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Desde um mini Pegasus até o kit Villarejo: assim é o peculiar catálogo da Loja do Espião

A empresa especializada em artigos de gravação e serviços de vigilância oferece produtos do mais variopintos que vão desde os 25 até os 7.000 euros

Alberto Rosa

tienda del espía portada

Um homem acerca-se com sigilo ao escaparate do número 143 da rua Alcalá, no madrileno bairro de Salamanca. Aproxima-se ao cristal, detém-se e observa com detalhe os objetos expostos. Parece uma loja de presentes qualquer, cheia de um montão de frikadas e cachivaches aos que custa encontrar utilidade. Junto ao escaparate, na porta, um boneco de um detective junto a um cartaz com letras azuis promove a oferta do mês: "Mini Pegasus: monitora o móvel que queiras sem deixar rastro".

Uma vez dentro, as estanterías estão cheias de bolígrafos, gafas de sol, colares, anéis, livros, linternas, llaveros e todo o tipo de objetos que, numa loja normal, costumam passar desapercibidos. Mas estes objetos que se podem encontrar em qualquer joyería ou bazar chinês têm algo especial que os diferencia dos do resto de negócios. E é que todos eles têm oculto em alguma parte um microfone, uma câmara, um localizador ou as três coisas ao mesmo tempo. Também há produtos de broma, como o kit Villarejo, um disfarce com gorra, pasta negra, gafas com retrovisor, bolígrafo grabador e umas gafas para gravar audio e vídeo. Preço: 705 euros.

Um catálogo em constante renovação

Foi faz 34 anos quando Antonio Durán fundou em Madri a primeira Loja do Espião, nesse mesmo 143 da rua Alcalá. O proprietário desta marca e negócio tem claro que a gente não espiã por espiar , sina que "há algo detrás que lhe preocupa realmente para lhe levar a seguir a pista a alguém". Durán diz que sua loja está em constante renovação graças à tecnologia e seus avanços em prestações e qualidade, mais especificamente, com a possibilidade de jogar com os tamanhos e ocultar qualquer elemento de gravação em lugares difíceis e inimaginables.

"Somos o Louis Vuitton do espião, aqui há qualidade e selecção. Não podemos competir com os grandes tecnológicos, mas o assessoramento profissional e personalizado é o que nos diferencia", expõe Durán a Consumidor Global. Segundo conta o fundador deste peculiar negócio, a gente vai a sua loja, expõe seu problema, cifra seu orçamento e o pessoal explica-lhe qual é o melhor serviço que se adapta a suas necessidades.

600 euros por um mini Pegasus

A Loja do Espião está presente a seis cidades espanholas (Madri, Barcelona, Valencia, Bilbao, Zaragoza e Salamanca) e seu catálogo é tão extenso como original. "Olha, esta estatueta parece uma virgen normal, mas se abrimos a base, tem grabadora e câmara: Deus todo o vê", caçoa Sandra Vinhas, dependienta da Loja do Espião. "Tudo é novidade porque os objetos que incluem grabadoras se renovam continuamente. Este localizador ligue para veículo é novidade e este quitapelusas que tem um micro também é novidade", assegura Vinhas.

Um detective e um cartaz da Loja do Espião / CG

Um dos produtos mais llamativos é esse mini Pegasus que se anuncia à entrada do local. "É um software que instalamos num telefone móvel e com o que se pode ter acesso a todo o que faça esse dispositivo sem deixar rastro, está oculto", explica a trabalhadora da loja. O fundador da marca, Antonio Durán, conta a este meio que a maioria de clientes que adquirem este serviço o fazem por temas relacionados com controle parental. Este serviço, cuja tarifa ascende aos 600 euros por seis meses, atenta de maneira evidente contra a privacidade das pessoas.

É legal espiar?

"Nós sempre fazemos assinar um documento ao cliente com o que se faz responsável pelo que faça com o terminal. Vem dizendo ser seu móvel e nós não lhe perguntamos que vai fazer com ele, isso é problema seu", sublinha Durán. O fundador deste peculiar negócio reconhece que o produto atenta contra a privacidade de uma pessoa, mas faz questão de que é assunto de cada cliente. "Este serviço costumam-no adquirir pais que suspeitam de seus filhos por se estão relacionados com temas de drogas e querem controlar todo seu terminal, já seja Whatsapp, transportadora, fotos, etcétera.", acrescenta.

Cartaz que anuncia o serviço do mini Pegasus / CG

E é que o aspecto legal sobre a privacidade das pessoas é importante à hora de adquirir qualquer produto da Loja do Espião. A advogada de Legálitas Cristina do Porto explica a Consumidor Global algumas considerações a ter em conta dantes de adquirir este tipo de produtos. "Estas gravações podemo-las realizar sem o consentimento da outra pessoa desde que sejamos partícipes da conversa. Se gravamos um diálogo alheio, sim que intervém o código penal", sublinha a jurista.

Desde 25 até 7.000 euros

Do Porto assinala que é importante o lugar no que tem lugar a conversa e a gravação, pois pára que não seja necessário o consentimento da outra parte, o palco deve ser um espaço público. Em caso que tratasse-se de um lugar privado, precisar-se-ia a aprovação da outra parte para utilizar a gravação num julgamento e mais ainda se se trata de uma conversa alheia na que a pessoa que grava não participa.

Os preços da Loja do Espião vão desde os 25 euros por umas gafas de sol com espelhos retrovisores até os 7.000 euros por um frecuencímetro com a funcionalidade de detectar qualquer microfone ou câmara num habitáculo. Produtos quotidianos como gafas, bolígrafos ou cadernos que incorporem grabadora se vendem por uns 200 euros. Também se oferecem outros serviços como o Dog Bond, um cão polícia para rastrear em procura de estupefacientes por uma tarifa que ascende até os 1.200 euros.