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Décimas (e outras lojas) rajan prenda-las com taras para que ninguém as possa reaprovechar
A corrente de moda desportiva, e outros locais como a zapatería valenciana Ulanka, realizam está prática contrária à lei de resíduos, que proíbe a destruição do que não se venda
"Na loja de Décimas onde trabalho, no final do mês passado, o encarregado lhe pediu a minha colega que rajara as prendas que tinham uma tara para que ninguém as pudesse aproveitar. É uma vergonha", revela a Consumidor Global um empregado desta corrente de moda desportiva que, por razões óbvias, prefere permanecer no anonimato.
Décimas nem come nem deixa comer. Se não se pode vender, ninguém mais o pode utilizar. "Isto se faz com prendas que se consideram defeituosas. Mas há taras e taras", assinala a mesma fonte. "É verdade que uma vez, tentaram roubar uma t-shirt e ao sacar o alarme a furaram. Mas, temos atirado umas sapatilhas que devolveu um cliente porque um pé lhe apertava mais que outro. Rajado e no lixo acabou", relata.
É uma prática "diária"
"É que poder-se-iam doar ou no-las ficar nós. Não, temos que as romper com uma tijera e atirar ao lixo. É incrível", queixa-se o trabalhador que explica que este polémico procedimento se efectua dantes de fazer o inventário, pois é quando se retiram as prendas que não se possam contar no estoque. "Mas se poderia dizer que é uma prática diária já que sempre que chega uma tara e a metes na caixa, fica até que se raja", sublinha.
As outras lojas
"Que generosos, que deixam sapatilhas para que a gente as apanhe. Ai não, que as rajan para que ninguém possa se levar artigos a casa que estão em perfeito estado. Isto é uma barbaridad e já vos adianto que não tenho sido o único que o viu porque tinha várias pessoas alucinando com a situação", explica o jovem em sua conta pessoal. Numa das respostas, outra das utentes destaca que "em certa multinacional francesa de desportos também nos mandavam rajar sapatos e pelotas que não serviam por defeitos".
Por outro lado, Amazon destrói a cada dia em Espanha milhares de produtos sem vender que procedem de devoluções, com alguma pequena tara, tal e como desvelou EPE. De facto, a companhia estadounidense reconheceu então que a gestão de devoluções e produtos não vendidos é "um desafio", ao mesmo tempo em que fontes solventes da indústria reconheceram que a destruição é muito habitual.
Geram pior imagem
Neus Costumar, professora de marketing na Universitat Oberta de Cataluña (UOC), explica a Consumidor Global que estes estabelecimentos não querem que estas prendas cheguem ao mercadillo, pois desprestigia a marca. "Mas, não há desculpa. Com a economia circular têm chegado opções que permitem aproveitar ou dar uma segunda vida ao produto sem que chegue ao mercadillo", puntualiza a experiente.
"Neste sentido, a estas empresas convir-lhes-ia dar-lhe uma volta ao assunto, porque se fá-lo por um tema de imagem, a estas alturas do filme em que a sociedade exige uns mínimos às empresas, geram pior imagem com esta política interna", argumenta Costumar.
A lei de resíduos
Por outro lado, a Lei de Resíduos e Solos Contaminados, aprovada pelo Congresso no passado mês de abril, obriga a estabelecer sistemas separados de recolhida de resíduos têxteis dantes de 2025 e proíbe a destruição de excedentes.
A nova norma estabelece que "fica proibida a destruição de excedentes não vendidos de produtos não perecíveis tais como têxteis, brinquedos, aparelhos eléctricos, entre outros". Estes excedentes deverão destinar-se primeiro a canais de reutilização, como a doação, e "quando isto não seja possível, à preparação para a reutilização".
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