sensai custam entre 60 e 80 euros. Num ponto mais intermediário ficam marcas como Kiko Milano, com bases entre 25 e 30 euros. Realmente vale a pena pagar estes preços por uma maquilhagem? Oferece o mesmo que uma barata?
O grande influenciador dos preços
O preço final nas bases de maquilhagem vem marcado, em grande parte, pelo nome da marca. "O variável preço no marketing sempre nos diz que há um custo elevado, há uma maior percepção de qualidade por parte do consumidor", explica à Consumidor Global Paco Lorente, consultor de marketing.
O especialista explica que os produtos de cosmética geram muita fidelidade. Ademais, à medida que a marca é mais conhecida, mais segurança transmite à maioria dos consumidores. Esta combinação impulsiona o cliente a pagar o que for preciso. "As consequências não monetárias podem ser muito elevadas: se a pele fica mal, se provoca uma reação alérgica, etc.", explica Lorente.
"Low-cost premium"
Rimmel London é outra marca low cost. Armani está no pólo oposto. A escolha da marca depende do perfil do cliente. "Os consumidores mais jovens vão dar prioridade ao fator preço. As pessoas de gerações mais avançadas dão prioridade à marca". Mas nem tudo é preto e branco. Entre as marcas mais baratas e as mais caras, foi criada uma categoria "low cost premium", como define Lorente.
Um ponto intermediário onde poderia encaixar nomes como Kiko Milano, L'Oreal ou Clinique, por exemplo. "Trabalham a sua comunicação para posicionar-se mais acima que uma low-cost mas com preços competitivos. Chegam a transmitir a mesma confiança que uma premium", explica Lorente.
O selo dermatológico
Do ponto de vista dermatológico, o mais importante é que se trate de um produto dermatologicamente testado. É o que explica Alejandro Fernández, do HM Hospitales, a esta revista. O médico sublinha a importância de estes produtos não estarem contaminados ou não transmitirem infecções. A única forma de o controlar é através de testes de fiabilidade.
"O problema que nós, dermatologistas, encontramos é que algumas destas bases nem sequer sabemos o que são", diz. A oferta é tão vasta que, por vezes, nem sequer têm um nome de marca. Este é um fenómeno muito comum nos produtos de baixo custo. "Vêm diretamente com a rotulagem em chinês e não fazemos ideia da composição", acrescenta. Por conseguinte, é impossível saber de antemão qual o seu impacto na saúde da pele.
O efeito dos produtos não declarados
Há um efeito claro que produz a maquilhagem na pele. É o agravamento da pele quando se usa maquilhagem oleosa com teste não validados. Explica-o Fernández. "O uso do maquilhagem vincula-se ao que se chama acne cosmético", argumenta o dermatologista. Desenvolve-se quando se usam produtos excessivamente gordos que obstruem os poros da pele.
No entanto, recalça que este efeito não depende tanto da qualidade da maquilhagem mas sim do uso do produto. Insiste na necessidade de utilizar bases que sejam dermatologicamente testadas. "Vamos comprar produtos que, se puderem ser da Europa, melhor, porque temos padrões de qualidade elevados.
Vale a pena?
A maioria das bases de preço elevado são apoiadas por outros factores para além do nome da marca. Lorente refere-se à durabilidade e integridade do próprio produto. Ele argumenta que os componentes básicos são bem testados, mas quando comparados com a versão de baixo custo, a pergunta que o consumidor faz é se vale a pena ou não. "É aí que entram todos os ingredientes do marketing", alerta o consultor.
"A marca, a comunicação, a publicidade e as colaborações com influencers é o que no final dá esse empurre para dizer 'é uma marca muito reconhecida, é um preço alto, o produto é de qualidade'", conclui Lorente. Fernández, por sua vez, não dá tanta importância ao preço como ao facto de ser testado. Comprar maquilhagem low cost tem um custo para a pele. Embora nem sempre seja negativo, é verdade que é mais provável que um produto barato não tenha passado pelos controlos de qualidade que Fernández sublinha. A partir daí, cada consumidor deve decidir quanto vale a sua derme.
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