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O negócio obscuro da Wolahome: "Enviaram-me um produto partido, nada a ver com o anunciado"

Desde óculos de má qualidade a lâminas de barbear que não funcionam, os clientes estão a acusar a empresa, que afirma estar sediada na Catalunha mas que está ligada a uma entidade chinesa, de recusar devoluções.

Juan Manuel Del Olmo

Uma mulher, perturbada depois de descobrir que não pode devolver um artigo à Wolahome / FREEPIK

A Wolahome é uma empresa que vende pela internet produtos de diversos âmbitos, desde batons e artigos de beleza e saúde a cadeiras de gaming , ferramentas de jardinagem ou brinquedos. A maioria dos artigos são económicos, embora também não sejam baratos. Por seu lado, o sítio Web é vulgar, pouco inspirado e pouco inspirador, mas também não é demasiado suspeito.

Dizem ter "mais de 30.000 clientes satisfeitos", ainda que é possível que o número de utilizadores insatisfeitos se aproxime mais a essa cifra que o de satisfeitos. María Eugenia Rojas encontra-se entre os decepcionados. Ela optou por fazer uma compra na Wolahome movida pela sua publicidade. "Sempre que entrava no meu Facebook, aparecia-me a sua publicidade, a mesma que aparecia no Pinterest e também no jogo Cookie Jam. Como têm uma publicidade atraente, cliquei e entrei no seu site", indica a este meio.

Óculos de 30 euros

Assim, a 30 de agosto comprou uns óculos de leitura, mais especificamente o modelo Zoom Smart 2 em 1. Por elas pagou, contra reembolso, 29,99 euros. Não obstante, Rojas denúncia que os que chegaram, seis dias depois, não lhe servem para nada. "Na loja dos chineses, esses óculos custam 3 euros", considera.

Por isso, tentou devolvê-los ligando repetidamente ao número que aparece no site, mas "ninguém atende". Rojas afirma que também enviou mails, e, "após insistir e denunciar nas páginas que encontrei", responderam de forma muito sucinta: "Bom dia informamos que este produto não pode ser trocado ou devolvido". Ponto final.

Aspecto do site da Wolahome / CG

"São uns fraudadores profissionais"

No Google há umas 40 avaliações sobre a Wolahome, a maioria muito más. "São uns fraudadores profissionais. Enviaram-me um produto partido e nada a ver com o anunciado. Devolvi-o no dia seguinte com o mesmo mensageiro, GLS, tive que pagar 8€ e após quase um mês continuo na mesma e sem receber nenhum tipo de reembolso. Enviei-lhes até 14 e-mails e recebo sempre respostas genéricas sem atender às minhas petições", denunciava um afectado.

"Ponho uma estrela porque não posso dar menos, eles enganaram-nos completamente, não oferecem nenhuma garantia nem de ticket, nem de comprovativo de compra, para que não possas reclamar. Pedimos uma máquina de barbear, que era uma fraude e por 30€! Contra reembolso, não há ticket, têm o cuidado de não enviar nada por escrito. Quando nos chegou é que nem funcionava", clamava outro comprador no Trustpilot. Neste fórum também há quem denuncie que o seu produto não era "nem parecido ao que publicam" e que "o pacote chegou todo amassado". A impossibilidade de devolver os produtos é uma crítica unânime.

Um consumidor, irritado fala pelo telefone / PEXELS

Política de devoluções

No site da empresa, Wolahome cobre as costas a este respeito. O primeiro parágrafo da secção de Política de Devoluções faz pensar que não terá problemas, já que se menciona o prazo legal de 14 dias. Não obstante, depois acrescentam que "os produtos que foram personalizados não podem ser reembolsados ou trocados". Os artigos não reembolsáveis incluem "artigos comprados através de retalhistas, produtos incorretos comprados e produtos danificados devido ao mau uso dos clientes", acrescentam. Para piorar a situação, a Wolahome acrescenta que se reserva o direito de "recusar qualquer devolução".

Origem da empresa

"A Wolahome nasce em 2016, pela mão de um casal de jovens empreendedores com famílias dedicadas ao comércio retalhista de produtos de âmbito local", proclamam. Também dizem que a companhia "tem o objectivo de ser uma das empresas de comércio electrónico com maior crescimento em Espanha durante o ano 2020".

Uma rapariga, frustrada em frente ao computador / PEXELS

Não obstante, este âmbito local parece diluir-se ao ler, a seguir, que Wolahome pertence à empresa Susanbro Co, uma companhia com sede em Hong Kong. A Susanbro estaria aliada, neste caso, com Sergar Ecom, sociedade de responsabilidade limitada com sede em Canet de Mar (Barcelona) que também está por trás de outros sites suspeitos. Para esclarecer qual é a sede da empresa e por que enviam produtos diferentes aos que os consumidores asseguram ter comprado, este meio pôs-se em contacto com a Wolahome, mas, até ao termo desta reportagem, não obteve resposta.