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Falamos com três 'gamers' profissionais que abogan por pôr coto às caixas botim (e seus motivos)

O Ministério de Consumo anunciou que regularia as 'loot boxes' enquanto os profissionais do sector assinalam que é uma medida correcta

Juan Manuel Del Olmo

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A princípios de junho de 2022, o Ministério de Consumo anunciou que regularia as caixas botim ou loot boxes. Estes serviços consistem em recompensas aleatórias pelas que os gamers pagam dentro dos videojuegos. Alberto Garzón afirmou que tinham certas similitudes com os jogos de casualidade, porque quem compra uma caixa botim não sabe que vai conter. Costumam ser melhoras, mas melhoras surpresa. E a surpresa, às vezes, engancha. Assim, apesar de que existe o risco de que alguns actores da indústria se revuelvan contra a medida, há gamers que dão o visto bom a esta regulação que pretende evitar ludopatías.

Um bom exemplo para entender como funcionam estas caixas botim está no jogo FIFA. Neste caso concreto, é possível pagar por sobre-los que contêm futebolistas para melhorar uma equipa. Às vezes satisfazem ao gamer e outras vezes não. Nesse torque de atração e frustración, o videojugador pode acabar subyugado por uma tómbola de luz e de cor, que reporta benefícios milionários às empresas.

As caixas botim: "A experiência dos cromos levada aos videojuegos"

Christian Henares, gamer e CEO de Legión Gamer Espanha, conta a Consumidor Global que a prática de vender melhoras por separado não é algo novo, sina que começou faz mais de uma década. Entre os que se subiram a essa carroça áureo de monetizar, Henares cita os Guitar Hero, que vendia canções por packs de três, ou Rock Band, que vendia álbuns inteiros. "De facto, videojuegos como Soul Calibur IV (PS3/XBOX360) ainda vendem suas personagens de Star Wars, Yoda e Darth Vader, a 4,99 euros", recorda.

Uma pessoa com o FIFA 21 / UNSPLASH

"Os loot boxes ou caixas botim são uma evolução destes tempos, e oferecem a experiência dos cromos levada aos videojuegos", expõe Henares. Há de diferentes categorias, e quanto mais caras, mais potente é a melhora. Com a cada uma há uma "percentagem alta ou baixo de possibilidade de conseguir os elementos mais raros e difíceis de pillar do jogo. Nos videojuegos FIFA dos últimos anos têm sido especialmente comuns", realça.

Mais problemáticas nos móveis

Esta prática, como Henares reconhece, "te incita a jogar muitas mais horas à cada jogo para o conseguir tudo, além dessa sensação semi-adictiva que te proporcionavam os cromos". Não obstante, acha que nos últimos anos o próprio mercado sancionou-as.

"As loot boxes são criticables, mas a própria comunidade já se encarregou das sentenciar e não são muitos os videojuegos que as têm, em consola ao menos, em comparação a anos atrás. Isso sim, no mercado de jogos de móveis , a coisa muda", admite. Neste caso, trata-se, a seu julgamento, de "uma forma de negócio perfeito, que engancha à gente a bons artigos capazes de melhorar a experiência do jogo".

Um jovem com o comando de uma consola / UNSPLASH

Melhor regular que proibir

Em 2018, Bélgica tomou a decisão radical de proibir as loot boxes. Mas esta medida tão tajante não convence aos gamers espanhóis, que pretendem que se hile mais fino. Assim o pediu a Federação Espanhola de Jogadores de Videojuegos e Esports, que num comunicado aplaude a decisão de Consumo de abrir uma consulta pública para conhecer a perspectiva da indústria. Assim mesmo, solicita que se faça "um estudo individual e concreto da cada tema" e acrescenta que "se devem ter em conta os múltiplos parâmetros que ver-se-iam afectados por uma intervenção ou regulação inadequada". Isto é, que olho com dar um passo em falso e embarrar o ecossistema.

Henares também não quer algo tão taxativo. "Ainda que Bélgica tenha proibido os loot boxes, se faz-se isso em Espanha, levará aos estudos a directamente não comercializar os jogos, dado que é possível que o número de jogadores não possa compensar a mudança de versão de jogo por parte dos desenvolvedores", argumenta. Ademais, acha que muitos jogadores "atirariam de VPN para ligar em outra região e poder seguir jogando com loot boxes às que estejam enganchados".

Especial preocupação nos menores

Eric 'Diabo' Murillo é gamer profissional e director do clube de e-sports KPI Gaming. Murillo conta a este meio que, no caso do FIFA, ao redor de um 50 % dos benefícios "vêm das loot boxes, neste caso as cartas de Fut Champions, nas que te pode tocar qualquer jogador". Baixo seu ponto de vista, é um tema delicado, em especial, no caso dos menores. Apela à responsabilidade, e, ainda que reconhece que ele tem recorrido a estas caixas botim em alguma ocasião, "se tivesse um filho tentaria que não o fizesse".

Um menino com um videojuego / UNSPLASH

Com tudo, acha que o ideal seria encontrar um mecanismo de controle adequado, mas admite que seria complicado. "Quiçá poderia ser um limite às transacções que se podem fazer diária ou semanalmente, ainda que entendo que também seria problemático", propõe. "Mas parecer-me-ia mau cancelá-lo tudo. É um tema no que falta muita educação, e acho que em determinados casos é algo divertido, assim se se bloqueia totalmente, não gostará a muitos", opina.

Melhoras competitivas e estéticas

José Ruiz é treinador de gamers na academia e-Squad. Este experiente, que recalca que fala desde a perspectiva da formação, assinala que a regulação "lhe parece bem". Inclusive vai para além e reconhece que "nunca gostou destas caixas" no caso da competição, porque, de algum modo, a adulteram, já que permitem chegar mais longe aos que mais pagam. "Se marcam a diferença no jogo, eu estaria a favor de que estivessem proibidas", expõe.

Uma imagem do 'League of Legends' / UNSPLASH

O sucesso dos micropagos é tão grande que, como conta Ruiz, até FIFA somar-se-á ao modelo de se comercializar de forma gratuita e ingressar só por desembolsos dentro do jogo. "Eu preferia o modelo anterior, no que pagavas 60 euros por um jogo e depois o desfrutavas inteiro", rememora Ruiz. Não obstante, desembolsar dinheiro por melhoras não lhe parece nocivo no caso do League Of Legends (LoL), um dos jogos mais populares, onde se paga pelos skins, isto é, "para que tua personagem seja mais molón". Neste caso, só afecta a nível estético.

'Pay to win'

Ruiz confia em que a medida seja positiva, mas também entende as suspicacias dentro do sector. "Quando se fala de regular, sempre há medo, porque às vezes quem regula não tem toda a informação", expressa. Por sua vez, Murillo acha que depende da mentalidade do gamer. Em determinados jogos, comenta, os jogadores querem para seu avatar uma determinada faca ou uma determinada pistola. "Pensam 'meto-lhe 10 euros mais e seguro que me toca'. Mas é que igual não lhes toca", indica.

Este experiente cita o exemplo do Lost Ark, um jogo gratuito de Amazon no que alguns têm chegado a investir quantidades muito grandes. "Há gente que se gastou até 20.000 dólares em isto", conta o gamer. Do mesmo modo, ainda que o foco está agora sobre as caixas botim, acha que o problema do pay to win é similar. Aqui não se trata de casualidade, sina de melhorar uma personagem propositalmente de que, quanto mais dinheiro se invista, mais potente será. "Isso também fomenta o ego da gente e a despesa de dinheiro, não?", pergunta-se. "Ao final, o pay to win também pode ser um vício", considera.