É assim que o chef madrileno que oferece alta cozinha a um preço irresistível combate a inflação

Se algo nos ensinaram os talent shows de cozinha como Masterchef é a apreciar a gastronomia espanhola. Além disso, os restaurantes de moda e com estrela Michelin converteram-se num lugar mais de visita. Mas, é possível fazer alta cozinha a um preço irresistível? Isso é exatamente o que pretende o chef madrileno Daniel Pozuelo.

Bichopalo é o seu bebé. O restaurante encontra-se na rua Cristóbal Bordiú e tem mais de dois anos com um menu de degustação a 35 euros. No entanto, a elevada inflação de 2022 levou-lhe a procurar, inextremis , soluções para não aumentar o custo e lutar, porém, neste contexto.

Mudanças no menu pela inflação

Um dos atractivos que tem Bichopalo é o seu preço. No local oferece-se um menu de degustação às cegas, isto é, surpresa, composto por seis pratos. E tudo isso por menos de 50 euros. "O primeiro é basicamente um snack. Seriam três entradas, um peixe, uma carne e uma sobremesa. Vamos variando", detalha Pozuelo, entre fogões, à Consumidor Global. Apesar de que o comensual não sabe o que vai comer até que o tem diante, um must que quase sempre vai encontrar é a dourada em múltiplas versões.

Antes de Semana Santa os clientes podiam desfrutar de uns dumplings de veado ou tacos de pés de porco. "Podemos mudar o menu em questão de duas horas, segundo nos ocorra", acrescenta o proprietário. No entanto, este selo da casa vacila. A situação inflacionista afecta as famílias, e também os negócios. E Bichopalo não escapa a isso. "Temos considerado subir o preço do menu de degustação. Mas outra opção passa por subtrair um prato e acrescentar um pouco mais de comida no resto para manter a margem. Temos que ver como nos comportamos. Tudo subiu e agora estamos apertados", confessa o chef.

Nascimento de Bichopalo

Pozuelo formou-se em restaurantes como Arzak, DStage ou Alboroque. No entanto, cedo compreendeu que esse tipo de cozinha não era o seu lugar e abriu o seu próprio local dentro do Mercado Barceló. "Abri da noite para o dia, não tinha dinheiro nem sabia o que oferecer. Primeiro tínhamos carta, tapas e um menu de degustação. Perdia dinheiro até que um dia perdi tanto que decidi só oferecer um menu de degustação. Desde essa altura, começou a vir muitas pessoas", explica Daniel.

Com a pandemia veio o encerramento da banca no mercado e era altura de pensar um novo rumo. Dali nasceu o Bichopalo. "Impulsionou-nos o medo e as circunstâncias. Precisava de abrir se queria pagar as dívidas e faturas que tinha. Não tinha mais opções. Abrimos como pudemos, com as restrições do Covid-19, numa zona onde não nos conheciam. Por sorte essa situação mudou passado um mês". Agora, uma equipa de três pessoas, liderada por Daniel, conseguiu atingir uma certa reputação.

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Consumidor Global

Alimentos mais económicos

O menu do Bichopalo sofreu uma metamorfose em todo este tempo. "Antes não oferecíamos massa, um produto que é muito económico. Agora, no entanto, tivémos que a incorporar se queremos ter alguma rentabilidade. O cliente entende-o e aceita-o como algo normal", remarca Pozuelo.

Para evitar, porém, manter a qualidade a um baixo custo, "não nos podemos mexer muito por determinados produtos porque o preço sobe. Tentamos jogar com produtos mais humildes que sejam bons e tratá-los como se fosse um produto que te custa 10 vezes mais. No final sempre podes completar o menu com alimentos como o caviar ou a trufa e pagar esse extra".

Planos de futuro dentro e fora de Espanha

Apesar destes momentos complicados que não sabemos como vão acabar, Pozuelo já pensa em expandir e fazer crescer a sua concepção da restauração.

"Queremos abrir outros modelos de negócio. Por exemplo, num shopping ou nalgum mercado de bairro. Daqui a um mês lançaremos um bar de coquetéis com alguns petiscos frios, como petiscos mexicanos, em Ponzano. Também consideramos sair de Madrid. Gostaria de poder estar presente, também, em Alicante e fora de Espanha não descartamos o México ou Portugal", conclui.