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A decepção com Dakotabox ao não poder trocar as caixas em nenhum hotel: "É uma tomadura de cabelo"

Esta empresa presume de oferecer "mais de 75.000 experiências para qualquer ocasião", mas os clientes denunciam as dificuldades para conseguí-las

Juan Manuel Del Olmo

enfado

Quiçá o primeiro, ou ao menos um dos mais famosos entre os primeiros, seja o Cavalo de Troya: um presente envenenado, uma dádiva que vinha com armadilha porque não agasajaba aos troyanos, sina que permitia aos gregos colarse na cidade para a tomar desde dentro. Hoje, um presente envenenado pode ser um chamariz, um falso presente, uma casa a preço irrisorio que resulta estar cochambrosa, um carro de segunda mão cascado mas resultón ou um obsequio que se outorga a outra pessoa com boa intenção, mas termina ocasionando mais mau que bem. Para muitos clientes, Dakotabox vende presentes envenenados.

Trata-se de uma empresa que nasceu, segundo descreve no site, "faz vinte anos de uma verdadeira paixão na que um grupo de homens percorria os rincões de Espanha em procura de lugares desconhecidos e insólitos". Mas, para muitos clientes, o insólito é conseguir um hotel, um restaurante ou um balneario onde trocar sua '"caixa presenteio"'; e a experiência, mais que uma "deliciosa desconexão", uma "viagem de evasão" ou uma escapada romântica para duas; é uma retahíla de negativas e rejeições.

"Missão impossível"

Estrela Mateo conta a Consumidor Global que trocar uma caixa de DakotaBox é "missão impossível". Ela leva mais de dois anos o tentando, com a dificuldade acrescentada de contactar com a empresa quando o bono está a ponto caducar: correios, correios e mais correios. Agora Mateo só tem disponíveis uns "20 hotéis em toda Espanha". Com tudo, estende suas críticas a todas as empresas similares: "Tenho caixas de cinco plataformas diferentes, entre elas WonderBox e Dakotabox, e nunca as pude trocar".

Aspecto do site de Dakotabox / DAKOTABOX

Esta afectada se hartó de chamar e receber negativas, de modo que tentou saber por que ocorria aquilo. "Primeiro chamava e os hotéis davam-me longas quando dizia que queria trocar o vale de Dakota: que se não podiam, que se o tinham todo ocupado… Passados uns dias chamava sem dizer que tinha um cofre, e então não tinha problema para conseguir uma habitação", assinala. Mateo acha que a explicação a esta contradição está em que as plataformas assinam contratos com os estabelecimentos e os segundos não sempre sabem que se vão renovar automaticamente decorrido um verdadeiro prazo, quando as tarifas também têm mudado. "Fazem armadilhas aos próprios hotéis com a letra pequena", considera.

Rejeição dos hotéis

A Fita Torres e a seu marido presentearam-lhes uma caixa de Dakotabox quando se casaram em 2018. Ao pouco tempo puseram-se em contacto com um hotel para ir em Semana Santa "e logicamente disseram-nos que não podia ser porque era temporada alta, coisa totalmente aceitável", relata. Olharam então outras opções "para ir qualquer finde normal" e a maioria de hotéis, conta, "davam-nos um não por resposta ou nos diziam que já não trabalhavam com essa marca, pelo que nos caducó a caixa de Dakotabox".

Vistas desde uma habitação de hotel / PEXELS

Apesar do tropezón, renovaram o bono e rebajaron o listón, falando inclusive com hotéis situados para perto de a cidade na que vivem. "Sempre era o mesmo, 'não trabalhamos' com eles ou 'não se pode, estamos cheios'. Ao final voltou-nos a caducar. Pus-me em contacto com a empresa porque já não podia o renovar mais e ao princípio me disseram praticamente que má sorte". Isso, reconhece Torres, a enfadou muito, já que tinham decorrido cinco anos nos que não se tinha podido utilizar o presente e se tinha perdido o dinheiro de um artigo destinado, em teoria, ao desfrute.

Um telefone de pagamento para solucionar uma incidência

Torres também conta que, quando lhes caducó sem possibilidade de renovação, contactou com Dakotabox e lhe fizeram chamar a um telefone 902 para o solucionar. "Tiveram-nos 10 minutos em espera, imagina o que subiu a factura do telefone nesse mês", acrescenta. Ao final conseguiu que desde Dakotabox renovassem a caixa com um código novo. "Pelo momento ainda não tenho provado se posso reservar em algum lugar ou não, mas temos a esperança totalmente perdida", admite.

Uma mulher chama por telefone / UNSPLASH

As razões, supõe Torres, são económicas: "Logicamente podem ou devem ganhar mais dinheiro com um cliente 'normal' que com uma pessoa que vá com um livro destes, quiçá o acordo com Dakotabox seja mais baixo", aventura. Seja como for, acrescenta que lhe parece "um desastre total e realmente uma tomadura de cabelo". Assim as coisas, faz pouco Torres e seu marido lhe presentearam uma viagem a seus pais, mas descartando totalmente aos intermediários. "Temos falado directamente com os hotéis", diz, porque optar pelas caixas de presente "à hora da verdade é uma dor de cabeça".

Decepção generalizada

No foro de valorações Trustpilot há mais de 110 opiniões sobre esta empresa, com críticas muito negativas. "Muito decepcionados", escreve uma utente que também não pôde utilizar suas caixas, primeiro pela pandemia e depois pela negativa dos hotéis. Outros elevam o tom: "É uma fraude. Impossível reservar nada ao preço da caixa, sempre um suplemento de mínimo 55€ e, se não, não te aceitam nenhuma reserva", escreve outra pessoa insatisfeita.

Uma 'suite' / PEXELS

Este meio pôs-se em contacto com Dakotabox para conhecer seu ponto de vista sobre estas incidências, mas, ao termo desta reportagem, não tem obtido resposta.