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Gas, a nova rede social que aumenta a auto-estima com elogios: "Com esta app esqueci o TikTok"

Depois de BeReal, agora chega a aplicação de elogios que triunfa entre os jovens dos Estados Unidos, o único país onde, por enquanto, está disponível

Ana Carrasco González

Gas, a nova rede social que aumenta a auto-estima com elogios / GAS

"Esta rede social fez com que me esquecesse do TikTok ", admite Jocelyn N., uma das jovens utilizadoras de Gas , a nova rede social que aumenta a auto-estima através de cumprimentos e elogios que já se converteu na aplicação mais descarregada na App Store. Longe da postura e discursos tóxicos que caracterizam outras plataformas, esta app consiste em oferecer palavras bonitas de forma anónima. Os utilizadores devem responder a perguntas de outros e se recolherem moedas suficientes podem revelar a identidade da pessoa que respondeu às perguntas que fizeram

"Muitos disseram que os ajudou com a depressão e alguns inclusive disseram que reconsideraram o suicídio", destaca um dos fundadores e criadores da Gas, Nikita Bier, --junto a Isaiah Turner e Dave Schatz– que explicou que estão a implementar esta rede social "lentamente". Por enquanto, só está disponível em cinco estados dos Estados Unidos: Michigan, Illinois, Wisconsin, Indiana e Ohio. "Cedo estará em mais lugares. Não estou seguro de quanto durará, mas inclusive se só dura um momento, acho que valerá a pena", acrescenta Bier.

Qual é a diferença

Johnathan N. é de Ohio e foi uma das primeiras pessoas a descarregar a app no mesmo dia do seu lançamento. Este jovem conta à Consumidor Global que a confiança em si mesmo aumentou com o da Gás. "É o que se supunha que eram as redes sociais. Ao contrário do Instagram ou TikTok, que são uma concorrência por atenção, Gas é uma oportunidade para dar atenção", destaca sobre a diferença que representa esta app, que resulta mais segura para a saúde mental dos mais jovens.

Gás converteu-se na aplicação mais descarregada na App Store / APP STORE

"Isso é realmente grandioso para os que recebem, mas ainda mais para quemdá, porque o estão a dar de uma forma positiva", diz Johnathan. A plataforma, que foi lançada em agosto deste ano, é para Cristóbal Fernández, vice-presidente de Comunicação na Faculdade de Ciências da Informação da Universidade Complutense de Madrid e especialista em redes sociais, uma aposta pela autenticidade e "boas vibrações". De facto, a própria empresa diz que o propósito da Gas é "criar um espaço que nos faça sentir melhor sobre nós mesmos" e demonstrar aos utilizadores que "há pessoas que nos querem e admiram".

Terá sucesso?

Fernández aponta que é muito habitual nos últimos anos aparecerem novas redes sociais. "Nem todas têm sucesso. Algumas convertem-se em notícia um tempo e parece que vão fazer uma mudança trascendental mas só algumas conseguem realmente fazê-lo", destaca. O perito também reconhece  que criar uma rede social é cada vez um desafio mais complexo e as barreiras iniciais ao mercado são maiores. "As redes sociais têm os seus próprios ciclos de vida, nascem, crescem, desaparecem, são compradas ou desaparecem com maior ou menor sucesso e velocidade", enfatiza.

"FHá pouco tempo era o momento da BeReal. Agora parece que é Gas a nova rede social favorita dos jovens que destrona a BeReal e o TikTok. Por enquanto só está disponível nos Estados Unidos, pelo que terá que esperar para saber se chegará a Espanha", comenta o perito que destaca que os utilizadores estão aborrecidos com as redes tradicionais e as mesmas funcionalidades de sempre. "Em certa medida estamos todos à espera que venha um novo mesías das redes sociais. Algo que realmente seja disruptivo e represente um passo adiante neste âmbito que não deixa de ser ainda novo. Não esqueçamos que as redes sociais têm pouco mais de uma década de vida", recorda.

Mau uso das redes sociais

Ao longo dos anos desenvolveu-se uma maior consciência sobre o uso das redes sociais e há uma maior preocupação pela privacidade, tal como aponta Fernández. "Agora, claramente há um componente de socialização numa idade chave que torna muito diferente o uso e valor que os jovens dão à comunicação nas redes sociais face à consideração que têm a respeito as pessoas mais velhas", explica. O uso de plataformas sociais em crianças e adolescentes está directamente relacionado com um aumento de casos de vício, isolamento, falta de concentração ou irritabilidade.

Dois rapazes consultam as redes sociais a partir dos seus telemóveis / PEXELS

Mais especificamente, segundo dados da Europa Press, os estudantes de primária passam mais de 700 horas na Internet e os de educação secundária para perto de 1.000, superando as horas que dedicam aos estudos. "O fenómeno das redes sociais gerou importantes mudanças na sociedade, em especial entre a população adolescente revolucionado nossa forma tradicional de relacionar-nos, informar-nos e comunicar-nos, criando inclusive uma linguagem própria, e os riscos vêm precisamente dos excessos que ameaçam a privacidade, que desinforman ou geram carências afectivo-emocionais", realça Fernández.

A saúde mental

A vulnerabilidade aumentada dos menores no uso de redes sociais torna necessário o desenvolvimento de plataformas como Gas, focadas a um público mais jovem e com um mecanismo completamente diferente ao das redes convencionais. Convém lembrar que durante o confinamento, associou-se o uso de redes a um aumento de transtornos de conduta alimentar, pelo que não é uma questão que devamos banalizar.

Sobre se é possível que esta nova rede social resulte mais segura para a saúde mental dos mais jovens, Cristóbal Fernández avisa que terá que ver o desenvolvimento e evolução da mesma. "Por enquanto parece que as intenções são positivas. Elevar a autoestima através de cumprimentos e elogios não soa mau, mas não tenho a certeza que seja suficiente para destronar outras redes sociais mais completas, como o caso da BeReal e TikTok", conclui o perito.