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Um limite de contactos ao mês: a estratégia escondida das 'telecos' em suas tarifas

Boa parte das companhias de telefonia em Espanha impõem um máximo de minutos ou de pessoas às que o cliente pode chamar

Javier Roibás

telefono movil

Todas as companhias telefónicas que operam em Espanha oferecem tarifas planas e ilimitadas para que seus clientes, em teoria, possam fazer todos os telefonemas que queiram e da duração que desejem. No entanto, a maior parte deste tipo de contratos esconde certos topos dos que não sempre se informa de forma correcta ao consumidor. Mais especificamente, estas limitações têm que ver com dois aspectos: a quantidade total de minutos que o cliente pode falar ao mês e o número de contactos diferentes aos que pode chamar no período de facturação.

"As companhias vendem uma ideia de tarifa ilimitada que depois não se corresponde ao 100% com a realidade. É uma briga que temos sempre entre o operador e o cliente", assegura a Consumidor Global Jon Garmendia, gerente da assessoria em telefonia para empresas e particulares All4Movil.

Orange destaca no limite de contactos

Em Espanha existem quatro grandes revendedores de telefonia: Movistar, Orange, Vodafone e Másmóvil, por ordem de quota de mercado. A cada uma delas tem uma série de marcas diferentes, mas o habitual é que as condições gerais dos contratos sejam as que regem na empresa matriz. Assim, no apartado das limitações sobre o número máximo de contactos mensais aos que um utente pode chamar, Orange se leva a palma. Segundo as condições gerais de suas tarifas para móvel nas que se incluem telefonemas ilimitados, a companhia gala assinala que uma pessoa pode chamar, como máximo, a 200 números de telefone diferentes a cada mês. Quando isto ocorre, o cliente pode voltar a falar sem custo com as pessoas às que tinha chamado dantes de atingir esse topo, mas se chama a outros contactos se lhe aplica uma cobrança adicional.

Apesar de que no seguinte período de facturação estes dados se renovam, a situação pode chegar a supor um problema para aquelas pessoas que se dedicam, por exemplo, ao âmbito comercial. Como precisam pôr-se em contacto com muita gente, podem incorrer, sem sabê-lo, em sobrecostes importantes ao ultrapassar os limites. Nesse sentido, Jazztel e Simyo, também de Orange, restringem a 150 os contactos --nos contratos este conceito costuma se recolher como destinos-- com os que o cliente pode falar ao mês, enquanto em Amena se elevam até os 200. Para além da companhia francesa, a principal filial low cost de Movistar, Tuenti, impõe um máximo de 150 destinos e Lowi --a marca de baixo custo de Vodafone-- menciona em suas condições um limite de 200.

Um máximo de minutos

Além destas restrições, outro topo com o que se pode encontrar o utente tem que ver com a duração máxima do conjunto de seus telefonemas mensais. Neste apartado, dentro das principais operadoras e filiais em Espanha os limites só aparecem definidos em Lowi (6.000 minutos) e Lycamobile (5.000 minutos), que opera dentro do grupo MásMóvil.

"Quanto ao número máximo de contactos, as companhias costumam-no ter bastante bem ajustado. Asesoro a empresas, particulares e autónomos em matéria de telefonia e não costumamos ter problemas com isso. No entanto, sim que nos tocou lidiar mais com as operadoras pelo número de minutos", assegura Garmendia. Mas quando se reclamam as quantidades que se cobram a mais por este conceito, as telecos o costumam devolver. "Às vezes toca ter que falar com três ou quatro comerciais porque alguns são mais válidos que outros", enfatiza Garmendia.

Políticas de uso razoável

A informação facilitada pelos comerciais não sempre se ajusta à realidade contratual que figura nas bases gerais das tarifas planas. Assim, por exemplo, ao chamar a Amena e perguntar se, efectivamente, existe algum tipo de restrição em suas ofertas que incluem telefonemas ilimitados, a operadora ao outro lado do telefone assinala e reitera que não, quando, em realidade, existe um limite de 200 contactos ao mês. No entanto, no caso de Lowi, ainda que não se especificam essas condições no site, os comerciais da empresa sim informam de forma detalhada sobre as restrições existentes.

Pelo geral, estas condições passam inadvertidas para a maior parte dos que contratam este tipo de serviços. Em boa medida, esta situação deve-se a que as companhias não põem tudo de sua parte para que o utente aceda a esta informação de forma intuitiva, bem através de seus sites ou de seus números de atenção ao cliente. Nesse sentido, as limitações das tarifas encontram-se, em muitas ocasiões, escondidas na maraña de informação legal que se oferece nas partes menos visíveis dos portais corporativos e, em ocasiões, se oferece vinculada ao que as companhias costumam denominar como "uso razoável". Sobre este aspecto, há algumas empresas, como Orange, que sim explicam o que considera um uso razoável ou de boa fé por parte do cliente e daí restrições implica --apesar de que para o encontrar tenha que dar vários rodeos--.

Medidas antilocutorios e centrais

"As limitações de contactos e de minutos chegaram com o auge dos locutorios. O problema veio por aí", explica Garmendia. De facto, é habitual que na informação legal vinculada às tarifas planas de telefonemas, as companhias mencionem a proibição expressa de poder utilizar este tipo de contratos em centrais, locutorios e outros elementos de concentração de tráfico telefónico nos que se realizem telefonemas em massa.

"Não é uma medida para restringir o uso do serviço por parte dos clientes, sina uma medida de controle da fraude", assegura Orange a este médio. A assinatura também defende que "é muito difícil" que um particular possa realizar um uso de telefonia superior ao limite de 200 contactos que estabelece a empresa gala em suas condições. Ademais, sobre isso, o gerente da assessoria All4Movil recorda que as entidades que precisam este tipo de serviços podem contratar ofertas específicas através das operadoras.