Deixar de fumar não é fácil, mas é possível se segues estes conselhos

Para dizer adeus ao tabagismo é necessário, como indica o chefe do serviço de pneumologia do Hospital Universitari Geral da Catalunha, determinação real e acompanhamento psicológico

Uma pessoa que quer deixar de fumar recusa um maço de cigarros / PIXABAY
Uma pessoa que quer deixar de fumar recusa um maço de cigarros / PIXABAY

Segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos mais de 8 milhões de pessoas falecem por causa do tabaco, dos quais 1,2 milhões são não fumadores expostos ao fumo alheio. Por isso, deixar de fumar é, a par com ir ao gimnasio e comer melhor, um dos grandes propósitos que se apontam em todas as listas a cada novo ano. Não é tarefa fácil, apesar de que das administrações públicas se tenta ajudar: Previdência financia, desde 1 de fevereiro, Todacitan (citisina), um fármaco que ajuda e acalma a ansiedade gerada pelo abandona do hábito, mas não é uma fórmula mágica.

No entanto, é possível conseguí-lo se se seguem com determinação umas pautas e conta-se com ajuda de profissionais, tal como diz o doutor Antoni Torres, chefe do serviço de pneumologia do Hospital Universitari Geral de Catalunha, do grupo QuirónSalud. A sua primeira e principal indicação é que, quem o queira deixar, deve ter tomado realmente a firme decisão do fazer. "Caso contrário é praticamente impossível que funcione e mais tarde ou mais cedo terá uma recaída", diz.

Comunicar a decisão ao meio

Além disso, este especialista explica que o meio e a atividade social são factores importantíssimos no sucesso ou falhanço da desabituação do tabaco e influirão, sobretudo, se a decisão de deixar de fumar não é firme. "É fundamental comunicar e envolver a família e os amigos na decisão de deixar de fumar", explica.

Un hombre con un cigarrillo / PIXABAY
Um homem com um cigarro / PIXABAY

Por outro lado, deixar de fumar representa um desafia que cada pessoa vive e racionaliza de uma forma, pelo que não existem prazos universais. Contudo, o Dr. Torres sublinha que os tempos dependem, de novo, "de quando e porque o indivíduo tomou a decisão de deixar o tabaco". A denominada síndrome de abstinencia, detalha, acostuma durar uns 14-21 dias.

O problema das recaídas

"As sensações durante este período costumam ser a principal causa para voltar a fumar. É frequente que a vontade de fumar prevaleça durante bastante tempo, ainda que cada vez com menor frequência e intensidade. As sensações, digamos incómodas, da desabituação do tabaco são temporárias enquanto as vantagens de deixar de fumar na nossa saúde são para toda a vida", relata este perito.

Além das evidentes e primordiais razões de saúde que comporta superar este vício, algumas pessoas estão motivadas a tentar fazê-lo com o dinheiro que poupam ao não comprarem pacotes. Segundo um estudo realizado pela YouGov, 30% dos fumadores espanhóis gastava entre 5 a 10 euros em cigarros por semana, enquanto 4% desembolsa uma quantidade superior a 50 euros.

Un estanco / JESÚS HELLÍN - EP
Uma tabacaria / JESÚS HELLÍN - EP

As mulheres, menos dependentes da nicotina

A experiência pessoal do Dr. Torres indica que deixar de fumar resulta mais difícil aos homens que às mulheres. "Há que considerar a incorporação da variável do sexo tanto na prevenção como no tratamento para deixar de fumar já que em ambos os casos os condicionantes são diferentes. As mulheres acostumam consumir menos cigarros e são também menos dependentes da nicotina que os homens", admite.

Há dados que podem elevar a motivação: o Dr. Torres precisa que, conquanto o tabagismo é um dos vícios mais difíceis de ultrapassar, um terço das pessoas que decidem deixar de fumar o consegue. "Deslizes ou recaídas devem enfrentar-se com ajuda ou apoio profissional. Tem que se falar com o médico ou psicólogo que esteja a tutelar o processo de desabituação o antes possível com o objectivo de iniciar a terapia de resgate de forma imediata", argumenta.

Deixar de fumar engorda

À volta do processo de deixar de fumar há muitos mitos, mas também algumas certezas. O Dr. Torres reconhece que deixar de fumar pode implicar subir de peso: "alguns efeitos da nicotina são que acelera o metabolismo e aumenta o número de calorías que o organismo precisa em repouso e utiliza-as para eliminar as toxinas procedentes do fumo. Por isso, deixar de fumar deve ser devidamente planeado do ponto de vista nutricional e de exercício físico para compensar a carência deste nocivo produto", defende.

Una mujer hace ejercicio en ayunas a primera hora de la mañana / FREEPIK
Uma mulher faz exercício / FREEPIK

Não existem, crê este médico, nenhum alimento específico que possa ajudar a parar, mas sim um quadro geral: "Sim pode-se recorrer a iniciar uma mudança de hábitos, basicamente naqueles momentos nos quais se costumava a fumar um cigarro. Também acompanhando o processo de desabituação seria interessante realizar atividade física". Isto é, que prescindir ou transformar esses momentos associados a fumar (o café após a refeição, por exemplo) pode ajudar a dizer adeus aos cigarros.

Nada de cigarros electrónicos

O que não é boa ideia é considerar os vapers ou vapeadores como uma alternativa admissível, nem sequer de forma transitória. "Os cigarros electrónicos também contêm substâncias químicas nocivas e tóxicas, entre elas a nicotina. As pessoas que consomem este tipo de cigarros inalam estas substâncias que chegam aos seus pulmões. Já se conhece que os vapers podem provocar doenças pulmonares", argumenta o Dr. Torres.

Definitivamente, ainda que cada pessoa tenha uma motivação diferente para deixar de fumar, o pneumologista recalça que para manter este afirme propósito "é preciso acompanhamento por parte do psicólogo e uma educação sanitária contínua".

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