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Gazpacho e tortilla de batatas do súper: Quanto têm subido os platos mais populares?

O encarecimiento do azeite de oliva é um dos principais factores que marca o incremento de preços nestas elaborações precocinadas

Ana Siles

Un trozo de tortilla de patatas casera, uno de los platos que más se han encarecido PEXELS

Não há nada que represente melhor a um café da manhã espanhol que um finco de tortilla. E quando há que eleger uma sopa fria para tomar em qualquer momento do dia, o gazpacho é a clara favorita. Duas receitas tradicionais de nosso país que não passam desapercibidas para os supermercados. Primeiras assinaturas e marcas brancas oferecem uma ampla variedade de ambos produtos em sua versão precocinada.

Agora bem, o que também não passa inadvertido é o preço do azeite. Pior ainda se é azeite de oliva virgen extra (AOVE), que supera os 10 euros o litro em alguns casos. Em general, todas as categorias estão ao alça e se há algo que tenham em comum uma tortilla de batatas e um gazpacho é, precisamente, que dependem em boa parte do ouro líquido. Bem sejam subidas mais agressivas ou mais subtis, do que não há dúvida é que o consumidor paga mais em 2023 por uma tortilla de batatas ou um gazpacho precocinado.

O caso do gazpacho

A sopa fria mais popular de Espanha difere em sua escalada de preços em função das marcas. É importante fazer uma distinção entre as primeiras marcas e as brancas. Hacendado (Mercadona) praticamente mantém o preço de seu gazpacho desde 2020. Naquele tempo vendia-se nos lineares por 2,5 euros. Uma cifra que se manteve até 2022 sendo 2,75 euros o custo actual.

Um fenómeno que não se repete em García Millán, Realfooding (Carlos Rios) ou Santa Teresa. A primeira delas tem passado de custar 2,65 (2021) a 3,50 euros na actualidade. A marca do influencer Carlos Rios tem subido 1,44 euros com respeito a princípios de 2022. Por último, o gazpacho de Santa Teresa vende-se actualmente por 4,89 euros. Uma cifra longínqua aos 3,5 euros que custava em 2020.

O caso da tortilla de batatas

A subida de preços na tortilla de batatas é mais notável que no gazpacho. A de Mercadona tem passado a custar 2,60 euros em frente aos 1,80 euros de 2021. A subida da marca Dia tem sido mais agressiva. Em 2022, a tortilla custava 1,49 euros. Em 2023, os consumidores pagam 2,59 euros.

No terreno das primeiras marcas, o incremento de preços tem sido ainda mais notório. Fuentetaja vende a sua por mais de três euros enquanto em 2020 ficou em 2,59 euros. A Cozinha de Senén, uma das mais valorizadas em tortillas de batatas, também tem subido seus preços. 5,25 euros é o que custa em 2023. 4,90 euros era o que valia em 2020.

Por que têm subido seus preços?

Em general, a subida de preços nos produtos precocinados está a ser mais contida que nos alimentos em cru. "O facto de investir teu tempo e fazer uma tortilla de batatas, quiçá em muitos lares não compensa", argumenta a este meio Francisco Torreblanca, consultor e professor de estratégia e inovação. "Eu acho que a tendência é a ir introduzindo mais em casa o precocinado, ainda que custe e vá contra nossa cultura", limpa.

Gazpacho / Pixabay

Evidentemente são muitos os factores que entram em jogo quando há que detalhar por que têm subido os preços. Entre todos eles, o incremento do azeite é innegable. No caso da tortilla, ademais, há que somar produtos como os ovos ou as batatas. Nesta vorágine de subidas, existe um detalhe com o que as marcas ganham margem de jogo. Não em todos os produtos vem etiquetado a percentagem de azeite que contêm. "Ao não mostrar a quantidade exacta do azeite, têm mais campo para jogar", explica o experiente.

Mistura de azeites, chave para manter os preços

Misturar azeites resulta chave para o preço dos precocinados como a tortilla de batatas. Assim o detalha Torreblanca. De facto, basta com jogar um vistazo aos etiquetados das marcas recolhidas neste artigo para comprovar este jogo com o ouro líquido. Neste caso, nenhuma das marcas recolhidas elabora a tortilla exclusivamente com AOVE. Quase todas recorrem a categorias como o virgen ou o oliva a secas, inclusive ao azeite de girasol.

Azeite de oliva / PIXABAY

No caso do gazpacho sim que é verdadeiro que não existem misturas. Todas as marcas elaboram a sopa fria com AOVE. No entanto, não em todas se pode constatar quanto ouro líquido contêm. É o caso, por exemplo, de Realfooding. Hacendado, em mudança, afirma que introduz um 7% de AOVE em seu gazpacho. Uma cifra que supera com cresces ao 4% de García Millán e ao 3% de Santa Teresa.

Uma estratégia de camuflaje

Este jogo por parte das marcas é o que se conhece em marketing como shrinkflation, tal e como detalha Torreblanca. "Trata-se de camuflar dentro da partida de ingredientes alguns dados em quantidade ou qualidade para tentar manter o preço do produto sem que se crê um alarme social para o consumidor", enfatiza.

Uma tortilla de batatas / PIXABAY

O azeite de oliva está em plena "subida livre". Assim o explica Torreblanca. Tendo em conta este contexto económico, o verdadeiro é que não é tão fácil fazer uma predição de quanto seguirão subindo os alimentos que dependam dele. Torreblanca espera que o topo do AOVE se fiquei nuns 12 euros o litro. Um dado que já suporia uma situação "dramática".