Lojas como cogumelos: chega a loucura por ter um animal de estimação

Pedir um filhote da Pomerania e que recebe-lo numa caixa da MRW. Longe de ser uma cena de um filme, trata-se de uma realidade em tempos de pandemia. Esta loucura foi feita pelo influencer Pelayo Díaz e é um exemplo claro da febre que se vive em Espanha para ter um animal de estimação. Houve um tempo em 2020 que sair a passear com o cão era um luxo que muitos queriam desfrutar e isso desatou uma loucura que agora se traduz em quase uma loja de animais a cada canto.

Na verdade, em Espanha há mais cães que menores de 15 anos, segundo os dados da Rede Espanhola de Identificação de Animais de Companhia (Reiac). Ao todo, contabilizaram-se, até a data, 28 milhões de animais de estimação, o que significa que 40% dos lares espanhóis tem um. "Este valor é preocupante, já que nas atuais circunstâncias excepcionais não é positivo nem comprar nem adotar um animal", recorda à Consumidor Global Anna Maria Estaran, advogada da Fundación para el Asesoramiento y Acción en Defensa de los Animales (Faada).

Lojas por todos os lados

A Miscota abre em breve um novo espaço em Barcelona e prepara os seus últimos detalhes. Situado na central rua de Consell de Cent, o negócio chama a atenção de qualquer utilizador que passe por ali, pelo seu tamanho --tem duas portas de acesso-- e uma chamativa placa em azul celeste com o logo da rede. O negócio é tão "quente" que a companhia não vai apenas acrescentar este estabelecimento à sua rede atual. "Esperamos abrir mais 10 lojas neste ano", confessa José G., uma fonte da empresa, que assegura que a Miscota já conta com meia centena em Espanha. Mas o fato de mais lojas desse tipo florescerem não é algo exclusivo desta empresa. A concorrência ambém vive este boom. Na atualidade, há 12.618 lojas de animais de estimaçãom repartidas pela geografia espanhola, 61% mais que há 10 anos. Além disso, só no ano passado esta indústria facturou 2.000 milhões de euros anuais, convertendo-se num dos setores que mais cresceu, sobretudo num contexto de crise. Mas esse bolo suculento fica nas mãos de poucos. Assim, o conglomerado IskayPet acumula o maior número de vendas, graças às ssuas filiais Tiendanimal e Kiwoko. Na verdade, esta última marca conta com mais de 200 lojas e 2.000 empregados em Espanha e Portugal. Mas a expansão não acaba por aí. Este meio soube que a empresa prepara mais aberturas, no entanto fontes da mesma evitam dar detalhes sobre suas localizações e o valor associado.

Comprar um animal por Wallapop

Plataformas como Wallapop e Milanuncios são uma espécie de saco misto. Pode-se encontrar nelas quase de tudo. Por isso, não é de estranhar que, com um clique, também se possa adquirir um animal de estimação nestas apps que depois chega ao destinatário em forma de pacote. Trata-se de uma prática que já apontava caminhos antes de 2020, mas o confinamiento consolidou-a. Segundo a advogada Estaran, esta fórmula é o pretexto de muitos criadores ilegais de animais para venderem sem um licença para isso.

Por outro lado, que as pessoas adquiram estes seres vivos através destes sites se deve a que "já não parece bem que uma loja venda animais e os tenham encerrados em jaulas", comenta Estaran. No entanto, ainda que essa prática tenha desaparecido, agora abundam outras que também não estão isentas de polémica .

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No caso concreto dos cães, a humanização dos mesmos chega a limites insuspeitados e, agora, o certificado ecológico vale tanto para um produto de consumo humano, como para um cão. Mas a febre não acaba aí. Na verdade, alguns animais de estimação são tratadas como se fossem pessoas e contam, inclusive, com luxos como camas de espuma para dormir. Na verdade, como confessam alguns estabelecimentos especializados, o consumo, tanto de comida como de acessórios para animais, tornou-se cada vez mais refinado.

Como consequência, têm nascido empresas como a startup Patasbox, dedicada de forma exclusiva ao envio de brinquedos originais, snacks premium e outros complementos para os parceiros peludos de muitos espanhóis, que tem experimentado também, fruto da loucura por ter um animal de estimação, um crescimento de quase 50% no último ano. No entanto, este impulso tão marcante em tão pouco tempo faz pensar a alguns especialistas que o setor poderia viver uma espécie de bolha, como a imobiliária, e que, a qualquer momento, esta subida que se vive agora se converte, depois, numa queda.