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Ellatime envia a um cliente o que não pediu e insta-o a devolver a China assumindo as despesas

A vítima queixa-se de que "nasceram burlões" depois de ter recebido ténis baratos do AliExpress em vez dos ténis Tommy prometidos no Website.

Ana Carrasco González

Os ténis que chegaram do AliExpress (I) e os ténis oferecidos pela Ellatime (D) / CG

"Pedi uns ténis com plataforma Tommy no website Ellatime", relata Roberto Villoslada sobre o começo de uma crónica de uma fraude anunciada. O preço do calçado é 32,99 euros e, ainda que o cliente não esperava os originais, confiava em que chegassem os da foto. Mas não. "Enviaram-me uns que se vendem na AliExpress por 11,58 euros", lamenta Villoslada, que decidiu solicitar a devolução dos ténis sem saber que lhe esperava outra contrariedade.

O site que se promove como "a melhor loja de moda on-line" oferece à vítima duas possíveis "soluções". Por um lado, Ellatime dá-lhe a possibilidade de um desconto de 20% na próxima compra, ou fazer a devolução do pedido solicitado e enviar o porduto para a China pagando todas as despesas de envio. "Resulta que me custa mais que o pago. Sinto-me defraudado. Não quero esse desconto porque não voltarei a comprar nesta página", diz Villoslada.

"Uns fraudadores natos"

O cliente conta com desespero à Consumidor Global que continua à espera de uma solução que não passe nem um desconto numa próxima conta nem o envio por sua conta dos ténis "de plástico e mal acabados" ao outro lado do mundo. "Sinceramente, acho que a solução nunca chegará. São uns fraudadores natos", resigna-se.

O email de Ellatime à vítima / Foto cedida por Roberto Villoslada

Não obstante, da Ellatime é verdade que avisam no seu website que "se você decide devolver um pedido, será responsável pelos custos de envio da devolução. A nossa equipa de apoio ao cliente analisará o pedido de devolução e enviará mais instruções se a devolução for aprovada". Mas também dizem que "a Florydays reserva-se o direito de negar qualquer devolução". Se estamos no website da Ellatime, o que é a Florydays? Seguinte capítulo da fraude.

As suspeitas de fraude

O nome de Florydays refere-se a uma antiga página já inativa que também acumula o descontentamento de muitos clientes e acusações de fraude. A pista na sua Política de Devolução parece indicar que os criadores da Ellatime são os mesmos que os da Florydays, que a dada altura foram obrigados a fechar este último e copiaram o texto.

Há também alguns pormenores suspeitos que levantam suspeitas. Por exemplo, ao clicar em determinadas seções, o site não redireciona o internauta aonde deveria fazer. O banner no topo do sítio, que avisa, em pleno mês de julho, de uma "promoção de abril com até 70 % de desconto", também levanta suspeitas. Um pouco mais abaixo, pode-se ler: "Acesso antecipado: até 50% de desconto. Adianta-te esta primavera. Super descontos nos últimos modelos e peças exclusivas de acesso antecipado".

Um site pouco convincente

O ponto mais interessante do site é quiçá o de Quem somos. "Oferecemos de forma on-line o último em sapatos, moda e acessórios de moda para mulheres do século XXI. Graças à nossa infraestrutura, fabrico e armazéns, conseguimos oferecer a mais de 1.000.000 clientes os melhores calçados de moda e tendência aos melhores preços do mercado", descrevem com os seus erros tipográficos incluídos.

Aspeto do site / CG

Também justificam "os seus preços baratos" (convém lembrar que Villoslada teve que pagar um preço superior pelo mesmo produto do que a AliExpress) enquanto o negócio se baseia em "vender massiva de sapatos de moda e roupa de mulher. Desta forma, podemos ajustar ao máximo os preços das peças, para que estar na moda seja acessível a todos os orçamentos. Desta forma pode-se fabricar as nossas peças de forma eficiente conseguindo os melhores preços", justificam.

Ellatime não responde

Aqueles que estão por trás da Ellatime explicam que por esta mesma razão "a procura de sapatos é tão alta e o stock acaba muito rápido". Apesar de que no site não há indicações sobre onde se fabricam os artigos, a sede da empresa está em Oulu, uma cidade da Finlândia.

A Consumidor Global pôs-se em contacto com Ella Time para conhecer a sua postura a respeito e perguntar pelas suas supostas práticas fraudulentas mas, até ao termo desta reportagem, não obteve resposta.