O pleno do Congresso dos Deputados tem aprovado finalmente nesta quinta-feira o projecto de lei de bem-estar animal, que exclui de seu aplicativo aos cães de caça e outros animais de trabalho, como defende o PSOE e também a reforma do Código Penal para modificar as penas por delito de maltrato animal por 178 a favor, 165 na contramão e 5 abstenções.
A norma de bem-estar animal tem obtido os 174 votos a favor de PSOE, UP, ERC, EH-Bildu e CUP; a abstenção de BNG, Teruel Existe e Compromís e 172 votos na contramão do PP, Vox, Cs --que inicialmente tinha anunciado sua abstenção--, PNV, PdeCat, Junts per Cat, Mais País-Verdes Equo, UPN, Foro Astúrias e PRC.
Mais apoios dos necessários
Por sua vez, o projecto de lei de reforma da lei orgânica do Código Penal que precisava maioria absoluta (176 votos) para sair adiante, tem obtido mais dois apoios dos necessários. Mais especificamente, tem contado com 178 que somam PSOE, UP, ERC, EH-Bildu, Compromís e PdCat e a abstenção de Teruel Existe e Junts per Cat.
Na contramão têm votado PP, Vox, Cs, PNV, Mais País-Verdes Equo, Coalizão Canaria, Foro Astúrias, BNG, PRC e os dois deputados do antigo UPN.
Não se derogará o regime
O texto da lei de bem-estar animal tem sido aprovado com várias emendas pactuadas. Mais especificamente, têm sido respaldadas duas emendas apresentadas por EH-Bildu: uma que impede derogar o regime jurídico de tenencia de animais potencialmente perigosos, e outra, para melhorar a coordenação dos registro autonómicos de animais de companhia, mas de acordo com o exercício das concorrências destas.
Ademais, incluiu-se no texto legislativo uma emenda de ERC para o tratamento dos gatos e as colónias felinas, de maneira que ficam à margem de ser realocados ou deslocação dos gatos, os que vivem em liberdade e suponham um impacto negativo aos espaços naturais protegidos e Rede Natura 2000 ou um impacto negativo à fauna protegida ou um risco para saúde e a segurança públicas ou que seja incompatível com a própria preservação da qualidade de vida dos próprios mininos.
ERC consegue que não toda a lei se aplique em todo o território
Assim mesmo, outra emenda transacional de ERC elimina certos requisitos para o transporte de animais de companhia destinados a actividades desportivas ou lúdicas, incluídas as cinegéticas, que se efectue mediante remolques, carroças ou jaulas. Outra emenda mais de ERC, que conta com o apoio de PSOE, modifica os artigos relativos ao artigo competencial da norma e estabelece a parte da lei que será de aplicativo no conjunto do Estado.
Finalmente, o pleno tem aprovado uma emenda transacional proposta por Unidas Podemos e que conta com o apoio do PSOE pela que se elimina a disposição adicional sétima relativa às condições da manutenção dos cetáceos em cautividad.
Belarra, "orgulhosa"
No debate, a ministra de Direitos Sociais e Agenda 2030, Ione Belarra, tem defendido que pela primeira vez Espanha terá uma lei que sirva "de paraguas de protecção" em todo o país, que dá um passo adiante para estar à altura da sensibilidade dos cidadãos e que "começará a terminar com a impunidade da que têm gozado os maltratadores".
"É um orgulho para meu ser ministra de um país que ama aos animais e os cuida e é minha vontade, hoje e amanhã, trabalhar por sua protecção e bem-estar", tem manifestado Belarra que tem destacado com respeito à modificação do Código Penal proposta que permitirá que os "desalmados" que utilizam a violência contra os animais como instrumento para contra as mulheres vejam agravado este comportamento.
Agradecimento aos grupos
A ministra tem agradecido o apoio dos grupos ERC, EH-Bildu e PdCAT, mas tem lamentado que se tenha rompido no Parlamento o consenso que construiu o Governo para proteger a todos os animais e, em especial aos de caça. Belarra tem sublinhado que a norma previne e luta contra o maltrato e o abandono dos animais, que cifra em 700 ao dia, e evita o sacrifício dos cães e gatos que são abandonados ou não adoptados nas protectoras e que não se deva a motivos eutanásicos.
A ministra tem acrescentado que para evitar o abandono se estabelecem medidas para garantir a identificação dos animais em todo o território, cria um registro de criadores e fomentará a tenencia responsável. Por isso, tem advertido a quem têm votado na contramão de que terão que reconhecer que se equivocaram.
Uma tramitação "difícil"
Nesse contexto, tem admitido que a tramitação da norma tem sido "enormemente difícil" e tem agradecido aos deputados que têm trabalhado na norma, às entidades de protecção animal baixo o lema "Mesmos Cães, Mesma lei" para que a legislação fosse "o mais ambiciosa possível".
"Temos chegado tão longe como temos podido com as forças que temos. Mais longe do que tinha chegado nunca dantes Espanha na defesa dos direitos, mas não tão longe como quereríamos mas mais longe do que nunca imaginamos que íamos poder chegar", tem apostillado.
Intenso debate
Durante o debate, a deputada do PP Milagres Marcos tem instado ao Governo a abandonar sua soberba e escutar aos experientes que asseguram que esta lei não protege aos animais, nem evita o maltrato, nem assegura seu bem-estar, sina que prejudica a biodiversidade, afecta à saúde pública, pode provocar problemas de controle de pragas, promove o intrusismo profissional e afecta às gentes que tratam de manter vivo o mundo rural.
"Retirem esta lei e faça uma que não anteponha o interesse dos animalistas ao interesse dos animais. Já está bem de leis chapuceras e sem relatórios que supeditan a legalidade à governabilidade", tem apostillado. Para Marcos, Espanha "não é um país de maltratadores de animais" e qualifica de "ironía" que falem de direitos dos animais quem "beneficiam aos maltratadores de mulheres pela frivolidad com a que o senhor Sánchez leiloa o Código Penal".