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A intra-história da queda da Mundotoro TV: falhas e "má qualidade de imagem" na sua estreia.
A plataforma tauromáquica alegou inicialmente que cerca de 300 subscritores não tinham podido ver parte do espetáculo, mas mais tarde reconheceu "graves problemas de acesso".
O Domingo de Resurrección, os aficionados da tauromaquia mantinham a expetativa. Na Maestranza de Sevilla estava pendurado o cartaz de esgotado para ver a Morante de la Puebla, O Juli ou Andrés Rocha Rey, e os que não estavam na praça teriam de seguir as corridas pela Mundotoro TV, um canal de recente que se apresenta como "a melhor forma de ver touros na TV" (por 14,99 euros por mês ou 149,99 por ano). No entanto, a sua estreia foi frustrada: centenas de pessoas afirmam não ter podido ver partes do espectáculo apesar de terem pago e outras muitas denunciam a má qualidade da imagem .
O canal, que conta com quase 19.000 assinantes, reconheceu os seus erros no domingo, mas limitou-os a "umas 300 pessoas". No dia 10 pela tarde Mundotoro deu mais um passo ao admitir "graves problemas de acesso ao serviço", pediu desculpas e abriu um formulário para compensar os afetados. Mas, como se se tratasse de um filme de Berlanga, muitos afirmam nas redes que não podiam aceder ao dito formulário. Assim, entre os subscritores, há uma certa simpatia pelos "erros de principiante", mas também uma decepção total.
"Um completo desencontro"
Álvaro Cabezas é subscritor da Mundotoro TV e viveu as incidências do domingo. Antes de mais, faz uma retrospetiva e diz ao Consumidor Global que, para os antigos subscritores do canal Touros de Movist.ar, "esta nova plataforma foi um desajuste completo". Na Movistar, lembra, havia "imensas facilidades para o assinante: podia-se pesquisar, programar e gravar a tourada E, claro, vê-lo em diferentes partes, com pausas e retomando onde o tinhas deixado", relata.
Quando este canal fechou no passado mês de fevereiro após três décadas de emissão, Cabezas subscreveu a Mundotoro TV para ver as corridas na sua smart TV. Ao fazê-lo, relata, não recebeu nenhuma mensagem de boas-vindas por email "até dois ou três dias mais tarde". E, antes da corrida do Domingo de Resurrección, experimentou o canal. As suas impressões não foram muito boas: segundo descreve, a plataforma apresenta certos desajustes, e às vezes dá ao assinante um conteúdo diferente do que selecciona (ao querer ver um anúncio dos toreiros que promovem o canal, por exemplo, aparece um tentadero). Não é fácil nem cómodo, diz, "estar sempre a dar voltas e voltas com o telecomando".
Restrições por localização e atraso
No domingo 9, quando Cabezas seleccionou o directo a partir da Maestranza, apareceu-lhe uma janela emergente na qual se informava de que "este serviço não está disponível no seu país". Estranhando a situação, consultou o Twitter para ver se a outros assinantes sucedia-lhes o mesmo. "Parece que a resposta oficial que davam os responsáveis pelo canal é que tirasses a localização da app. Eu não tinha posto nada. E não se podia ver", afirma. Na sua opinião, da Mundotoro TV deviam ter reconhecido a falha nesse primeiro momento e tranquilizar os utilizadores assegurando que estavam a trabalhar para o resolver.
O que aqueceu os ânimos foi a escassa resposta, nesse momento inicial, por parte da empresa. Tal como refletiram nas redes, alguns utilizadores tentaram ensinar aos mais idosos o procedimento que deviam seguir para ver a corrida na Mundotoro TV, o auge da situação, o canal deixou-os sem resposta.
Uma falha generalizada
Cabezas constatou que era uma falha generalizada. Pouco depois tentou de novo, e então a página ficava à procura, como se estivesse num carregamento permanente. "Já no terceiro touro, no primeiro de Rocha Rey, é quando se começou a ver a imagem", relata. Mas não era de todo nítida. "Nem muito menos HD nem muito menos 4K", assegura. Quanto à realização, salienta que achou "dantesco" ver, quando focaram os três comentadores no quinto ringue, que estavam a ser filmados por uma câmara com um ângulo reduzido, "como se estivéssemos a ver através de um olho mágico".
Cabezas acredita que é uma opção "deficiente e frustrada", ainda que deseja que melhorem nas próximas semanas. "Mas acrdito que o ideal seria que tivesse um convênio de colaboração com as diferentes plataformas (Orange ou Movistar), como um canal mais on-demand", argumenta. Além disso, este aficionado diz que a origem última do início desventurado do canal está em questões pessoais: David Casas, que esteve muitos anos na praça de touros, foi despedido do Canal Toros e agora constituiu-se como narrador principal. "Para meu gosto, todo tem sido feito à pressa e correndo quase como uma vendetta pessoal", dz Cabezas.
"Não estavam preparados"
"Eu já estava à espera, porque desde o início que tentei subscrever o canal e não foi possível até que, passados alguns dias, me enviaram uma nova palavra-passe online . Nesse momento pensei que não estavam preparados para ser um serviço 'normal', isto é, oferecer um serviço conforme o que tens pago. De modo que decidi não subscrever e esperar para ver como ia", relata Jorge Peláez, que não confiou na Mundotoro TV.
Em qualquer caso, não esperava que o erro fosse de tal calibre e impedisse os assinantes ver parte da emissão. "Entendo que farão os seus esforços para o solucionar, mas até que não se possa ver peka TV ou numa aplicação segura ou nalguma das empresas que dão o serviço de TV, como Orange, Vodafone ou a mesma Movistar, não vou assinar", afirma Peláez. Contudo, a sua intenção não é atacar contra a plataforma. "O que todos os aficionados das touradas querem é que tenham sucesso, porque se tiverem sucesso estão a fazer um bem à tauromaquia", afirma.
Da Champions a Segunda B
no Twitter há quem se mostre menos benevolente. "Touros TV tinha muitos defeitos, mas a qualidade de imagem era muito boa e mostravam grandes planos dos touros a tourear. Com a Mundotoro TV produziu-se uma involução e a tauromaquia passou de jogar a Champions League para jogar na Segunda B", diz um assinante descontente. Outro aponta a falta de sentido que os subscritores tivessem que pagar por um serviço deficiente quando a corrida foi emitida gratuitamente na Castilla-A Mancha Média; e também há quem qualifique o ocorrido de "vergonha" ou inclusive "fraude".
Por sua vez, no seu primeiro comunicado (antes de reconhecer "graves problemas de acesso") a Mundotoro defendia que a retransmissão se tinha desenvolvido "sem problemas durante toda a emissão, com uma alta qualidade de streaming O único acento negativo esteve no acesso para aproximadamente 300 subscritores que não poderam entrar até o quarto touro". Este meio tentou contactar com a plataforma para recolher o seu ponto de vista e propor mais perguntas, mas até ao termo desta reportagem não obteve resposta.
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